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CORONAVÍRUS | SUS perdeu e saúde privada ganhou: a conta que não fecha dos milhares de leitos no Brasil

Em 11 anos, desde a pandemia do H1N1 em 2009 até os dias de hoje, o Brasil perdeu cerca de 34,5 mil leitos de internação, indo de 460,92 mil para 426,38 mil. Esse número é referente ao SUS, que perdeu quase 50 mil espaços de atendimento nesse período. Já a iniciativa privada aumentou o número de leitos em 14 mil no mesmo período. Como fechar essa conta para que os leitos no país possam estar à disposição dos milhares contaminados por Coronavírus?

domingo 22 de março de 2020 | Edição do dia

O isolamento cumpre um papel importante no combate à disseminação do Coronavírus, mas ele não é suficiente. Por um lado vemos que vários setores de trabalhadores não podem parar porque cumprem funções essenciais, como os trabalhadores da saúde, ou mesmo porque seus patrões negam esse direito, como vemos com os absurdos no telemarketing. Para além disso, está mais do que claro, e na boca do próprio governo, que nossa estrutura de leitos de UTI, respiradores e quantidade de trabalhadores da saúde, não são suficientes para atender às possíveis dimensões da crise.

O Brasil perdeu nos últimos anos mais de 43 mil espaços de atendimento no SUS, destes 34,5 mil leitos deixaram de existir, enquanto a iniciativa privada aumentou sua estrutura em 14 mil leitos. Isso se deve por um lado pelos cortes à saúde, que já vinham nos governos do PT, se aceleraram com o governo Temer e ganhou ainda mais força com Bolsonaro. Mas também porque os governos precarizam justamente para privatizar.

Segundo matéria do Estadão, especialistas dizem que o número de leitos diminuiu porque hospitais com convênio pelo SUS deixaram de ser lucrativos, por isso fecharam suas portas. Isso escancara a lógica de mercado a que nossa saúde está submetida, na qual ficar doente produz lucro e enriquece os tubarões dos convênios de saúde, como a AMIL, que somente ano passado lucrou $17 bilhões.

Além disso, desmente a ideia de que os leitos diminuíram porque é uma tendência mundial de mudança nos atendimentos. Já que é uma tendência, porque os dados apontam que a estrutura privada aumentou em 14 mil o número de leitos? A conta precarizar para privatizar é bastante evidente no caso da saúde. Fecham leitos do SUS, para que a população pobre e os trabalhadores não tenham outra opção que não seja se endividar para pagar convênios e possam ter direito à internação caso precisem.

Além disso, os leitos de tratamento intensivo, as UTIs, também já não são suficientes para atendimento e muitas não contam com respiradores. Segundo orientação da OMS, Organização Mundial da Saúde, é preciso no mínimo 3 leitos de UTI para cada 10 mil habitantes, o Brasil tem 1 leito para cada 10 mil, e ainda concentrado na região Sudeste. Já na rede privada, a média é de 4 leitos por cada 10 mil habitantes, já que também atendem apenas 25% da população.

Assim, para que possa atender ao nível que a crise do coronavírus aponta, não tem outra saída que não seja atacar os lucros dos que vivem às custas da vida da população. É preciso desde já construir leitos, a começar por expropriar e reativar hospitais que foram fechados. Além disso, toda a estrutura de leitos, leitos de UTI e respiradores da iniciativa privada também devem estar disponíveis ao SUS, sem nenhuma indenização.

É preciso também exigir contratação imediata aos trabalhadores da saúde, que hoje já estão sobrecarregados, contratando profissionais desempregados e estudantes como efetivos. E a grande crise dos respiradores só pode ser respondida com indústrias que já existem se colocando para produzir milhares de respiradores pelo país. Para isso, os trabalhadores precisam tomar as rédeas da resolução da crise nas suas mãos, controlando a produção nas fábricas e toda a estrutura de saúde, já que Bolsonaro e todos os governos já demonstraram que deles vai vir desemprego, miséria social, e nenhuma resolução real para crise, mantendo os lucros dos grandes empresários enquanto os números de mortes seguem se acelerando.




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