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POR UMA INTERNACIONAL DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA | Seguir o neorreformismo X lutar pela independência de classe

A extrema esquerda a nível internacional, incluindo grande parte das organizações que provém do trotskismo, tem se adaptado às direções neo-reformistas, abrindo mão da luta pela independência de classe.

quarta-feira 26 de abril de 2017 | Edição do dia

Leia na íntegra o manifesto "Construamos um Movimento por uma Internacional da Revolução Socialista

Lado a lado com a crise mundial, vimos o desenvolvimento de uma forte polarização política e social que, junto ao fracasso dos partidos tradicionais, vem criando fenômenos políticos à direita e à esquerda. Entre esses últimos, os chamados “neorreformismos”, uma de suas primeiras expressões foi a ascensão do Syriza na Grécia, do Podemos no Estado Espanhol, e também fenômenos no interior dos partidos tradicionais como os que se desenvolveram ao redor de Corbyn na Grã Bretanha ou Sanders nos EUA, entre outros.

A extrema esquerda a nível internacional, na qual se inclui grande parte das organizações que se reivindicam ou advêm do trotskismo, se adaptaram a essa direções, relegando a luta pela independência de classe e junto dela qualquer influência independente sobre os setores de massas que giram politicamente à esquerda. O profundo fracasso dessa orientação está marcado na Grécia onde o neorreformismo sofreu uma bancarrota. Muitas correntes que se reivindicam revolucionárias haviam chamado voto no Syriza, inclusive na “Plataforma de Esquerda” do próprio Syriza, onde militavam correntes trotskistas. Aquela Plataforma, após acompanhar o rumo ajustador e privatizador do governo de Tsipras, terminou sendo expulsa, em seguida ficou fora do parlamento e, sem força na luta de classes, acabou reduzida à mais profunda impotência política.

É de se destacar nesse marco no cenário europeu, a recente oficialização na França – contra o reacionário regime eleitoral – da candidatura presidencial pelo NPA (Nouveau Parti Anticapitaliste [Novo Partido Anticapitalista, em português]) do dirigente operário, trabalhador da fábrica Ford, Philippe Poutou. A luta por conquistar essa candidatura, da qual fez parte a Courant Communiste Révolutionnaire (Corrente Comunista Revolucionária) teve que enfrentar a resistência inclusive de setores do próprio NPA que brigavam para que não se apresentasse uma candidatura independente para poder seguir o ex-ministro de governo de Jospin, Jean-Luc Mélenchon.

Mas não se trata apenas de Syriza ou Podemos. Por exemplo, no Brasil a finais de 2016, no marco da crise do PT, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) com Marcelo Freixo à frente, chegou ao segundo turno das eleições para o governo municipal do Rio de Janeiro, cidade que vem de importantes processos de lutas docentes, operárias, estudantis. Entretanto, a busca por acordos com empresários, a intenção de respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal se orientavam mais a um caminho parecido ao do Syriza que ao de colocar a possibilidade de um curso alternativo de independencia de classe e ruptura com o capitalismo.

Acreditamos que a Frente de Izquierda y de los Trabajadores (FIT) da Argentina representa, a 6 anos de seu nascimento, um exemplo do caminho inverso à subordinação da esquerda ao neorreformismo. Se trata de uma frente política de independência de classe conformada pelo Partido de los Trabajadores Socialistas (PTS), o Partido Obrero (PO) e a Izquierda Socialista (IS) com um programa transicional de luta por um governo dos trabalhadores e do povo de ruptura com o capitalismo, imposto pela mobilização dos explorados e oprimidos. Atualmente se consolidou como a quarta força política do país, desde 2013 até agora vem obtendo votações ao redor de um milhão de votos (entre 3 e 5,5%) a nível nacional, superando os 10% em eleições executivas na província de Mendoza (e sendo a segunda força em sua capital com 17%). Atualmente conta com 4 cargos de deputados nacionais e 20 deputados provinciais em diferentes pontos do país, e sendo seus principais porta-vozes uma referência constante nos debates nacionais (televisão, meios de comunicação massivos, etc).

Mas não se trata apenas de um fenômeno eleitoral. A FIT se consolidou como referência política e ideológica em uma camada da classe operária e dos setores populares frente a todas as variantes dos capitalistas semeando amplamente a perspectiva de independência de classe. Apesar da situação de baixa luta de classes que atravessa a Argentina, a FIT reuniu mais de 20 mil pessoas no seu ato no estádio de futebol de Atlanta no final de 2016, na cidade de Buenos Aires. Nada mais do que uma expressão da ampla influência em camadas das massas que se identificam com a esquerda, não apenas entre a juventude estudantil mas também no movimento operário que conta, na Argentina, com uma longa tradição peronista de conciliação de classes.

Esta presença de uma voz pela independência de classe no país, para além da quantidade de votos que está determinada por multiplas questões conjunturais, não apenas representa um ativo enorme para futuras situações mais agudas da luta de classes, mas também é na atualidade um grande ativo na luta por criar as bases de um partido revolucionário com influência de massas na Argentina.




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