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MÁFIA DA MERENDA | Russomano vira "novo parceiro" da Máfia da Merenda, segundo investigação da polícia

Durante investigação da Máfia da Merenda em São Paulo, a Polícia Civil encontrou mensagens que ligam integrantes da organização criminosa com Celso Russomano, candidato a prefeito da capital paulista. Segundo Chebabi, quadro importante da máfia da merenda, Russomano seria um "novo parceiro".

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

sexta-feira 26 de agosto de 2016 | Edição do dia

A Operação Alba Branca é uma investigação da Polícia Civil em parceria com o MPF iniciada em janeiro a respeito do esquema de fraudes em licitações da merenda escolar em pelo menos 35 prefeituras do estado e também sobre contratos da Secretaria de Educação do governo Alckmin, a chamada Máfia da Merenda.

O presidente da ALESP, Fernando Capez (PSDB), é um dos principais nomes que estão sendo investigados, acusado de receber propina durante as suas eleições para deputado estadual em 2014. A Alba Branca investiga ainda o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin, Luiz Roberto dos Santos, o ‘Moita’, e o ex-chefe de gabinete da Educação do Estado, Fernando Padula.

O deputado Russomano não é alvo da investigação (inclusive por conta do foro privilegiado) e também não é acusado de algum ato ilícito, no entanto o documento da PF produzido por essas investigações sugere proximidade de Russomano com dois alvos da Alba Branca, quadros importantes na estrutura da organização criminosa, César Augusto Lopes Bertholino, o ‘Marrelo’, e Cássio Chebabi.

A Polícia Civil disponibilizou uma troca de conversas do dia 16 de julho de 2015 entre ‘Marrelo’ – o primeiro, ex-presidente da Cooperativa COAF, o segundo ex-vendedor e representante da Cooperativa – e Chebabi que evidencia a relação entre o deputado e os criminosos.

‘Marrelo’ escreveu às 17h54: ‘Tô indo lá pro Mané, vamos jantar com Celso Russomanno. Eu e o Marcel. Marcamos às 9 horas.
Chebabi respondeu às 18hs: “Novo parceiro.”
‘Marrelo’: Opaa. O Marcel já tinha conversado com ele. E falado da Coaf prá ele.
Chebabi: Tá forte prá prefeitura.
‘Marrelo’: Ele foi pedir apoio pro Leonel (*).
Chebabi: Ele é PR.
‘Marrelo’: PRB. Universal.
Chebabi: Cola
‘Marrelo’: Tá com dindim prá gastar. Vai dar duas secretarias pro Leonel. Se ele vier a ser prefeito de SP. Já tá acordado.

* Leonel Júlio é ex-deputado cassado e pai do lobista número 1 da quadrilha da merenda, Marcel Júlio – presos por alguns dias pela Operação. Foi acusado de gerenciar e receber dinheiro da Máfia da Merenda, que levou a esse período em cárcere, e é reconhecido por ter perdido seu mandato de presidente da ALESP durante a ditadura, em 1976, por envolvimento no “escândalo das calcinhas”.

Russomano, como um bom acusado de corrupção faz, nega envolvimento com os criminosos.

Indignado, ele afirma que não conhece e nunca se encontrou com ‘Marrelo’ e Chebabi. Russomanno informou que vai oficiar o Ministério Público pedindo ‘apuração irrestrita dos fatos’.

“Vou oficiar o Ministério Público pedindo apuração irrestrita dos fatos. Estou colocando à disposição do jornal O Estado de S. Paulo e das autoridades o meu sigilo telefônico, fiscal e financeiro para apuração incondicional desta suposta conversa telefônica. Não conheço estes cidadãos, nunca tive contato com eles, nunca encontrei-os pessoalmente. Vou interpelá-los judicialmente para que façam prova de que mantiveram algum contato comigo. A quem interessa envolver o meu nome nesse monte de mentira? Faço questão de ir a fundo nessa investigação para saber a mando de quem, ou de qual partido estão tentando sujar o meu nome.”

Mas não é a primeira vez que Russomano aparece sendo envolvido com algum esquema de corrupção. O líder nas pesquisas eleitorais à prefeitura de São Paulo já foi condenado em primeira instância por peculato (desvio de dinheiro público), por ter pagado a sua gerente produtora de vídeo com dinheiro da Câmara, entre 1997 e 2001.




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