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TEATRO OFICINA | Teatro Oficina recebe ’abraçaço’ contra implementação de torres de Silvio Santos

Neste domingo (26), cerca de 1.500 pessoas se reuniram na frente do Teatro Oficina no bairro do Bexiga. Trajando camisetas com a mensagem "Silvio Santos dê um presente a São Paulo", os artistas, políticos e cantores, promoveram um ’abraçaço’ no quarteirão do Oficina, que também abriga um terreno vizinho pertencente ao Grupo Silvio Santos.

segunda-feira 27 de novembro de 2017 | Edição do dia

A manifestação “Domingo no Parque” aconteceu após a reversão da decisão de 2016 que proibia a construção de torres, pelo Grupo Silvio Santos, neste terreno. Este embate entre Zé Celso, responsável pelo Oficina e o Grupo Silvio Santos já dura 38 anos. Enquanto Zé Celso tem como objetivo um parque, a construtora tem como projeto levantar um Shopping Center no local.

O Teatro Oficina foi fundado em 1958 por José Celso Martinez Correa e está localizado na Rua Jaceguai, no bairro da Bela Vista, em São Paulo. O espaço sempre foi palco de grandes espetáculos de teatro, música, dança e as mais variadas expressões artísticas e performances.

Ao longo do tempo, o espaço foi sendo adaptado e transformado para que acolhesse todos os projetos e iniciativas culturais da melhor forma. Em 1966, após um incêndio que comprometeu boa parte da estrutura, o teatro deixou seu clássico formato de arena e teve seu espaço cênico transformado.

Em 1981, o Teatro foi tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) devido ao fato de ter se tornado referência artística e cultural, quebrando com o tradicionalismo e sendo a representação de um novo momento do teatro nacional.

No ano de 1991, a arquiteta Lina Bo Bardi em conjunto com Edson Elito, projetaram o novo Oficina, e o projeto foi eleito o melhor teatro do mundo na categoria "projeto arquitetônico" pelo The Observer, o jornal dominical do The Guardian. "Um espaço longo e estreito como uma rua em uma envoltória queimada de um antigo teatro que é assistido por uma empena de galerias construídas com andaimes", é como Rowan Moore, autor do artigo publicado no jornal inglês, descreve o projeto de Bardi. Diz ainda: "O Teatro Oficina tem ângulos de visão desafiadores, assentos duros e uma forma que é exatamente a que os teatros não deveriam ter, mas é tanto mais intenso precisamente por isso."

Com o objetivo de negociar uma solução para o embate houve uma reunião em agosto desse ano que contou com a presença de Zé Celso, o vereador Eduardo Suplicy (PT), Silvio Santos e o prefeito João Doria (PSDB) mas não houve acordo. Após a reunião, Zé Celso acusou Silvio Santos de ter oferecido a quantia de R$ 5 milhões para que ele cedesse. Procurada pela imprensa nesta época, a assessoria de Silvio Santos disse que não se manifestaria sobre a acusação de Zé Celso.

Outros encontros ocorreram neste espaço de tempo, até que no dia 23 de Outubro, o próprio CONDEPHAAT votou a favor do Grupo Silvio Santos acatando o recurso interposto pelos advogados do grupo. Houve votação, sendo 7 votos contrários ao Grupo Silvio Santos e 15 a favor. Segundo o CONDEPHAAT, este resultado permite que seja dada continuidade ao processo de obtenção do alvará para realização da construção das torres. Há ainda a necessidade do Grupo Silvio Santos solicitar a aprovação dos demais órgãos de preservação municipal (Conpresp) e federal (Iphan).

Diante disso, Zé Celso já teceu diversas críticas a Silvio Santos e afirma que recorrerá da decisão. O coletivo do Teatro afirma que a construção das torres “encaixotaria” o teatro, assim como traria diversos entraves para os demais coletivos artísticos da região.




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