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REABERTURA INSEGURA DAS ESCOLAS | Trabalhadores da educação em greve contra retorno inseguro de Kalil fazem carta à comunidade

Trabalhadores da educação de BH em grevesanitária fazem carta explicando os motivos e as reivindicações da categoria. Veja a carta na íntegra.

quinta-feira 29 de abril de 2021 | Edição do dia

Foto: Reprodução/TV Globo

Em greve desde o dia 26/04, trabalhadores da rede municipal de educação de Belo Horizonte fizeram uma carta para explicar à comunidade escolar os motivos de sua greve sanitária e as reivindicações da categoria. Os trabalhadores terceirizados da mesma rede farão uma paralisação no próximo dia 3, por vacina para efetivo e terceirizados e contra o retorno inseguro.

O Esquerda Diário apoia e se soma às medidas de solidariedade a essa greve, defendendo vacina para todos e que os trabalhadores e a comunidade escolar decidam sobre o retorno.

Veja a carta na íntegra:

CARTA ÀS COMUNIDADES ESCOLARES

Senhores pais/mães/responsáveis,

Nós, Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Ensino de Belo Horizonte, representados pelo Sind-REDE/BH, entendemos o quanto o fechamento das escolas afeta a vida das crianças, dos jovens, das famílias, mas não podemos desconsiderar o fato de que uma grave pandemia nos assola de forma avassaladora e entendemos que não é o momento de retornar. Entretanto, apesar de todos os nossos esforços em dialogar com a Prefeitura de Belo Horizonte, a mesma decretou, de forma unilateral, o retorno às aulas a partir do dia 03 de maio.

Muitos setores como o Sindicato dos Donos de Escolas Particulares e alguns vereadores têm exigido o retorno às aulas sem consultar as Escolas as Comunidades Escolares e os Trabalhadores da Educação. Os índices epidemiológicos estão muito elevados e os leitos de UTI estão superlotados, assim como as enfermarias dos hospitais no país inteiro.

A escola é um espaço de muito contato e, para que haja um retorno seguro, é preciso ter um controle do índice de contaminação da pandemia. De acordo com o Comitê de Combate à Covid-19 em Belo Horizonte, este índice seria de no máximo 20 novos contaminados para cada 100.000 pessoas, mas hoje o número é de 276 para cada 100.000. Por isso, os trabalhadores em educação da Rede Pública Municipal votaram pela GREVE SANITÁRIA PELA VIDA a partir de 26 /04.

Para conseguirmos chegar no índice apontado pelos técnicos, sem o risco de retroceder em todos os esforços acumulados até aqui, a campanha de vacinação precisa ser bastante ampliada, o que ainda não aconteceu. Além disso, mesmo com a pandemia controlada, as escolas precisam estar preparadas fisicamente para receber os estudantes. As janelas precisam ser ampliadas para que haja mais ventilação; os espaços abertos têm que ser adaptados para o uso das crianças; é preciso haver pias e banheiros suficientes para manter a higiene sem aglomeração; as cantinas devem ser ampliadas, dentre diversas outras medidas que ainda não saíram do papel. Junto a isso, é imprescindível que haja garantia de material de higienização e de proteção individual para estudantes e trabalhadores. Hoje essas condições não existem ou são insuficientes.

As aulas presenciais são imprescindíveis, mas neste momento, aglomerar as crianças dentro das escolas aumentará a circulação do vírus e, consequentemente, os índices de contaminação na cidade, podendo levar ao colapso do Sistema Único de Saúde (SUS). Crianças também transmitem o vírus e adoecem, portanto, seria um atentado contra a vida, submetê-las ao retorno presencial neste momento.

Nossa luta agora deve ser pela vacina para todos; para que o poder público garanta a estrutura necessária para que possamos alcançar nossos estudantes por meio do ensino remoto; por mais investimento em Educação desde já, a fim de que quando possamos de fato ter um retorno seguro, o impacto causado por esse longo período de escolas fechadas seja minimizado; para que os governos garantam o amparo para aqueles que se encontram em maior vulnerabilidade social, com o auxílio emergencial, socorro aos micro e pequenos empresários; garantia de cesta básica; auxílio gás e acompanhamento social das famílias através de uma ação combinada da Educação, Assistência Social e Saúde.

Sem o controle da pandemia e sem a vacinação ampla da população, não poderemos retornar com segurança para as escolas. Não podemos arriscar a vida das crianças, dos seus familiares e dos trabalhadores em educação. Por isso, foi deflagrada a greve sanitária. Pedimos mais uma vez a compreensão e o apoio das famílias para que não enviem seus filhos às EMEI’s a partir do dia 03/05. Nos ajudem a exigir da Prefeitura de Belo Horizonte condições para que o ensino remoto possa acontecer de forma mais efetiva e que a vida dos estudantes, dos pais e dos trabalhadores esteja em primeiro lugar.

GREVE SANITÁRIA, PELA VIDA DA COMUNIDADE ESCOLAR!

Aulas se recuperam! Vidas não!

Trabalhadores em Educação da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte em Greve Sanitária

Veja também: “Falta salário, enquanto a escola permanece lucrando" denuncia professora de rede privada




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