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SP: CULTURA | Trabalhadores da cultura de SP realizam ato contra os cortes de Doria

Artistas, educadores e coletivos de arte realizaram na tarde desta quarta-feira (10) ato unificado da cultura, chamado pela FEC (Frente Estadual de Cultura), Cooperativa Paulista de teatro e SATED. É urgente que os trabalhadores da cultura tomem por assalto os sindicatos, lutando lado a lado com a classe trabalhadora.

quinta-feira 11 de abril de 2019 | Edição do dia

Artistas, educadores e coletivos de arte realizaram na tarde de quarta-feira (10) ato unificado da cultura, chamado pela FEC (Frente Estadual de Cultura), Cooperativa Paulista de teatro e SATED. Segundo declaração em rede social, Rudifran Pompeu, presidente da Cooperativa, declarou : “O ato unificado da cultura que levamos hoje para o "quintal " da secretaria de cultura e economia criativa do estado, fez com que o secretário Sérgio Sá Leitão viesse ao microfone e se comprometesse publicamente que não acontecerá nenhum corte na cultura e que nenhum equipamento será fechado...Se a palavra for cumprida eu acho que foi uma boa luta e, portanto uma pequena grande vitória do movimento...A luta segue!”

Como já relatamos aqui, não é de hoje que a cultura enfrenta um verdadeiro sucateamento e o efeito dominó só vem se aprofundando: em 2010, o orçamento equivalia a 0,71% do orçamento total; em 2014, 0,57%; em 2016, 0,40%; e, em 2019, a previsão é de 0,35%. Em 2018, a verba para a área foi de R$ 758 milhões; em 2019, originalmente foram destinados à pasta R$ 647,2 milhões, mas com o contingenciamento de 22,95% anunciado pelo governo, o valor é reduzido em cerca de R$ 148 milhões, chegando a R$ 498,7 milhões.

Foi aberta a polêmica sobre o corte, à partir de declaração do governador eleito, João Doria, sobre o contingenciamento de verba. Tal medida acarretará no fechamento de diversos espaços, tais quais Pinacoteca do Estado, Theatro São Pedro, Museu Afro Brasil, MIS. Oficinas também serão afetadas e a previsão é que mais de 500 trabalhadores sejam demitidos e cerca de 3.600 alunos deixem de ser atendidos. Trocando em miúdos: a política privatista do tucano João Dória não deixa de fora os aparelhos públicos e os projetos de cultura, visando também por intermédio dessa grande máscara da “cultura criativa”, encher mais ainda as prateleiras da indústria cultural e o bolso dos capitalistas.

Diante da reação de setores da cultura, que desarticuladamente, acabaram por chamar atos dispersos, o tucano em pronunciamento, afirmou do alto de sua hipocrisia, que nenhum projeto será cortado e nenhum espaço será fechado, como se isso fosse alguma garantia de que não haja ainda mais sucateamento e desmonte. Pelo contrário: não se trata somente de orçamento, mas de qual política está por trás dessa Secretária de Cultura e Economia Criativa.

Muito embora seja de fato fundamental que os setores mais diversos da cultura lutem contra os cortes, congelamentos e desmonte de projetos, é essencial que as cooperativas e o sindicato sejam cada vez mais aparatos de organização das lutas dos artistas, educadores, técnicos e trabalhadores da cultura. É incompreensível que qualquer tentativa de organização passe por fora da construção solidificada de um movimento que tenha como eixo a luta de classes. O legado reformista do petismo já nos deixou marcas profundas que precisam agora mais que antes, de um combate organizado e enraizado profundamente no marxismo.

Que o SATED convoque assembleias, organize comitês e frentes de luta contra Bolsonaro!

Na página do SATED (Sindicato de artistas, técnicos de espetáculos e diversões) há uma postagem sobre o ato: Em ato contra os cortes no orçamento da cultura no estado, o SATED esteve presente junto a outros movimentos culturais, estudantes e arte educadores. O secretário Sérgio de Sá Leitão desceu para se pronunciar e se comprometeu com o descontigenciamento da verba. “Não haverá cortes no orçamento da cultura. Isso está sacramentado, tá resolvido. E agora a Secretaria da Fazenda está preparando o decreto do descontigenciamento dos recursos da secretaria e deve sair nos próximos dias. As equipes técnicas tanto da Secretaria de Cultura como da Fazenda já chegaram num acordo, a fonte dos recursos já foi identificada. É uma questão apenas do ato formal sair”. Aguardemos e permaneçamos mobilizados.
#satedspnaluta
#satedsp

Não será através da confiança em leis de incentivo insuficientes e de falsas promessas da burguesia e dos capitalistas que tomaremos por assalto o direito à Cultura que pertence a cada jovem, mulher, negro, LGBT, criança e trabalhador. É sim ombro a ombro com cada um destes setores, organizando frentes de luta contra Bolsonaro e seus ataques, que de fato rumaremos à uma arte de fato livre. Não há sequer horizonte possível que aponte para libertação da arte por dentro do capitalismo! Enquanto imperar a lógica da mercadoria e do lucro, haverá arte na prateleira e com código de barras. Haverá vitrine e moldura. É um extremo absurdo que não se discuta sobre os impactos da reforma da previdência. Que passem por fora de nossas pautas os ataques de Bolsonaro, como se a realidade dos “artistas” fizesse parte de algo etéreo desligado da realidade material que se impõe.

Portanto, não há também saída pela via da passividade e da conciliação. Urge, sobretudo nesses tempos, que os trabalhadores da cultura tomem por assalto os sindicatos, lutando lado a lado com a classe trabalhadora. Que os aparelhos públicos de cultura sejam geridos pela população, que ampliemos a visão rumo a uma prática organizada e combativa, em cada local de estudo, de trabalho e em nossas salas de ensaio, que seja a luta de classes o motor e a inspiração.

Imagens: SATED SP




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