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8 DE MARÇO | Roda de conversa na ocupação da São Remo no 8M

Nesse 8 de Março, em uma iniciativa da agrupação de mulheres trabalhadoras e estudantes Pão e Rosas, juntamente com a Associação de Moradores da São Remo, a Bancada Feminista, o mandatário da Luana Alvez e Lideranças da ocupação do Buracanã, realizamos uma roda de conversa com mais de 30 mulheres na Ocupação.

sexta-feira 12 de março de 2021 | Edição do dia

Em uma nova grande onda da pandemia, em que os governos, internacionalmente, não apresentam um plano eficaz de combate ao coronavírus, aqui no Brasil o clã Bolsonarista com seu negacionismo que manda "enfiar máscara no rabo" é responsável pelas mais de 250 mil mortes e pelos recordes quebrados dia após dia. Os governadores e prefeitos, como Doria e Covas, demagogicamente dizem combater, mas enfia todos os dias a classe trabalhadora em transportes públicos lotados.

Mesmo após um ano de pandemia, morre uma pessoa a cada 43 segundos, um absurdo! É nesse contexto que a ocupação de um terreno da USP ocorre, onde os trabalhadores desempregados, sem auxílio emergencial que foi cortado, ou com seus salários precários, não conseguem pagar aluguel e alimentar suas famílias.

Nessa ocupação, o que vemos é um retrato do Brasil, onde as mulheres e negras são os grupos que menos possuem direitos no país, que são jogados na precariedade e precisam lutar para garantir um direito básico, como a moradia.

Motivados pelo dia internacional das mulheres, carregado historicamente por um dia de luta contra o machismo e o patriarcado, fomos trocar experiência de vida com as moradoras e os moradores da ocupação, contando com a presença de Letícia Parks pela agrupação de mulheres trabalhadoras e estudantes Pão e Rosas, a Associação de Moradores da São Remo, a Bancada Feminista, ve e Lideranças da ocupação do Buracanã.

A roda foi iniciada com a vereadora Luana Alves (PSOL) falando um pouco sobre o papel central que a mulheres possuem na ocupação, pois sempre são elas que estão na cozinha, que dão o suporte para as atividades das ocupações, porém que não poderiam parar só ali no trabalho técnico, elas devem tomar para si a tarefa de tomar as decisões nas lutas .

Em seguida, Paula Nunes (PSOL) também da Bancada Feminista, falou da situação que vivemos, onde a pandemia mata quase 2 mil pessoas por dia, e que o governo executivo além de negacionista retirou o auxílio emergencial. Para além de relembrar das lutas que as mulheres protagonizam, por exemplo, a contra a violência doméstica e a luta por creches.

Letícia Parks (MRT) do grupo internacional de mulheres Pão e Rosas, fez questão de lembrar que quando estudante da USP participou da ocupação que ocorreu no mesmo terreno em 2014, e que depois a universidade reintegrou o direito à posse e tornou-se um lixão. Para além de remarcar o papel que as mulheres estão cumprindo internacionalmente, como na Argentina pelo direito ao aborto, na Índia que as trabalhadoras pararam no dia 8, fazendo uma greve de fome contra as demissões. Dois exemplos que mostram o potencial das mulheres para lutar pelos seus direitos, contra a extrema direita, Bolsonaro e todo esse regime, fruto do golpe institucional de 2016.

Depois as próprias mulheres da ocupação falaram um pouco sobre suas lutas. Uma delas lembrou que quando era trabalhadora terceirizada participou das greves contra as demissões da empresa União, e que depois de 13 anos ainda lutava para ter um lugar para morar, lugar que a mesma universidade que ela pôs em movimento nega ceder. Outras também contaram suas experiências com a própria USP, desde trabalhadoras, como pessoas que precisavam do Hospital Universitário, mas que hoje é negado pelo sucateamento.

Muitas também lembraram do que significou o corte do auxílio emergencial, que já era pouco, mas que com o corte não tiveram como pagar aluguel, e com criança pequena para cuidar, sem creches funcionando, com o Circo Escola fechado (um Projeto da comunidade que atendia mais de 300 crianças da favela e que viu a prefeitura de SP encerrar o contrato durante a pandemia), tudo isso precarizou ainda mais suas vidas.

Essas mulheres são um exemplo de lutadores, que para poderem viver dignamente, precisam se enfrentar com a reitoria da USP e o governos. Na ocupação lutam por um direito básico que esse estado burguês irracional as nega, o direito à moradia. Na incerteza que vivem, de emprego, de saúde e de local onde morar, elas buscam se apoiar em conjunto para conquistar um espaço para suas famílias, lutando pelo pão de cada dia, sonhando com um dia conquistar as rosas.

Falou também Mari Duarte, da juventude Faísca e diretora do CAPPF (Centro Acadêmico Professor Paulo Freire- USP), ela ressaltou a importância do apoio dos estudantes à ocupação e ao conjunto das demandas da classe trabalhadora e que essa é uma aliança essencial na luta contra Bolsonaro, os golpistas e os capitalistas.




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