×

GRÉCIA | Sindicatos se manifestam em Atenas contra aprovação de reformas

Diversos sindicatos e coletivos se manifestaram nesta quarta-feira em Atenas contra a aprovação do segundo pacote de reformas estipulado entre o governo grego e a zona do euro, que será submetido hoje à votação do parlamento.

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

quinta-feira 23 de julho de 2015 | 01:01

Cerca de 7.000 filiados e simpatizantes do sindicato comunista PAME, segundo a polícia, se concentraram na praça Omomnia, de onde marcharam até a de Syntagma, sede do parlamento.

A manifestação de Atenas foi acompanhada por outras cerca de 40 passeatas que o PAME organizou em cidades de todo o país.

Uma vez em Syntagma esse grupo se uniu ao protesto organizado pela confederação de sindicatos do setor público (ADEDY), que também avançou em manifestação até ali e que conseguiu reunir 2.000 pessoas.

Entre as diferentes reivindicações se destacavam os muitos cartazes contra as reformas que previsivelmente serão aprovadas hoje no parlamento como "Não ao programa de resgate", "Não ao euro" e "Sim à saída da União Européia".

O pacote de reformas, o segundo submetido à votação do parlamento como requisito prévio fixado pelos credores para iniciar a negociação do terceiro resgate, abrange a reforma do Código Civil e a adoção da diretriz européia sobre saneamento de bancos.
A primeira inclui a eliminação das testemunhas nos julgamentos civis, um dos pontos que gerou mais controvérsia e sobre o qual as associações de advogados e juristas expressaram sua rejeição.

Por outro lado, a adoção da diretriz européia sobre saneamento de bancos prevê os métodos de recapitalização das entidades bancárias e a garantia dos depósitos de até 100.000 euros em caso de um perdão da dívida.

Esta medida tem um tom claramente antipopular, já que facilita aos bancos realizarem leilões com as casas que não cumpriram o pagamento das hipotecas. Durante a crise, os bancos gregos efetuaram milhares de desalojamentos de famílias, mesmo em estado de desemprego.

O ministro das Finanças da Grécia, Euclides Tsakalotos, explicou que a medida estipula "o que cada banco deve fazer se estiver em dificuldade, o que será supervisionado pela autoridade européia, e depois esta mesma autoridade supervisionará o saneamento do banco. Assim o problema de uma entidade não será transferido ao Estado".

Em relação à unidade do partido do governo, Syriza, que será novamente colocada à prova na sessão de hoje, depois de 39 deputados votarem contra o governo na última votação, o ministro disse que "toda a negociação foi feita pelo Syriza unido".

É necessário uma alternativa política anticapitalista ao Syriza

A prepotência da Alemanha encontrou eco na capitulação do Syriza, cujo primeiro ministro manteve por seis meses um paradoxo: permanecer na zona do euro imperialista e terminar com a austeridade. Traindo o mandato popular do referendo (muito mais massivo que o voto no Syriza em janeiro), Tsipras e o Syriza esqueceram as promessas de finalizar a austeridade e decidiram pagar a dívida às custas de repressão estatal e prisões contra manifestantes antiajuste.

Foi tão longe que removeu dos cargos os já tímidos ministros contrários à austeridade e colocou membros da direita xenófoba Gregos Independentes. Mesmo expulsos do cargo e participando de um governo que usou sua polícia para reprimir a população que lutava contra o ajuste, a Plataforma de Esquerda, que dizia criticar Tsipras, se mantém no Syriza e no governo. Uma posição insustentável e que não oferece uma verdadeira alternativa a Tsipras.

A estratégia de antiausteridade sem anticapitalismo se esfarelou na grande utopia reformista de "regenerar o capitalismo", cujas conclusões devem ser tiradas pela esquerda mundial que tinha esperanças nesse tipo de organização.

Frente à iminente ruptura do governo e a maior participação da direita neoliberal Potami, que se aproveitou da crise do Syriza para assumir maiores posições decisórias junto aos Gregos Independentes, é necessária uma enorme solidariedade internacional ao povo grego na luta pela abolição do pagamento da dívida e contra os ajustes de Tsipras-Merkel.

A esquerda anticapitalista grega, independente da estratégia de conciliação do governo, tem aberta diante de si a discussão de que tipo de partido é necessário para acabar com a austeridade e enfrentar a Europa imperialista, a partir das lições do Syriza, já que milhares de trabalhadores e jovens que, mais cedo que tarde, terminarão de desiludir-se com o Syriza e buscarão uma alternativa política.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias