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IMPERIALISMO | Secretário de Defesa dos EUA vem ao Brasil averiguar eleições e intimidar comércio chinês

O secretário de Defesa dos Estados Unidos da America, James Mattis, está fazendo uma visita a países da América do Sul para tratar de temas – a princípio – relacionados a acordos e parcerias entre os países. Essa é a primeira vez que vem ao Brasil.

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

segunda-feira 13 de agosto de 2018 | Edição do dia

As primeiras viagens serão para o Brasil e a Venezuela, países cuja instabilidade preocupa perdura e tem novos episódios, como são as eleições incertas no Brasil, mesmo sob controle da Lava-Jato, e o recente atentado contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e sua aproximação com rival americano, a China. Até sexta-feira, o responsável pelo Pentágono visitará a Argentina, Chile e Colômbia.

Sua agenda no Brasil começou com uma reunião na parte da manhã com o ministro das relações exteriores, Aloysio Nunes. A tarde se encontrou com o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, antes de participar de outros eventos do ministério. Além disso, estava agendado um discurso na Escola Superior de Guerra, buscando aprofundar as parcerias repressivas entre os países na Copa do Mundo e Olimpíadas.

Além disso, com a venda da Embraer para a Boeing, certos acordos em torno da construção de uma base de lançamento de satélite de Alcântara (MA) voltar a ser cogitados. Mas certamente não passam de razões secundárias para que viesse até o Brasil.

Em briga comercial com a China, EUA cuida do seu quintal

Do ponto de vista comercial, o governo americano tem trabalhado para segurar a maior relação entre o Brasil e a China. Os chineses vem comprando importantes estatais, ligadas a Eletrobras e empresas de saneamento (ainda que secundárias se comparadas as "grandes" entregues aos americanos). Além disso, após as barreiras comerciais impostas pelo EUA ao país asiático e sua maior demanda por soja que não seja americana, o Brasil é cobiçado e cobiça exportar sua safra, carnes e minérios.

Nesse mesmo dia, Temer deu um recado aos americanos ao se encontrar com um grupo de chineses nessa tarde. Não será fácil cortar as negociações com o gigante asiático. Ligado a construção civil e de linhas de trens, o grupo chinês sinalizou interesse pela extração de minério e na estrada de ferro Leste-Oeste, na Bahia.

Ao Globo, Morris não deixou barato: "Existe mais de uma maneira de perder a soberania. Isso ocorre não apenas com a violência. Pode ser com presentes e grandes empréstimos”, fazendo referência aos empréstimos da China à America Latina. Mas o controle americano sobre a dívida pública brasileira, tesouro que a China não terá facilmente, ainda que tenha realizado empréstimos na ordem de U$80 bilhões ao país desde 2015, é um dos principais mecanismos que os EUA tem usado para pressionar o país, via pressão sob o câmbio e ameaçando tirar capitais.

Eleições 2018: a fraude que o imperialismo espera colher seus frutos

Durante o debate eleitoral ocorrido na quinta-feira, Trump enviou três funcionários da embaixada no Brasil para acompanhar, conversar com jornalistas e enviar seu parecer sobre o cenário político a Washington. Comprovação do mais que evidente interesse americano nessas eleições. Os EUA já possui distintos tentáculos nessas eleições, via operação Lava-Jato e o filho de Harvard, Sergio Moro, aprendiz de suas teses “anti-corrupção”, baseadas em mecanismos arbitrários.

Saiba mais: Emissários de Trump observam de perto a eleição no Brasil, controlada pelo autoritarismo judiciário

Os principais compradores das estatais brasileiras do último, desde refinarias da Petrobrás até a tecnologia da Embraer, tem feito dessas eleições uma manobra para eleger aquele que melhor beneficie seus negócios. Dentre eles, o mais importante, que o país tenha condições de bancar o seu saque trilhonário anual via dívida pública, motivo principal da Reforma da Previdência e privatizações (cujo dinheiro adquirido vai direto para os bancos americanos que monopolizam nossos títulos).

Ou seja, querem um novo e mais ajustador governo Temer, uma continuidade do golpe, tal como Alckmin se propõe. Lula e o PT, apesar de se ajoelharem por 13 anos aos seus interesses, oferecerem hoje sua própria Reforma da Previdência e garantir a tranquilidade nos sindicatos para que Temer aprovasse a Reforma Trabalhista, o imperialismo quer que dessas eleições saia um governo que aprofunde os ataques começados no segundo mandato da Dilma.

No entanto, com Lula fora do páreo via prisão arbitrária, suas preocupações tem se restringido a disputa entre Alckmin e Bolsonaro, com o ex-militar visto como demasiado instável politicamente. Mas certamente ambos, ou mesmo Lula ou Haddad, enfrentariam grandes contradições em seu novo governo, frente a deslegitimação popular em torno dessas eleições e do programa de ataques pró-imperialista. Não será simples, as urnas não sanam as contradições estruturais da crise orgânica que vive o capitalismo hoje, que no marco das disputas entre China e EUA tendem a gerar novas pressões e desafios para o sucessor do golpe.




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