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APÓS PRISÃO ABSURDA | Rodrigo Pilha é solto da prisão após realizar greve de fome

O ativista foi preso em um protesto no dia 18 de março por estar com uma faixa escrito "Bolsonaro Genocida"

segunda-feira 12 de julho de 2021 | Edição do dia

O ativista Rodrigo Grassi, conhecido como Rodrigo Pilha, foi liberado do Centro de Progressão Penitenciária do Distrito Federal neste sábado (10).

Pilha foi preso em 18 de março deste ano após levar uma faixa escrito “Bolsonaro genocida” para um protesto contra o reacionário Bolsonaro diante do Palácio do Planalto.

O ativista, que já havia denunciado ter sido torturado quando foi preso, decidiu realizar uma greve de fome em protesto a sua prisão, e encaminhou uma carta para familiares e amigos contando sobre ação.

Saiba mais: Preso pela LSN por criticar Bolsonaro, Rodrigo Pilha é torturado por agentes

"Tendo em vista que o Judiciário segue me proibindo de falar, conceder entrevistas, e agora me mantém preso, mesmo eu tendo conquistado o direito ao regime aberto, optei por usar meu corpo e a resistência pacífica para protestar contra estes e diversos outros absurdos que seguem ocorrendo no sistema penitenciário do DF, por conta do autoritarismo policial e judicial”, diz a carta.

Pilha foi preso inicialmente sob acusação de crime contra a Lei de Segurança Nacional pelo protesto realizado contra Bolsonaro, posteriormente foi inocentado da acusação mas mantido preso por condenações anteriores como desacato e crime de trânsito.

Abaixo a carta de Pilha divulgada no sábado:

Brasília, 9 de julho de 2021

Queridos familiares e amigos, após refletir bastante na última madrugada de cárcere, decidi que inicio a partir de hoje uma greve de fome sem data para acabar.

Tendo em vista que o Judiciário segue me proibindo de falar ,conceder entrevistas, e agora me mantém preso, mesmo eu tendo conquistado o direito ao regime aberto, optei por usar meu corpo e a resistência pacífica para protestar contra estes e diversos outros absurdos que seguem ocorrendo no sistema penitenciário do DF, por conta do autoritarismo policial e judicial.

Bem mais que não desejar comer aquela lavagem que chamam de comida, entregue aos apenados, lá naquela espécie de campo de concentração contemporâneo chamado de “Galpão” , minha greve de fome tem o intuito de denunciar e chamar a atenção da sociedade para os maus-tratos, as péssimas condições de cumprimento de pena e toda a sorte de violações de direitos humanos que continuam a ocorrer dentro do sistema prisional do DF, sob a vista grossa de um Judiciário que muitas vezes lava as mãos, passa o pano e acaba sendo conivente com tais atrocidades.

Ameaças de castigo e agressão, xingamentos e maus tratos por parte de policiais penais, seguem ocorrendo, e inquirições de apenados SEM a presença da defesa (fato que só comigo , já ocorreu em três oportunidades), são práticas corriqueiras.

As celas e alas seguem hiper lotadas, com pessoas dormindo por cima das outras, e até no chão sujo em meio a baratas e escorpiões.

O banheiro mais parece uma pocilga e os banhos de sol são de meia hora apenas.

Castigos excessivos e por razões banais, com o mero intuito de causar a regressão penal dos presos, acabam por institucionalizar a tortura psicológica por parte do estado no cotidiano dos presídios.

A diretoria penitenciária de operações especiais (DPOE) é acusada de espancamentos gratuitos, mutilações e até de ser responsável pela morte de presos após a prática do procedimento chamado de “extração” ou “guindar” apenados.

Por fim, sei dos riscos que corro, mas estou convicto de que minha greve de fome é o mais acertado a se fazer neste momento, para trazer luz ao terror existente nos presídios do DF, e, lhes garanto que as mazelas do sistema prisional são bem mais radicais e maléficas à vida das pessoas do que a atitude que hoje adoto como forma de protesto.

Ante ao exposto e já que não me deixam falar, peço que FALEM POR MIM e divulguem ao máximo esta carta-denúncia, afim de que o maior número de pessoas saibam da barbárie que hoje impera no sistema prisional do DF.

“… podem me prender, podem me bater, podem até me deixar sem comer, que eu não mudo de opinião…”

Com os versos de protesto do sambista idealizador da “Voz do morro”, Zé Keti, me despeço agradecendo a todas e todos por todo apoio e carinho recebidos até aqui.

Um forte abraço e hasta la Victoria siempre!!!

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