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USP | SINTUSP contra a condenação arbitrária de Lula e por um plano de lutas independente do PT

No dia 19 de janeiro o CDB (Conselho Diretor de Base do Sindicato dos Trabalhadores da USP-SINTUSP) se reuniu para debater a conjuntura nacional, a luta contra a reforma da previdência e campanha salarial. Nesse marco, um dos temas debatidos foi o julgamento de Lula, que ocorrerá no dia 24 de janeiro.

terça-feira 23 de janeiro de 2018 | Edição do dia

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“A influência da burguesia sobre o proletariado se reflete na teoria da neutralidade segundo a qual os sindicatos deveriam colocar-se exclusivamente objetivos corporativos, estritamente econômicos e não de classe. Os sindicalistas que não se colocam nenhum objetivo de classe, ou seja, que não apontam para a derrubada do sistema capitalista são, apesar de sua composição proletária, os melhores defensores da ordem burguesa” [Leon Trotsky, Teses sobre a ação comunista no movimento sindical]

No dia 19 de janeiro o CDB (Conselho Diretor de Base do Sindicato dos Trabalhadores da USP-SINTUSP) se reuniu para debater a conjuntura nacional, a luta contra a reforma da previdência e campanha salarial. Nesse marco, um dos temas debatidos foi o julgamento de Lula, que ocorrerá no dia 24 de janeiro.

O julgamento do Lula é uma temática quem ganhou grandes proporções na política nacional pois 2018 é ano eleitoral (serão eleitos o presidente, governadores, senadores e deputados estaduais e federais). O cenário político é marcado por intensa polarização. O fato de Lula liderar as pesquisas com 34% das intenções de voto (de acordo com recente pesquisa do Datafolha), seguido por Jair Bolsonaro (PSC) com 17% e Marina Silva (rede) com 9%, e uma possível condenação de Lula no julgamento do dia 24, o que inviabilizaria sua candidatura) expressa, ainda que de forma distorcida, essa polarização.)

Como viemos apontando em vários artigos do Esquerda Diário esta é uma das situações em que os rumos políticos do país estão colocados nas mãos do Judiciário, uma instituição que, longe de ser neutra é um genuíno pilar de dominação da burguesia em nosso país. Em vários momentos decisivos, o Judiciário é uma instituição que tem assumido "um jogo próprio" e vem agindo como um árbitro que se move em função dos interesses políticos e econômicos da burguesia nacional e imperialista. Para isso o Judiciário toma medidas arbitrárias que violam abertamente os mais elementares direitos democráticos, agindo à revelia até mesmo das regras da própria democracia dos ricos.

Um primeiro debate que tomou parte da reunião do CDB (Conselho Diretor de Base do Sintusp) do dia 19/1 foi sobre se os sindicatos, e o Sintusp em particular, deveriam ou não se posicionar politicamente diante dos acontecimentos políticos que ocorrem no país em geral, e, neste caso específico, se deveriam ter um posicionamento político frente ao julgamento de Lula no dia 24. No debate, em que intervieram os setores que compõem a diretoria do sindicato e a vanguarda de trabalhadores da USP ali reunida, companheiros do Coletivo Piqueteiros e Lutadores (grupo majoritário da diretoria), o PSTU e o grupo Transição Socialista (ex-NN) com diferentes argumentos consideravam que o Sintusp não deveria se posicionar frente a esse fato nacional.

Um dos argumentos usados para que o Sintusp não se posicionasse sobre esse tema é de que isso levaria a uma divisão da categoria. Não poderia haver visão mais equivocada do significado da frente única operária e da democracia operária, pois assumir um posicionamento político a partir do debate e da deliberação dos fóruns democráticos da categoria de forma alguma pode ser um impeditivo para construir a mais ampla unidade contra os ataques da burguesia e do governo como a reforma da previdência, a reforma trabalhista e em defesa das liberdades democráticas.

Sobre “Frente única operária” leia aqui: Leon Trotski: Sobre a Frente Única (1922)

Também neste debate, tanto PSTU como o grupo Transição Socialista (ex-NN), defenderam a favor da condenação de Lula, mesmo que sem provas e em base a toda a arbitrariedade do Judiciário, mostrando a profunda adaptação com que setores da esquerda, apoiaram e que aplaudiram o golpe institucional, continuam atuando.

Nós, integrantes do Movimento Nossa Classe dentro da diretoria e do CDB, defendemos que os trabalhadores e seu instrumento de luta, o sindicato, devem se posicionar politicamente frente a cada fato importante da situação nacional, se contrapondo à política da burguesia, comum posicionamento político próprio dos trabalhadores.

Marcello Pablito, diretor do Sintusp e integrante do MRT e do Movimento Nossa Classe declarou: “Consideramos um erro separar a atuação sindical da política. Na prática, isso significa reservar aos trabalhadores uma posição que se limita a dedicar todas as suas energias à lutar apenas por salário, ou em lutas parciais, enquanto respeitam a imposição de que deixem nas mãos da burguesia os rumos políticos do país. Se não rompemos essa separação entre o sindical e o político e apresentamos a nossa própria política independente dos trabalhadores, deixamos os trabalhadores reféns da política e da ideologia burguesa e, assim, nossas lutas parciais serão inofensivas à dominação dos patrões e do governo.”

Frente ao julgamento de Lula, e as manobras do Judiciário que busca sua condenação, mesmo sem provas ou com argumentos políticos muito mais frágeis do que os que pesam sobre todos os candidatos do golpismo, se demonstra que o Judiciário, longe de ser neutro, age de maneira seletiva e orientado pelos interesses da burguesia e do imperialismo. A antecipação do julgamento de Lula tem a ver com o objetivo político de impedir sua candidatura.

Saiba mais: Lava Jato é justa e combate à corrupção?

Babi Dellatorre, diretora do Sintusp e do grupo de mulheres Pão e Rosas, declarou: “Defendemos que os trabalhadores enfrentem firmemente essas medidas do Judiciário se posicionando contra a condenação arbitrária e sem provas de Lula porque a violação de direitos democráticos (como o direito de que o povo possa votar em quem quiser, inclusive em Lula) será um precedente para aprofundar ainda mais a arbitrariedade que já reina no judiciário e na repressão do Estado contra os trabalhadores, o povo pobre e a esquerda.”

Patricia Galvão, também diretora do Sintusp e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas acrescentou: “Ao contrário do que boa parte da esquerda infelizmente vem defendendo, não podemos depositar nenhuma confiança no judiciário e na Lava jato. Nenhum desses juízes, que não foram eleitos por ninguém, e esse judiciário racista e reacionário vai dar uma saída para os escândalos de corrupção. Precisamos de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela luta, que estabeleça um júri popular para todos os casos de corrupção que a expropriação dos bens dos políticos corruptos. Isso só pode ser feito confiando em nossas próprias forças e preservando nossa independência política.”

Ao mesmo tempo em que damos esse combate contra a direita e o judiciário fazemos isso sem alimentar nenhuma ilusão em Lula e o PT que querem canalizar o descontentamento popular com as medidas arbitrárias do Judiciário para a campanha eleitoral de Lula, enquanto centrais sindicais petistas como a CUT e CTB boicotam e traem a luta dos trabalhadores contra as reformas trabalhista e da previdência como fizeram ao longo do ano de 2017. Vale lembrar também que a aposta em Lula 2018, não significa de forma alguma a revogação das reformas trabalhista e da previdência, como o ex-presidente já deixou claro em declarações para “tranquilizar” o empresariado.

Leia aqui: Lula afirma que não anulará reformas de Temer se for eleito em 2018

Claudionor Brandão afirmou que " O PT, apesar de ter surgido a partir de um dos maiores assensos da classe trabalhadora no Brasil, se apresentou como um partido de conciliação de classes desde a sua origem, traindo as greves nos anos 70, assimilando os mesmos métodos burgueses da corrupção, fortalecendo a direita e assim abrindo caminho para que esta implementasse o golpe institucional que veio para impor ataques ainda mais duros aos trabalhadores. Lula e o PT tentam canalizar o legitimo sentimento de milhões de trabalhadores contra as arbitrariedades do Judiciário para sua campanha eleitoral e a prova disso é que mesmo frente ao anuncio do governo em aprovar a Reforma da Previdência no dia 19 de fevereiro as centrais sindicais dirigidas pelo PT e pelo PC do B estão mobilizando todas as suas forças em função e realizar atos eleitorais e se recusam a romper a paralisia e convocar uma greve geral e um plano de lutas construído pela base e que possam barrar a reforma da previdência e revogar a reforma trabalhista".

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Boletim do Sintusp




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