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STF GOLPISTA | "STF tenta mea-culpa, mas mantém reformas, verdadeira obra econômica do golpe", diz Val Müller

Conversamos com Valeria Müller, estudante de letras, trabalhadora precarizada, fundadora do grupo de mulheres Pão e Rosas no Rio Grande do Sul e militante do MRT sobre a decisão da 2ª turma do STF que votou a suspeição de Moro e consequentemente a anulação de todos os processos contra o ex-presidente Lula. Ela deu sua opinião e explicou porque não podemos ter confiança nas medidas do judiciário.

quarta-feira 24 de março de 2021 | Edição do dia

“Ontem foi um verdadeiro teatro em rede nacional, os ministros do STF falaram de imparcialidade por horas com a maior cara de pau, como se não tivessem sido eles que protagonizaram a condução do golpe em 2016, coordenando as operações autoritárias da Lava-Jato, sendo cúmplices de Moro na falsificação de provas, vazamentos ilegais junto com a mídia golpista, uma grande farsa manipulada que depois do impeachment levou a prisão arbitrária do Lula e ao sequestro do poder de voto da população em 2018, favorecendo Bolsonaro nas eleições.

Foi uma encenação para tentar nos enganar, fazer uma mea-culpa já que agora Bolsonaro tá questionado, com 300 mil mortes nas costas e um país afundando em desemprego e miséria. Estão com medo de perder o controle, por isso reabilitam o Lula, como alternativa eleitoral para conter a insatisfação! Mas é uma mea-culpa que não convence ninguém, não só porque não esquecemos as manobras jurídicas e autoritárias do golpe, mas principalmente porque sempre soubemos que por trás de tirar o PT do governo estavam os interesses econômicos contra os trabalhadores."

Como foi na época do impeachment da Dilma e qual a relação entre a atuação do STF e as reformas que vieram com Temer e depois Bolsonaro?

"Lutamos contra o golpe institucional desde o começo, combinando a defesa dos direitos democráticos com a luta contra os ataques econômicos justamente por isso, sempre soubemos que era contra nós trabalhadores que queriam avançar, contra nossos direitos, para nos explorar ainda mais. A Dilma até começou a aplicar os ataques que a burguesia estava exigindo, cortou milhões da educação enquanto mantinha o religioso pagamento da dívida pública que é um bolsa banqueiro, mas eles queriam mais, e a própria estratégia do PT que colocou um monte de conservador das bancadas BBB pra junto do governo facilitou o caminho do golpe.

Eles queriam e fizeram a reforma da previdência, a reforma trabalhista, a terceirização irrestrita pra precarizar ainda mais o trabalho e aumentar os lucros dos empresários. Não esquecemos do "grande acordo nacional", que segundo Jucá e Moro deveria ser com o "supremo, com tudo", para "estancar a sangria". Agora ainda usam a pandemia para fazer mais chantagem com o auxílio emergencial totalmente insuficiente em troca de congelamento de salários com a PEC Emergencial. Prezam pela responsabilidade fiscal para salvar banqueiros e investidores e deixar a população na miséria."

O STF está tentando disfarçar sua cara golpista, mas como não cair nessa história na prática?

"O STF tenta mea-culpa, mas mantém todas as reformas, verdadeira obra econômica do golpe, e por isso não podemos nos iludir nem por um instante com essas decisões pelo alto, muito menos cair no conto do PT e de Lula que querem repetir a tragédia e, sem se dirigir aos trabalhadores para que lutem pela anulação das reformas, só apontam 2022 como saída, uma mentira!

Vai ser com nossa força, nos organizando nos locais de trabalho e estudo pela base, com assembleias presenciais ou virtuais de acordo com a possibilidade, unificando jovens e trabalhadores pra exigir das direções dos movimentos de massas, da CUT, da UNE que organizem um verdadeiro plano de luta pela anulação de todas as reformas que vamos vingar o golpe.”




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