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Reforma da previdência | Temer oferece R$ 10 bi em troca de votos a favor da reforma da previdência

Segundo assessores de Temer, o dinheiro será pago logo após a aprovação, a partir dos recursos que seriam garantidos pela reforma para "obras de campanha". Além disso, há a ameaça de congelamento de despesas de cerca de R$ 50 bi caso a reforma não seja aprovada.

quarta-feira 10 de janeiro de 2018 | Edição do dia

A distribuição dos recursos no governo Temer está longe de ser feita a partir de refletir as necessidades de cada região. Se dá a partir de negociatas em troca de votos para a aprovação da cereja do bolo dos ataques dos golpistas: a reforma da previdência, com base na afirmação comprovadamente mentirosa de que a previdência estaria “deficitária”.

Desta vez, o que o presidente pretende fazer para garantir a aprovação da reforma já em fevereiro de 2018 é disponibilizar 10 bilhões de reais para finalização de obras em redutos eleitorais daqueles que votarem a favor dessa pauta. A prioridade será dada a obras em fase final, para que saiam antes das eleições e favoreçam os candidatos envolvidos na questão. Entre as obras estão os ajustes finais na rodovia Régis Bittencourt, na serra do Cafezal; segunda fase da linha de transmissão de Belo Monte; a BR-163, no Pará; aeroportos de Vitória (ES) e Macapá (AP) e a ponte do rio Guaíba (RS).

No ano passado o presidente já havia anunciado ajuda financeira àqueles que votassem favoráveis ao ataque, entretanto não conseguiu cumprir com a promessa por falta de receita em 2017. A cartada agora é prometer uma receita ainda inexistente, mas que passaria a existir caso a reforma seja aprovada em fevereiro, pois os recursos viriam dos cortes que a reforma propõe.

A pressa para que a votação se dê já em fevereiro deve-se ao fato de que, em ano eleitoral, só é permitido repasse de dinheiro para obras até junho. Para o plano de Temer ser efetivo no sentido de barganhar votos de parlamentares interessados em fazer “obras de campanha”, é necessário que a reforma seja aprovada o mais rápido possível, pois a economia gerada com base nos cortes a esse direito elementar da população diminuiria a cada mês. Em março, por exemplo, cai para R$ 7 bilhões; em abril, para R$ 4 bilhões.

Outra forma de pressão é o congelamento de despesas que pode chegar a R$ 50 bilhões de reais caso a reforma não seja aprovada, ameaçando um novo corte nas obras. Muitos dos parlamentares que serão candidatos não pretendem assumir o prejuízo político que seria se, ao vencerem as eleições, tiverem que fazer uma reforma tão impopular em seus próprios estados, por isso preferem que isso passe pela União.

Obviamente não questionam o fato de que atacar o direito dos trabalhadores à aposentadoria não é o único jeito de conseguir recursos. Parecem se esquecer que Temer gasta mais em renúncia fiscal de capitalistas do que com educação e saúde somados e que, enquanto cortam direitos da população em busca de recursos, a “bolsa-banqueiro” que todos os meses é paga pela exorbitante dívida pública continua intacta.

A tentativa do governo Temer de novamente colocar a Reforma da Previdência em pauta, com não pode passar impune. Para isso é preciso seguir o caminho contrário do que CUT e CTB vêm fazendo, ao fomentar a passividade nos trabalhadores para depositar todas as fichas no Lula 2018, perdoando os golpistas em prol de uma aliança pela “governabilidade”.

Como se governar um sistema falido pudesse ser a solução para a crise econômica capitalista pela qual passamos, que quer arrancar dos trabalhadores até as poucas concessões que foram possíveis em momentos anteriores. É por isso que nossa tarefa deve ser a de retomar os sindicatos e entidades estudantis como instrumentos que fomentem a unidade entre os trabalhadores, buscando preparar uma greve geral para barrar a reforma da previdência e todos os direitos que nos estão sendo arrancados.




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