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Subsídios | Sem reajuste, Nunes prepara desmonte de carreira da educação na prefeitura de SP

Enquanto os educadores municipais esperavam algum índice de reajuste salarial, na quinta-feira, 02/06, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes apresentou para sua base de vereadores, inclusive impedindo a participação de uma série de entidades sindicais que denunciaram essa reunião a portas fechadas, um plano de desmonte das carreiras dos servidores da educação do município. Embora ainda não seja um projeto de lei, as intenções são claras: implementar o mesmo sistema de remuneração por subsídios que acabou de ser aprovado na rede estadual de São Paulo, por Doria (PSDB).

terça-feira 7 de junho de 2022 | Edição do dia

Foto: Governo do Estado de São Paulo

Os educadores da rede municipal de ensino de São Paulo, junto com a comunidade escolar, sentem todos os dias o caos instalado nas escolas. Sofremos a falta de trabalhadores do apoio, professores, salas de aula cada vez mais lotadas, falta de equipamentos, aumento do controle sobre o trabalho docente por parte da SME, novos surtos de covid nas escolas, salários abocanhados pela inflação sem nenhum reajuste nos últimos anos, tudo isso somado a defasagem pedagógica dos alunos com a pandemia. Essa é a mesma situação que vemos em várias outras redes públicas no país e é fruto do desmonte que se aprofundou na pandemia, obra dos mais distintos governos, a começar por Bolsonaro que acabou de cortar mais 14% de recursos para educação, passando por Doria (PSDB), que no início desse ano desmontou ainda mais a carreira dos educadores estaduais em SP. Mas se não bastasse isso nessa semana ainda fomos surpreendidos pela iminência de mais um ataque, na rede municipal.

Enquanto esperávamos algum índice de reajuste salarial já que nossa data-base se encerrava no mês de maio, na quinta-feira, 02/06, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes apresentou para sua base de vereadores, inclusive impedindo a participação de uma série de entidades sindicais que denunciaram essa reunião a portas fechadas, um plano de desmonte das carreiras dos servidores da educação do município. A proposta ainda não foi apresentada como projeto de lei, porém as intenções do governo de são evidentes. Chamando de “Medidas de valorização do servidor” Nunes quer implementar o mesmo sistema de remuneração por subsídios que acabou de ser aprovado na rede estadual de São Paulo, por Doria (PSDB). Na pratica a remuneração por subsídios põe fim a conquistas históricas dos trabalhadores como quinquênios, sexta-parte e seu próprio plano de carreira. Se trata de um grande engodo, já que no início parece reajustar os salários, extremamente defasados, dos servidores, porém ao longo do tempo significa ainda mais arrocho salarial. O oposto de valorizar os educadores e melhor a educação para nossas crianças e jovens.

Para Nunes, não basta confiscar aposentadorias e fazer os servidores terem que trabalhar mais para se aposentar como fez ano passado, aprovando a base de violência policial, bombas e sangue dos servidores, o Sampaprev 2. Não basta deixar as escolas na situação caótica em que estão, para ele e a corja de vereadores aliados é preciso seguir com os ataques e desmonte da educação e serviços públicos para a população. Tudo em prol de favorecer os intentos privatistas na rede, como já vemos acontecer nas formações pedagógicas na cidade que estão terceirizadas para institutos de educação privados.

E como se manifestou o SINPEEM e seu presidente Claudio Fonseca, frente a iminência de mais um ataque? Ora, sem novidades, se mostrando o verdadeiro aliado que é do governo para pavimentar o caminho de ataques à categoria se colocando como mais um obstáculo para a organização dos trabalhadores. Em vídeo publicado em suas redes sociais, Cláudio Fonseca, de acordo com os interesses do governo, chama de "política de valorização salarial, o que na verdade é a destruição da nossa carreira através da política de subsídios. Sequer usa a expressão subsídio. Se ele não “entende” como um ataque tal medida, porque vai mobilizar a categoria para lutar?

Não nos esqueçamos, Claudio Fonseca é do Cidadania, um partido que se tivesse cadeiras na Câmara seria, nesse momento, base do governo municipal do MDB e do DEM, que preside a casa legislativa. E veio até agora, dizendo publicamente que estava se reunindo com o executivo e SME pra tratar do aumento à luz de nossa data-base, ignorando inclusive nossas exigências da reabertura do SINPEEM, que segue fechado, dirigido de forma cada vez mais autoritária e realizando de forma imposta reuniões virtuais, cerceando ainda mais as vozes dos educadores nas reuniões de Representantes Escolares (RE) e atropelando o caráter consultivo do Conselho da entidade.

Por que ele segue atuando dessa forma a afastar cada vez mais a base da categoria de seu instrumento de luta que é o sindicato e freando a organização de nossa luta? Porque segue atuando como base política desse governo, mesmo não compondo as cadeiras do legislativo atualmente. A inércia, não é à toa, por isso as instâncias da base dentro do sindicato não vêm funcionando, por isso as reuniões por fora das demais entidades sindicais e a rejeição à qualquer proposta de unificação com servidores de outras categorias e o chamado de uma assembleia.

Para nós educadores não há outra perspectiva real para enfrentar esse possível ataque do que nos organizar nas nossas escolas, professoras, coordenaras, agentes escolares, ATEs, chamar a comunidade escolar para estar ao nosso lado. Nossas últimas experiências mostram o quanto, não podemos confiar na pressão parlamentar, tão pouco esperar que coisa boa possa vir de reuniões fechadas de gabinete entre o governo as direções burocráticas de nossos sindicatos. Lutemos pela reabertura imediata do SINPEEM já, exigindo uma assembleia pra decidirmos como nos organizarmos, afinal o sindicato é das e dos trabalhadores!

Inclusive, dia 09/06, inúmeros sindicatos convocaram uma paralisação com assembleia, da qual entendemos que é importante que o SINPEEM participe, convocando também sua base sindical, sem esperar passivamente que Ricardo Nunes articule a aprovação desse ataque. A fragmentação das lutas dos setores do funcionalismo só serve ao governo, inimigos dos trabalhadores municipais e da população! É nas ruas, atropelando essa direção traidora com nossa força e organização, parando as escolas que é possível se enfrentar contra um ataque como esse que possa vir, conquistar nosso necessário reajuste salarial e lutar pela efetivação de mais educadores, contra a entrada dos tubarões da educação na educação municipal, a privatização das escolas municipais e combater o caos pedagógico instalado nas escolas.




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