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Sacolão das Artes luta contra fechamento

O Sacolão das Artes está sendo obrigado a fechar suas portas. Segundo integrantes da nova gestão, apesar da petição e do abaixo assinado que já conta com mais de 1.000 assinaturas, as coisas não andam bem e terão que desocupar definitivamente o galpão até o final do mês.

segunda-feira 23 de abril de 2018 | Edição do dia

Um grande galpão antes utilizado como sacolão hortifrutigranjeiro e que desde 2007 foi ocupado por coletivos culturais e lideranças comunitárias da região do Parque Santo Antônio, na periferia sul da cidade de São Paulo, O Sacolão das Artes tornou-se um dos espaços alternativos de cultura bem conhecidos na cidade de São Paulo, e durante muitos desses anos de existência, contou com uma programação bem diversificada (teatro, cinema, dança, música, artes visuais, rodas de leitura, atividades esportivas, poesia, grupos de estudos etc).

Sempre foi objetivo do espaço garantir à população do entorno, crianças, jovens e adultos, acesso a arte em suas mais diversas manifestações e linguagens, e desse modo, manter uma programação que não se submeta as padronizações típicas da indústria cultural.

Desde sua existência, foi criado um conselho gestor para que as ações inerentes a cessão de uso do espaço fossem devidamente levadas adiante, de modo a garantir que o espaço pudesse ser livremente gerido pela comunidade e pelos coletivos que o ocupam. Foi sempre um processo de muitos entraves com a Subprefeitura, que agiu por diversas vezes de forma repressiva e sem diálogo com o coletivo gestor. Após muita luta, o Sacolão ficou com suas portas abertas e suas atividades ativas por conta da cessão de uso provisório do espaço. Agora, devido a troca de gestão do espaço e possíveis desacordos entre a antiga e a nova gestão do espaço, o processo de renovação passa por diversos entraves, o que acabou culminando esse mês em mais um ataque ao espaço: O Sacolão das Artes está sendo obrigado a fechar suas portas. Segundo integrantes da nova gestão, apesar da petição e do abaixo assinado que já conta com mais de 1.000 assinaturas, as coisas não andam bem e terão que desocupar definitivamente o galpão até o final do mês. O novo coletivo gestor, que já está solicitando nova cessão de uso, está também construindo uma proposta para lutar mais uma vez pela reabertura. Ainda essa semana o grupo se reunirá para resoluções mais concretas.

Nesse momento de ataques diretos à arte que não se dispõe a ser mercadoria na prateleira da indústria cultural, vários são os casos de censura a artistas e suas obras, repressão aos coletivos e aos espaços culturais que resistem e lutam para que a periferia também tenha seu direito à cultura garantido, para que circulem ideias anticapitalistas nas ruas, nos bairros, no cotidiano de quem já sofre as mazelas de trabalhos precarizados, de quem já todos os dias se depara com a falta de acesso a equipamentos públicos que cumpram sua função de garantir saúde, educação e transporte de qualidade. Os desdobramentos do golpe que atingem toda a classe trabalhadora diretamente, com as reformas por exemplo e a intervenção federal no RJ, com o brutal e ainda sem explicações assassinato de Marielle e Anderson, também atingem a arte. Com clara função de calar as vozes que ecoam por meio das mais diversas linguagens artísticas e fazer valer os absurdos do capitalismo, censuram, reprimem e sucateiam os programas de incentivo, artistas e coletivos e atacam o quanto podem os espaços que fomentam discussões e acesso a conteúdo crítico. Nesse sentido, há ainda mais que compreender a necessidade urgente de que os artistas estejam em luta, mas não somente por pautas direcionadas a orçamento ou aos programas culturais. Que nos voltemos ainda mais às questões que sempre estão presentes em nossas reflexões: Arte para que? Arte para quem? É necessário que estejamos todos nós, artistas e coletivos, ligados diretamente à luta de classes, já que enquanto houver capitalismo, não há possibilidade da real libertação da arte! E a arte sendo capaz de fomentar dialogo e reflexão, a arte que consegue desnudar absurdos e despertar criticidade é também voz contra o capitalismo e todas as suas mazelas.

Contribua! Acesse o link para assinar a petição aqui.




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