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Natal | Sem EPIs, reposição e direitos básicos: servidores da saúde denunciam prefeito Álvaro Dias no HM de Natal

Na manhã desta terça-feira, 1º, os servidores da saúde do município de Natal realizaram uma ação em frente ao Hospital Municipal de Natal, em Petrópolis, para denunciar a situação da saúde da capital potiguar graças ao descaso do prefeito Álvaro Dias (PSDB) com a pandemia, a vida dos trabalhadores e da população.

terça-feira 1º de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Há algumas semanas que a prefeitura de Natal vem se recusando a realizar uma audiência entre a gestão da saúde municipal com os servidores. No entanto, até agora a prefeitura não deu ouvidos aos que estão na linha de frente da pandemia, em meio à variante ômicron, que tem batido record de contaminação, levando ao caos na saúde.

Segundo o Sindsaúde, o Hospital Municipal, assim como outros 11 em Natal, está com lotação máxima de leitos para COVID-19. Além disso, apenas nesse hospital há falta de insumos básicos, EPIs e capotes para atender a população, o que tem resultado em um aumento na contaminação e afastamento entre os próprios servidores da saúde. Ainda segundo relatos ao sindicato, há serviços com 50% do quadro afastado por doença. Nem mesmo máscaras N95 estão sendo oferecidas, inclusive para servidores que têm contato próximo ao paciente, conforme relata a servidora em vídeo:

Outro servidor, que preferiu não se identificar, relatou ao Esquerda Diário o conjunto de ataques que a prefeitura tem realizado aos direitos desses servidores, mostrando sua demagogia de médico, chamando esses trabalhadores de “heróis” na pandemia. Enquanto isso, a prefeitura cortou, no início desse ano, a gratificação COVID, paga como adicional à pandemia, em meio ao boom de casos da ômicron. Além disso, esses servidores não recebem sequer a insalubridade, adicional noturno, gratificação por plantão, sendo obrigados a trabalhar acima do normal, levando adoecimento inclusive mental dos servidores.

S: A prefeitura municipal de Natal é totalmente desrespeitosa. A gente que tá na linha de frente… quando você dá entrada na prefeitura através concurso público… tem desrespeitado os direitos adquiridos, como insalubridade, adicional noturno, gratificação de plantão. Eles não fazem o mínimo esforço pra cumprir com o dever de garantir o mínimo do direito do trabalhador. E depois dessa pandemia piorou mais ainda porque estamos trabalhando de forma intensa, a demanda aumentou bastante, e a saúde dos trabalhadores diminuiu bastante. Por exemplo, eu passei dois anos trabalhando sem direito a férias. Porque, cada decreto que ele [Álvaro Dias] colocava suspendia as férias, e assim vai. Isso vai mexendo com a saúde mental de todos os trabalhadores.

Eu tenho relatos de colegas que num suportam mais, vivem se afastando, porque não conseguem mais trabalhar dessa forma. Vocês sabem que a pandemia, né… dizimou milhares de pessoas, e isso não é fácil pra quem tá na linha de frente… então o mínimo que a gente quer, o mínimo que a gente quer, prefeito Álvaro Dias - falo que é pra ele ouvir mesmo - é respeito. É que o Sr. pague o que nos deve, e que o Sr. cumpra com a lei. É só isso que o servidor quer.

ED: Quais as reivindicações que vocês estão defendendo no ato de hoje?

S: Hoje em dia a gente ta reivindicando melhores condições de trabalho, aumento das gratificações, como a insalubridade, a gratificação COVID. Melhora na assistência, por que falta EPIs, falta profissionais, estamos trabalhando com escalas defasadas, sendo obrigados a dobrar plantões. Coisas que não deveríamos, porque jornadas longas de trabalho prejudicam a saúde do trabalhador. E o desrespeito, porque além de tudo isso, o prefeito não se posiciona e não quer nem diálogo com nossos representantes. Ao invés de sentar, tentar sanar esses problemas, ele prefere fugir e não falar com nossos representantes sindicais. Não quer fazer com que essa situação se resolva. Acho que ele prefere o caos e deixar os servidores aí, a Deus dará.

Vemos como os servidores da saúde estão sendo tratados como bucha de canhão por Álvaro Dias, tratando a pandemia como uma oportunidade para aumentar a exploração do trabalho desses servidores, que nem mesmo tiveram reajuste, e atacar impiedosamente direitos seus básicos, assim como dos trabalhadores terceirizados, demitindo ou atrasando salários. Não é atoa que nem mesmo ouve os servidores, há dois anos da pandemia é essa a situação da saúde municipal, enquanto a iniciativa privada avança. Seus ouvidos estão abertos apenas aos donos da Unimed e outros consórcios privados, e os grandes empresários da cidade, como os da Seturn, que mantém linhas reduzidas e a população se aglomerando nos ônibus, e banqueiros que ganham com os cortes na saúde.

Uma política que aprofunda os ataques à saúde orquestrados pela governadora Fátima Bezerra (PT), que ano passado não quis negociar o reajuste dos servidores da saúde do estado, enquanto atrasou mês a mês os salários dos trabalhadores terceirizados. Junto com Álvaro Dias, foi parte de demitir recentemente parte do pessoal da JML, que cuida da alimentação nos hospitais. A situação dos hospitais estaduais não está melhor, não havendo reposição de servidores que adoeçam. Durante a pandemia esteve junto aos mesmos empresários que pressionavam pela flexibilização antecipada, demitiram impiedosamente, e negavam a quarentena. O RN é um estado com enormes fábricas de costura, que poderiam ser convertidas para garantir EPIs, capotes e máscaras o suficiente pra não faltarem para a linha de frente, mas são mantidas apenas dando lucro ao Flávio Rocha.

A luta dos servidores é um exemplo de como batalhar para dar uma resposta à pandemia, começando por um plano emergencial que garanta testes gratuitos para todos, liberação remunerada nos locais de trabalho, e auxílio emergencial de um salário mínimo, junto a quebra das patentes das vacinas e abertura permanente de leitos. Mas também a contratação imediata de servidores da saúde para conter o avanço da ômicron, assim como a efetivação sem concurso dos servidores terceirizados, pois exercem funções essenciais para a saúde e o funcionamento dos hospitais. É inaceitável que falte itens básicos para os servidores e a população nesse momento, toda a indústria que possa deve ser reconvertida para a produção desses insumos sob controle dos trabalhadores.

A unidade dos trabalhadores com essa luta é fundamental para se enfrentar também com o governo Bolsonaro, que só esse ano diminuiu o orçamento de serviços públicos para dar ao Centrão e ao pagamento da ilegal dívida pública, responsável pela fome e ataques aos direitos dos trabalhadores. Junto à direita de Álvaro Dias (PSDB), e também de Geraldo Alckmin, que esteve junto aos ataques de Bolsonaro, é necessário combater também os ataques também do PT, que no governo Fátima mostra que tem como projeto administrar e dar continuidade aos ataques à saúde e reformas do regime do golpe de 2016. É por isso que Lula quer se aliar com Alckmin em 2022, para consolidar o projeto de país que os capitalistas, junto aos militares, juízes e o Centrão, querem para a classe trabalhadora: aumento da exploração, da subordinação aos EUA e do poderio dos militares.




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