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MBL OU TL? | Território Livre: a ultra esquerda simpática que a direita gosta

MBL compartilha posicionamento lunático do TL defendendo que estaria em curso um “golpe à democracia burguesa no impedimento do impeachment” mostrando que defendem, no fundo, a mesma política.

Flávia ToledoSão Paulo

terça-feira 10 de maio de 2016 | Edição do dia

A política nacional está mais interessante que qualquer novela ou seriado. Pois bem, nessa segunda-feira, dia 9 de maio, foi um desses capítulos que ninguém quer perder. Começamos o dia com impeachment valendo, aí não valia mais, e de repente valia de novo. Todas as análises sobre isso estão aqui no Esquerda Diário e você pode acompanhar.

Mas o interessante foi ver como a esquerda e a direita se posicionaram frente às mudanças de conjuntura na velocidade da luz. PSTU e PSOL perderam o episódio e não falaram nada, mas Território Livre e Movimento Negação da Negação, seguindo de maneira bastante coerente com a sua política de defesa do impeachment por entender que é preciso que o PT caia não importa pelas mãos de quem, saíram com uma declaração de que era preciso ir às ruas contra o golpe que o PT estava dando à democracia burguesa tentando anular a sessão que votou o impeachment.

Foi um movimento interessante. Para eles, o impeachment não poderia ser chamado de golpe porque não é lá grande coisa sequestrar milhões de votos que elegeram a presidenta (já que não há acusação ou condenação sobre ela). Dizer isso seria capitular, na visão deles, para uma lógica petista que enaltece a democracia burguesa ao defender o sufrágio universal. Mas a tentativa de anular a sessão do impeachment por parte de Waldir Maranhão, para o TL, é um golpe! Um golpe à democracia burguesa! Um golpe contra o Legislativo, que teve sua decisão simplesmente ignorada e isso abre espaço, segundo eles, para um governo petista autoritário. Para o TL (e você vai pensar “e pro MBL”) tudo bem ir contra o sufrágio universal, um dos direitos elementares da democracia burguesa. Mas mexeu com a decisão do Legislativo, aí é demais.

E a gente vinha falando há tempos que a política do Território Livre estava se colando demais à política da direita golpista. Estavam indo panfletar nos atos pró-impeachment, chamaram prisão pro Lula e tiveram seus “cartazes maneiros” ornamentando o acampamento da FIESP. Mas o que ninguém esperava (apesar de ser coerente!) é que o próprio MBL diria isso a eles!

O dia hoje amanheceu com a página do MBL compartilhando o texto de posicionamento do Território Livre, dizendo:

"Ontem, o simpático movimento de extrema esquerda ’Território Livre’ aderiu à luta democrática contra o (fracassado) golpe proferido pelo PT e Waldir Maranhão.

Alguns de seus seguidores foram vistos, inclusive, em nosso ato na paulista na última segunda-feira. Não foram hostilizados por ninguém.

O Território Livre tem um curioso costume de colar seus cartazes maneiros nos arredores da praça da sé - local onde também colamos os nossos.

Sempre tentamos imaginar quem eram os caras que colavam aqueles cartazes vermelhos.

Agora descobrimos!

Obrigado!"

Convenhamos: quando o MBL, que tem relação com as bancadas do Boi, da Bíblia e da Bala, reivindica o seu texto e chama de “simpático movimento de extrema esquerda” é porque tem alguma coisa muito errada na sua política. Se não tinha ficado claro até agora, agora é transparente como a política defendida pelo TL, e principalmente esse chamado para ir às ruas contra o “golpe do PT”, é uma política colada na direita e, portanto, oposta às necessidades da classe trabalhadora e da juventude. É um absurdo que um setor que se reivindica de esquerda se permita ser um apoiador de um setor reacionário e antioperário como é o MBL.

Quando o MBL compartilhou o texto, obviamente a intenção era ser irônico e mostrar como “até a esquerda apoia uma política de direita contra Dilma”. Mas isso só foi possível porque, em um delírio de ignorar o sujeito político que poderia derrubar Dilma e os corruptos, o Território Livre, assim como outros setores da esquerda, se recusou a se propor a organizar o amplo setor que rechaça essa direita golpista, antioperário, machista, racista, lgbtfóbica com uma política independente e que não tem medo de se bater com a direita.




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