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LGBT | STF definirá se LGBTs poderão salvar vidas doando sangue ou se manterá preconceito

Depois da Cura Gay, STF definirá amanhã (19) se homens gays seguirão proibidos de doar sangue no Brasil. Até quando o preconceito impedirá de salvar vidas?

Virgínia GuitzelTravesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC

quarta-feira 18 de outubro de 2017 | Edição do dia

Desde 2016, a ação transmita na Câmara sob relatoria de Edson Fachin, e nesta quinta-feira (19), ocorrerá a votação da ação direta de inconstitucionalidade 5543 que discute trechos da portaria n º 158/2016 do Ministério da Saúde e da resolução n º 43/2014 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA que consideram homens homossexuais temporariamente inaptos para a doação de sangue pelo período de 12 meses a partir da última relação sexual.

A ação foi movida pelo PSB, demonstra a homofobia institucional que ainda vivemos no país. Revela que o preconceito além de tirar centenas de vidas todos os anos, tendo inclusive se aprofundado com a diminuição do tempo entre os assassinatos, também impede que salvemos tantas outras que precisam de transfusão de sangue.

É absurdo tratamento discriminatório por parte do Poder Público em função da orientação sexual. Até mesmo Janot, é obrigado a se pronunciar contrária a esta discriminação, pois ela ultrapassa qualquer direito elementar de igualdade social. O procurador argumentou que as regras se baseiam em uma noção ultrapassada de “grupos de risco”, quando o conceito mais atual para fundamentar os critérios para doação de sangue seria o de “comportamento de risco”, como é por exemplo a prática sexual com pessoas desconhecidas, independentemente da orientação sexual.

Precisar de uma votação para permitir que os homens gays doem sangue é sem dúvidas uma grande comprovação da LGBTfobia que vivemos. Não estamos discutindo apenas a doação de sangue, mas a estigmatização que vem desde o descobrimento da AIDS, que foi mundialmente divulgada como o "Cancer Gay". Não aceitamos que nos tratem como doentes, nem que nosso sangue não pode salvar outras vidas. O capitalismo que é doente e mata todos os dias. Não a toa o Brasil é conhecido como país do transfeminicidio, pois o nosso sangue é cotidianamente derramado nas ruas, nas esquinas pela repressão policial, pelos assassinatos, e pelas péssimas condições de vida, e rejeitado na saúde pública, como se nós fossemos um grupo de risco. O único grupo de risco que existe hoje é dos empresários que sugam o sangue dos trabalhadores com essas reformas e acabando com nossa aposentadoria.

A retirada dos homens gays como grupo de risco, após muita demora, é um passo elementar para qualquer democracia. Seguimos sem ilusão nestas instituições, pois ao mesmo tempo que poderá dar um passo a frente, mantém uma liminar que nos patologiza. Não somos doentes!




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