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TRAGÉDIA NO MEDITERRÂNEO | Toda uma geração afogada pela Europa capitalista

A foto de um bebê morto nos braços de um socorrista alemão foi distribuída nesta segunda-feira por uma organização humanitária com o objetivo de pressionar autoridades européias a garantirem a passagem segura a migrantes, diante de mais uma tragédia em que 700 se afogaram no Mediterrâneo na semana passada.

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

segunda-feira 30 de maio de 2016 | Edição do dia

O corpo do bebê, que não parece ter mais de 1 ano de idade, foi retirado do mar na sexta-feira (27) depois do naufrágio de um barco de madeira. Quarenta e cinco corpos chegaram ao porto de Reggio Calabria, no sul da Itália, no domingo (29), a bordo de uma embarcação da marinha italiana, que resgatou 135 sobreviventes neste incidente.

A organização humanitária alemã Sea-Watch, que opera um barco de resgate no mar entre a Líbia e a Itália, distribuiu a imagem que mostra um agente de resgate segurando o bebê como uma criança adormecida.

"Peguei o bebê pelo antebraço e puxei seu corpinho para os meus braços na mesma hora para protegê-lo... os braços dele, com aqueles dedinhos, balançaram no ar, o sol bateu nos seus olhos, brilhantes, acolhedores, mas sem vida", disse Martin, socorrista a bordo.

Assim como a imagem do menino Aylan Kurdi, um bebê sírio que foi encontrado nas margens de uma praia turca depois de sua lancha ter afundado, fica evidente como a política criminosa dos governos europeus e seu imenso cinismo é responsável por fazer desaparecer toda uma geração de milhares de pessoas dos continentes africano e asiático, afogadas na tumba do Mar Mediterrâneo.

Os fluxos migratórios de países como a Síria e a Líbia continuam a aumentar, devido à continuidade da guerra civil reacionária na Síria, uma nova guerra norteamericana no Oriente Médio e as expedições punitivas do Estado Islâmico, que se fortaleceu entre o Iraque e a Síria e já se estendeu à Líbia e norte da África. Contra a tentativa de entrada das vítimas das guerras e da fome impostas pelas potências, os governos europeus continuam utilizando a repressão policial e da guarda costeira. Inclusive o governo do Syriza na Grécia, tido como “nova esquerda” por setores da esquerda brasileira, expulsou os imigrantes da ilha de Idomeni, agravando a crise migratória.

O acordo da Alemanha e da União Europeia com a Turquia, para que o governo turco feche as fronteiras do país e bloqueie a entrada via terrestre para a Europa, desalentou as tentativas de ingressar na Europa pela chamada “rota balcânica”, que passa pela Grécia, Turquia, Hungria e Sérvia. Assim, se reativou a perigosa rota do Mediterrâneo para chegar às costas da Itália desde o norte da África, em que os migrantes ficam nas mãos de máfias que cobram centenas de euros para realizar a viagem em embarcações precárias.

A militarização das fronteiras obriga os refugiados a buscarem rotas mais perigosas, como a do Mediterrâneo, cuja travessia em 2015 matou mais de 4000 pessoas.

A causa destas verdadeiras embarcações do terror estão no estado de desespero social no qual vivem os migrantes em suas terras, estrangulados pela espoliação exercida pelas principais potências imperialistas da União Europeia e os EUA, que com seus capitais exploram os trabalhadores submetendo-os às piores condições de vida.

Populações inteiras que se vêem presas de guerras que não têm nada a oferecer senão mais miséria, já que são disputas de mercado entre as distintas classes capitalistas por um pedaço do saque, que obtêm através da usura e da rapina.

São os Renzi, os Hollande, as Merkel, os Cameron e os Obama, com suas políticas de saque, ajuste, suas leis racistas, seus exércitos e suas polícias, os responsáveis por este horror social, que só a classe trabalhadora pode enfrentar unindo sua luta e organização à escala internacional para derrubar estes estados capitalistas, e levantar sobre suas ruínas uma nova sociedade de homens e mulheres livres, onde as fronteiras não sejam propriedade de nenhum estado e sim desapareçam em favor do território mundial livre para a humanidade sem classes.

Os movimentos migratórios forçados sempre foram uma constante no capitalismo desde sua origem e hoje estão atravessados pela dinâmica da crise mundial. O movimento em defesa dos direitos sociais e políticos dos imigrantes, para acabar com as leis antimigratórias, com a repressão costeira, os cárceres chamados centros de internação de estrangeiros (CIEs), a xenofobia e a islamofobia, é imediatamente uma bandeira da classe trabalhadora nativa nos países da Europa e de todo o mundo.

A luta por eliminar as fronteiras nacionais é também a luta contra a Europa imperialista e dos monopólios.




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