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CORONAVÍRUS | Tele aulas no estado de MG são priorizadas por Zema, enquanto educadores seguem sem salário

O governo de Zema deveria ter a preocupação de pagar os salários dos professores com a mesma rapidez com a qual paga a polícia, porém, apesar do enorme atraso no pagamento do mês de abril, a organização de teleaulas pra forçar os trabalhadores da educação a voltar ao trabalho caminha a passos largos.

quinta-feira 9 de abril de 2020 | Edição do dia

Já estamos no dia 9 de abril. Quase um terço do mês já se passou, e somente hoje os trabalhadores da rede estadual de educação tiveram uma previsão de quando receberão o salário. São 400 mil famílias de educadores em Minas Gerais que terão que esperar até dia 15 desse mês para receber apenas uma parte do salário, pois para o pagamento das demais parcelas ainda não há previsão. Essa situação é ainda mais grave diante do aumento absurdo do valor dos produtos da cesta básica nas últimas semanas pela falta do congelamento dos preços e porque mais de 40% dos trabalhadores da educação não receberam ainda o décimo terceiro de 2019.

A pressa na organização das teleaulas no estado, que não leva em consideração a situação de precariedade de grande parte dos alunos, se deve ao fato de este ser um dos principais laboratórios pra efetivar o projeto de sucateamento e privatização da educação em Minas. Zema demonstra, desde antes mesmo de ser eleito, conforme expressava em suas campanhas eleitorais, que o caminho que apresenta para a educação no estado é o de desmontar a estrutura, demitir trabalhadores e entregar esta área para os empresários da educação, para que elevem suas fontes de lucro, rifando milhares de empregos e o aprendizado dos estudantes.

A realização do que o governo chama de videoaulas para dar a impressão de manter um distanciamento social e fingir preocupação com o aprendizado dos estudantes, vai exigir a volta das auxiliares de serviço básico, dos trabalhadores do administrativo e diretores para as escolas a partir da próxima terça-feira dia 14. Segundo o decreto, os professores, especialistas e auxiliares da educação retornarão a partir do dia 22 pois terão 5 dias de recesso adiantados.

Com o retorno destes trabalhadores certamente ocorrerá um fluxo de estudantes e responsáveis também para a escola e o isolamento social, uma das medidas mais recomendadas pela Organização Mundial de Saúde para conter o espalhamento do vírus, vai ser rompida. Além das aglomerações nas escolas, dezenas de milhares de trabalhadores estarão expostos no transporte público e colaborando para as aglomerações nos espaços públicos.

A falta de preocupação com a vida de professores, pais e estudantes se expressa nas orientações de prevenção ao coronavírus para a comunidade escolar divulgadas em uma cartilha do governo que contém apenas três pontos: 1) orientar comunidade e estudantes sobre os sintomas; 2) aconselhar casos suspeitos a procurar um serviço de saúde; e 3) a utilização de máscaras somente em casos que a doença esteja confirmada.

As escolas nunca tiveram material de limpeza suficiente, não é disponibilizado sabão nos banheiros para que os estudantes lavem as mãos, não tem sequer papel higiênico. E provavelmente não serão enviados às escolas equipamentos de proteção essenciais como álcool em gel e máscaras. Zema já deu suficientes demonstrações de que a vida da comunidade escolar está em último lugar para nesse governo.

E por outro lado, os estudantes também terão prejuízos pois nenhum recurso substitui os debates em sala e o atendimento mais personalizado conforme a dificuldade de cada um que os professores se esforçam para conseguir fazer apesar da superlotação das turmas. Sem contar o fato de que, para acessar plataformas on-line de estudos é necessário uma conexão de internet muito melhor do que a grande maioria dos alunos e até dos professores tem acesso.

O trabalho com as teleaulas de Zema vai impor aos professores uma carga de trabalho muito maior, que com certeza exigirá muito mais tempo de planejamento do que as absurdas 4 horas semanais remuneradas pelo estado, o que vai significar uma dupla jornada de trabalho e que recairá com mais peso sobre as trabalhadoras mais precárias, que terão que chegar em casa depois de horas no transporte público e dividir o tempo gasto com o serviço doméstico, cuidado dos filhos e familiares idosos com ainda mais trabalho. E estas mesmas trabalhadoras serão levadas a um desgaste extremo pro resto do ano pois os recessos e férias que são um direito do trabalhador estão sendo empurradas por Zema neste período no qual é impossível que as férias sejam aproveitadas.

A medida tomada pelo governo neste momento deveria ser a de providenciar o pagamento dos educadores com urgência e de forma integral, além do pagamento do décimo terceiro que está atrasado, aumentar o valor do auxílio alimentação que será dado aos estudantes para garantir a segurança alimentar mesmo sob a suspensão das aulas, e equipar os hospitais, providenciando urgentemente mais leitos e contratação de pessoal da saúde para que toda a população do estado que precise seja atendida pelo SUS, e também que sejam realizados testes para coronavírus em todas as pessoas que necessitem. Estas medidas poderiam ser garantidas com a cobrança de dívidas bilionárias que empresas têm com o estado de Minas, cortes nos exagerados privilégios financeiros de políticos e impostos sobre a fortunas de empresários mineiros, onde a de Zema deveria ser a primeira.

É inaceitável que o governo de Zema se aproveite deste momento de grande sofrimento e apreensão pelo qual passam os trabalhadores de todo o estado para avançar com seu processo de sucateamento da educação em Minas e que martirize ainda mais os trabalhadores da educação que já sofrem há tanto tempo com parcelamento e defasagem de salário, agora com o atraso enorme do pagamento.




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