No último sábado (3) um trabalhador autônomo de 26 anos foi preso por desacato na Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio, durante uma operação das Forças Armadas. Esse foi o primeiro caso de prisão por desacato desde que o governo Temer decretou a intervenção no Rio de Janeiro.
segunda-feira 5 de março de 2018 | Edição do dia
A prisão aconteceu durante uma operação que tinha o objetivo de desobstruir vias e retirar barricadas montadas nas favelas para dificultar o acesso das forças repressoras. 1.400 militares participaram da operação, com apoio de blindados e tratores.
Segundo a assessoria do Comando Militar do Leste (CML), o homem foi preso porque “proferiu uma série de xingamentos, ofensas e palavras de baixo calão direcionadas aos militares em presença na atividade”, logo no início da operação. O homem, que não teve sua identidade divulgada, é um trabalhador autônomo, que vai ter que responder por auto de prisão em flagrante e delito por desacato a militar em serviço na operação relacionadas à Garantia da Lei e da Ordem (GLO), segundo o CML.
Sobre esse acontecimento, militares do Comando Conjunto das Operações disseram que “o fato desde sábado mostra que é importante se discutir o desacato a militares porque muita gente acha que pode sair xingando e tudo bem”.
Enquanto isso, os moradores das favelas do Rio de Janeiro devem viver com a insegurança, com medo de sair de casa, de enviar seus filhos para as escolas, com tiroteios constantes, com conhecidos e familiares sendo assassinados, sem direito de se revoltar contra toda essa situação, devem ir e voltar pro trabalho passando por batidas abusivas, sem reclamar. A intervenção veio para aterrorizar e violar direitos da população pobre e negra dos morros, e aumentar a violência contra eles. A política de repressão, de guerra às drogas, é um crime contra a população pobre e negra.
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