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luta contra ajustes na USP | Trabalhadores fazem um chamado ao Congresso dos Estudantes da USP

sexta-feira 2 de outubro de 2015 | 00:00

Em meio ao processo de resistência dos trabalhadores da Prefeitura da USP ao desmonte da Universidade de São Paulo, a assembleia geral aprovou uma delegação para levar uma carta ao XII Congresso dos Estudantes da USP fazendo um chamado à unificação das lutas para defender a Universidade Pública.

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CARTA AO CONGRESSO DOS ESTUDANTES DA USP

Companheiras e companheiros,
Estamos em um momento de luta e escrevemos para fazer um chamado.

Como vocês sabem, seguindo o mesmo caminho dos governos federal e estadual, a reitoria da USP tem realizado um processo de desmonte sob o argumento da crise. Para citar alguns dos exemplos, a reitoria fechou as vagas nas creches e declarou a intenção de extingui-las, fechou leitos (inclusive da UTI) e serviços do Hospital Universitário, fechou um dos restaurantes e terceirizou a janta em Ribeirão, cortou as verbas das unidades de ensino e várias bolsas de pesquisa, congelou as contratações de funcionários e professores e quer acabar com o regime de docência com dedicação exclusiva ao ensino e pesquisa. Em entrevista recente, Zago declarou que houve 1857 demissões nos últimos dois anos e que, depois de tudo isso, ainda haveria “muita gordura para queimar”, deixando evidente que pretende aprofundar esse processo.

Com esse objetivo declarado, a reitoria determinou uma série de transferências de funcionários da Prefeitura do Campus da Capital para outros locais e para outros órgãos, e a construção de um muro dividindo essa unidade. Essas medidas implicam a saída de mais de cem trabalhadores da Prefeitura, quase metade do seu total atual. Os trabalhadores dessa unidade têm protagonizado as greves e a luta em defesa da universidade nas últimas décadas, e esse desmonte radical de uma das unidades mais mobilizadas da universidade, dividindo os trabalhadores, prepara demissões e facilita os demais ataques.

Todas essas medidas atingem tanto os trabalhadores como os estudantes e professores, levando a uma universidade que funciona com base no trabalho semi-escravo das empresas terceirizadas, na qual as estudantes mães não terão creches para deixar seus filhos e poderem estudar e os alunos mais necessitados não terão condições de permanência estudantil. A formação dos cursos de saúde e o atendimento a população serão extremamente prejudicados com a destruição do HU e dos demais serviços de extensão, e os cursos sem apelo mercadológico sofrerão com salas lotadas, contratos temporários de docentes, falta de matérias e de condições por conta da falta de verbas e da clara orientação para que as unidades busquem seu próprio financiamento através da iniciativa privada.

Fazem tudo isso com o discurso de corte de gastos que atravessa todo o país, enquanto estão afundados nos escândalos de corrupção e nos esquemas das empresas terceirizadas e fundações privadas, como o caso recentemente denunciado de professores que dirigem projetos na FUSP e contratos a si mesmos para realizar serviços encomendados pela Petrobrás em convênios de vários milhões de reais. E quando resistimos dizem que somos nós os criminosos, inclusive com novos processos pedindo na justiça a demissão de diretores do sindicato, como Pablito e Zelito, por participação em manifestação em defesa das cotas, junto aos estudantes. Com a presença cada vez maior da PM na USP e a implementação sem nenhuma discussão do plano Koban a reitoria deixa claro que a única resposta aos que lutam é a repressão.

Por isso, enquanto cortam, se negam a mostrar as contas da universidade e das fundações. Se disciplinam pela política de corte de gastos do governo e se negam a exigir o financiamento público necessário. E por isso negam qualquer debate democrático sobre o estatuto da universidade, preparando agora uma nova estratégia para modificá-lo de acordo com seus interesses, da maneira mais fechada e autoritária possível, enquanto usam o Conselho Universitário como bem entendem, aprovando medidas absurdas como a desvinculação do HRAC e processando as vozes que se levantam contra esses absurdos lá dentro, como ocorreu com três Representantes Discentes esse ano.

A urgência da reitoria em desmontar a Prefeitura essa semana, determinando o corte dos salários antes mesmo da paralisação, mostra como ela quer abrir caminho para preparar um salto nesse processo. Por isso decidimos que já não podemos mais adiar a nossa entrada em luta.

Nosso chamado é para que essa luta seja conjunta. Para discutirmos, frente a todos esses ataques que atingem a todos nós, os pontos em torno dos quais podemos nos unificar, como fizemos outras vezes, alcançando uma força muito maior! Aqui falamos das medidas que achamos urgentes serem barradas, e reivindicações pelas quais viemos lutando, e queremos defender juntos todas as reivindicações de luta que os estudantes aprovarem.

Aprovamos uma paralisação geral para o dia 15/10. Escolhemos essa data por sabermos que os estudantes estão preparando um dia de luta nela, e queremos nos unificar. E aprovamos um indicativo de greve que avaliaremos nesse dia.

Chamamos os estudantes para juntos construirmos essa luta!
Viva a aliança entre trabalhadores e estudantes!




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