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Trabalhadores da USP: É preciso unificar as lutas contra a reforma da previdência e os cortes de Bolsonaro rumo a greve geral do dia 14/6

As marchas do 15M levaram as ruas milhões de estudantes e trabalhadores contra os ataques a educação e a Reforma da Previdência. O despertar da juventude em luta pelo seu futuro foi um sopro de esperança frente aos ataques do governo Bolsonaro. Na USP, com um movimento estudantil em ebulição, os trabalhadores devem discutir os rumos da luta, buscando unidade para derrotar os ataques à educação e a reforma da previdência.

segunda-feira 27 de maio de 2019 | Edição do dia

Foram mais de um milhão nas ruas em todo país no dia 15 de maio. Na USP foi uma forte paralisação de estudantes de mais de 40 unidades de ensino. Os trabalhadores também atenderam ao chamado à greve nacional da educação contra a reforma, colocando também suas forças em função de derrotar os cortes na educação, contra a chantagem do ministro da educação Abraham Weintraub que quer trocar a aprovação da reforma pelo fim dos cortes. Desde o início da manhã do dia 15, com o fechamento do a Rua Alvarenga, protagonizado por trabalhadores e com apoio de diversos estudantes, em seguida a marcha pela avenida Rebouças e o ato no Masp até a Alesp, o movimento Nossa Classe, junto a juventude Faísca, impulsionados pelo MRT, esteve batalhando para que não se separassem as lutas.

Diante da enorme disposição da juventude em lutar pelo seu futuro, nas assembleias estudantis e de trabalhadores viemos batalhando para que se aprovasse o chamado às centrais sindicais para que antecipassem o chamado para greve geral contra a reforma da previdência para o 30 de maio, onde está sendo convocado uma nova jornada de atos e mobilizações contra os cortes na educação. Seguimos batalhando para que o dia 14 de junho, dia da greve geral contra a reforma, seja construído com força pelas centrais desde a base com assembleias em todos os locais de trabalho. A juventude que está em luta pode ser a faísca a incendiar o movimento de trabalhadores, para que este entre em cena com toda sua força.

No dia 14 de junho há um chamado a uma greve geral contra a reforma da previdência da qual a classe trabalhadora precisa entrar em cena com toda a sua força. Essa é uma luta central contra o governo que quer descontar sobre nós a crise econômica para garantir as altas taxas de lucro e o pagamento da dívida pública. Mas para isso, é preciso que essas centrais organizem a luta, com assembleias em todos os locais de trabalho e que busquem unificar com as demandas dos estudantes em defesa da educação contra os cortes

A convocação do dia 30 de maio, feita pela UNE que é dirigida pelo PT e PCdoB, chama a um novo dia de mobilização contra os cortes do governo Bolsonaro. No entanto, o chamado não propõe unificar com a luta contra a reforma da previdência, nem denuncia a chantagem do governo em rifar o futuro da juventude e dos trabalhadores com a reforma. Isso porque há uma clara divisão de tarefas desses partidos, comprometidos com os interesses da burguesia. Rui Costa do PT e governador da Bahia chegou a defender a cobrança de mensalidades, além de estar junto aos governadores do PT no Nordeste defendendo a necessidade de uma reforma, que não é a mesma de Bolsonaro, mas que ataca os trabalhadores em prol dos lucros dos empresários e do imperialismo. Se no congresso o PT faz demagogia, no governo atua em prol de medidas reacionárias que atacam a juventude e os trabalhadores e nas organizações como a CUT e a UNE separam as lutas e negociam nossos direitos e são o freio da luta. O PCdo B de Manuela D’Ávila chegou ao cúmulo de apoiar a eleição de Rodrigo Maia, do DEM, o grande articulador da reforma da previdência, para a presidência da câmara de deputados.

As centrais sindicais ao não anteciparem as lutas, chamando um dia de paralisação nacional para o dia 30 junto a juventude, deixaram claro que, embora tivessem plena condição de fazê-lo, não têm interesse em unificar as lutas. Um exemplo da política traidora dessas direções é a Força Sindical, dirigida pelo deputado Paulinho da Força, que escandalosamente defende desidratar a reforma, buscando negociar com Rodrigo Maia os direitos dos trabalhadores em troca da queda da MP 873 que ataca a contribuição sindical. Também a UGT tem abertamente defendido a necessidade de aprovação da reforma, retirando-se um ou outro ponto do papel. Unir as pautas numa paralisação nacional é fundamental para fortalecer a unidade entre estudantes e trabalhadores e assim a luta contra os ataques neoliberais do governo.

O mês de maio é a data-base dos trabalhadores das universidades estaduais paulistas. A campanha salarial precisa se conectar às lutas em curso. O Conselho de Reitores das Universidades do Estado de São Paulo (CRUESP) em nota conclama a comunidade das 3 universidades paulistas a debaterem “as questões relativas aos complexos problemas da educação, ciência e tecnologia no Brasil e suas consequências para o desenvolvimento do país”. No entanto, são esses mesmos reitores que sistematicamente tem lançado ataques aos trabalhadores e desmontando a universidade. A Unesp, pelo segundo ano consecutivo teve o 13º salário não pago corretamente e parcelado ao longo do ano. Além de arrocho salarial, esses reitores também atacam a isonomia conquistada pelos trabalhadores, tentando dividir as categorias.

Embora os cortes lançados por Bolsonaro e Weintraub sejam diferidos contra as universidades federais, seus aliados na Alesp articularam uma CPI das universidades com o objetivo declarado de “acabar com o aparelhamento da esquerda” nas universidades, que na realidade além de um ataque ao movimento estudantil e de trabalhadores é também um golpe contra a autonomia e o financiamento das universidades.

O reitor da USP, Vahan Agopyan, demagogicamente se coloca como o reitor do diálogo e defensor da universidade. No entanto, além de atacar o direito de organização dos trabalhadores, levando a suspensão do congresso dos trabalhadores, a reitoria não se pronunciou contra a reforma da previdência e a chantagem de Weintraub e Bolsonaro. No dia 15 de maio, Sintusp e Adusp entregaram uma carta ao reitor, reiterando a necessidade de lutar contra a reforma da previdência e os cortes e ataques à educação, como lutas indissociáveis, criticando a política de arrocho salarial e congelamento de contratações da reitoria. A carta também cobra a reitoria reveja seu posicionamento em relação à tentativa de coibir a participação dos trabalhadores no congresso chamado pelo Sintusp e que não haja punições aos estudantes e trabalhadores em luta no dia 15.

O Fórum das Seis, entidade que reúne sindicatos de trabalhadores e docentes das universidades, aprovou um indicativo de paralisação para o dia 27, data de negociação salarial com o CRUESP. No entanto, esse indicativo de paralisação na mesma semana do chamado a nova jornada de mobilização em defesa da educação no dia 30, acaba incorrendo no grave erro de separar as lutas, ao invés de buscar construir a unidade com os estudantes. Felizmente, os trabalhadores da USP aprovaram ato na reitoria nesse dia, mas buscando unidade com estudantes votaram um indicativo de paralisação para o dia 30 de maio. Uma nova assembleia deve acontecer no dia 28/5.

Nós, trabalhadores da universidade, também sentimos na pele a política de desmonte e privatização da educação. São milhares de trabalhadores adoecidos, com seus corpos moídos frente essa política privatista levada a cabo pelos governos e também pela reitoria. Congelamento de contratações, PIDVs que fecharam postos de trabalho, assédio moral e arrocho salarial são parte dessa logica de privatização levada a cabo pela burocracia da universidade, pelo Conselho Universitário da USP junto ao reitor. Além de políticas de permanência estudantil precárias que acabam por transformar o estudante, que deveria estar produzindo e aprendendo, em mão-de-obra barata e precária, substituindo um trabalhador efetivo. A unidade entre trabalhadores e estudantes na USP carrega um potencial imenso.

A sede de lucro dos capitalistas é insaciável. Para isso estão dispostos a rifar o futuro da juventude e obrigar os trabalhadores a trabalharem até morrer. O destino dessa juventude está entrelaçado a luta da nossa classe contra a reforma da previdência e pelo não pagamento da dívida pública. Por isso, frente a crise capitalistas, com os ataques dos governos e dos patrões, precisamos mais do que nunca defender os direitos da nossa classe e dos nossos filhos, essa juventude que se levantou em luta pelo seu futuro. Nossas vidas valem mais que o lucro deles.

Que os capitalistas paguem pela crise!




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