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LEGALIZA JÁ! | Sem polícia e sem grande mídia, Marcha da Maconha de São Paulo é a maior do país

Já considerada a maior Marcha da Maconha da história brasileira, cerca de 40 mil pessoas fecharam a Avenida Paulista e ruas do centro da cidade em defesa da legalização da maconha e sob o mote de “Fogo na bomba e paz na quebrada! Maconha é mato e o Estado mata: se a gente se unir, a guerra às drogas vai cair”.

domingo 15 de maio de 2016 | Edição do dia

O clima descontraído foi notável durante todo o ato, composto em sua maioria pela juventude trabalhadora de distintos pontos da cidade. A ausência da polícia se deve muito ao nível de “provocação” e “atrito” que a Marcha gera, por ser um movimento diretamente contra o papel policial na política de drogas vigente. Porém, a cautela da polícia pode ser explicada também pela conjuntura tensa que o país vive após o golpe institucional no governo federal, e em São Paulo, pela repressão aos secundaristas ocorrida na sexta-feira, e legitimada pelo ex-secretário de segurança paulista e agora ministro da justiça do governo Temer.

Já a grande mídia cumpriu o papel intencional de boicotar a cobertura da Marcha. Seus interesses são os mais perversos possíveis: não mostrar que a juventude paulista vai às ruas pela legalização, que não teme uma possível repressão, e que assim a Marcha da Maconha só cresce a cada ano.

A juventude Faísca e militantes do Movimento Revolucionário de Trabalhadores marcaram presença na Marcha, defendendo a total legalização da maconha, tanto de sua plantação, cultivo, colheita, produção e armazenamento para comercialização, como da distribuição, aquisição, posse e consumo. Fomos inspirados pela deputada federal Myriam Bregman e o excandidato a presidente Nicolás Del Caño, do PTS na Frente de Esquerda na Argentina, que encaminharam um projeto de lei ao parlamento para que legalize a maconha no país, o que poderia colocar a Argentina no caminho da legalização que já estão tomando diversos países ao redor do mundo.

No Brasil a proibição das drogas é hoje o principal fator do encarceramento em massa e da repressão aos pobres da periferia. É através da falsa justificativa da “guerra contra as drogas” que as polícias tentam legitimar a militarização das favelas, as prisões e o genocídio contra os pobres e especialmente os negros. Por conta disso, já está evidente que a proibição de substâncias como a maconha gera muito mais violência e problema sociais do que sua legalização. Os únicos interesses por trás da proibição são dos grandes cartéis do narcotráfico mundial, que lucram muito com este negócio sanguinário, além dos interesses do Estado em reprimir os pobres e a juventude com a justificativa de “combater as drogas”.

Sabemos que os problemas não estão nas substâncias e em seus efeitos físicos, mas sim nos interesses político-econômicos que a proibição acarreta, já que o álcool, por exemplo, é comprovadamente mais danoso à sociedade e ao indivíduo do que a maconha, e nem por isso o álcool é proibido. Pelo contrário, é uma das “grandes drogas” da sociedade e um dos seus grandes negócios. O que ocorre com álcool é a ainda pequena advertência de seus riscos e o chamado à temperança (“beba com moderação”), como deveria ocorrer com a maconha, ou seja, legalização e educação de seus efeitos.

O processo paralisado no STF de descriminalização da maconha pode ser um grande passo em direção à uma política racional de drogas, que não seja caso de polícia, cadeia e morte, mas sim de redução de danos e descobrimento de benefícios. Porém, apesar deste processo progressista no STF, os movimentos sociais e a esquerda não tem nada o que confiar nessa instituição dos poderosos, que cheia de benefícios e nem mesmo eleita, foi o carro chefe do golpe institucional que colocou Temer no poder. Pedir ao STF a descriminalização, como fez, por exemplo, a corrente JUNTOS em sua faixa na Marcha desse ano, serve apenas para iludir a juventude de que essa conquista virá do alto do parlamento burguês, e não de nossa luta nas ruas. Descriminalizar é pouco perante o estrago que a guerra às drogas provocou. Nossa luta é pela legalização irrestrita da maconha, para combater a repressão estatal e o narcotráfico, e também para termos liberdade ao nosso corpo, em fazer o que quisermos com nossos sentidos físicos. Essa conquista virá da juventude, da luta, e não do judiciário golpista.

Diana Assunção, dirigente do MRT e diretora do Sintusp, fala desde a marcha:




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