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51 ANOS DO GOLPE MILITAR DE 1964 | Roda de conversa em repúdio aos 51 anos do golpe militar prepara grande atividade para o dia 25 de abril

sexta-feira 3 de abril de 2015 | 00:01

No 51º aniversário do golpe militar no Brasil, a Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça/MG (FIMVJ/MG) fez uma roda de conversas em repúdio ao golpe. Esta roda foi chamada para organizar uma grande atividade que está sendo preparada para o dia 25 de abril: “Repúdio ao golpe de 64! 51 anos! Abaixo a ditadura!”. Estiveram presentes trabalhadores, estudantes, familiares e ex-presos políticos da ditadura militar, bem como organizações de esquerda, que reafirmaram a perspectiva independente do estado e dos governos na luta pela punição dos civis e militares envolvidos com a ditadura.
Heloísa Greco, do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, coordenou a atividade junto com Flavia Vale, professora e militante do Pão e Rosas, e Olga, assistente social e diretora do CRESS (Conselho Regional de Serviço Social de Minas Gerais).

A abertura da atividade resgatou o caráter independente da FIMVJ em relação ao Estado, seu aparato repressivo e a todos os governos, assim como à Comissão Nacional de Verdade lançada pelo governo Dilma. A CNV tem seus fundamentos na Lei da Anistia de 1979, que mantém na impunidade todos os civis e militares envolvidos com a ditadura. A FIMVJ repudia os pactos do governo federal com os militares, que ajudam a permitir que hoje continue a impunidade em relação aos crimes cometidos pelo Estado e pelo aparato repressivo contra a população, como o caso do pedreiro Amarildo.

Heloísa Greco (Bizoca) fez uma fala com contundente repúdio ao golpe militar que trouxe consequências graves para os dias atuais. Relembrando que se completam também 30 anos da transição pactuada, Bizoca denunciou essa democracia os ricos: “até hoje há um estado de exceção que existe para a maioria da população. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal junto ao reacionário Congresso querem consolidar a criminalização da infância e da juventude no país com a redução da maioridade penal para 16 anos. Este é o país do encarceramento em massa, componente da guerra generalizada contra os pobres. São os moradores da periferia, principalmente os negros, as principais vítimas da violência policial e das chacinas periódicas”.

Francisco Neres, perseguido e ex-preso político durante a ditadura militar, militante da velha guarda do PCB, fez um relato sobre sua experiência na luta contra a ditadura em sua militância no movimento sindical dos tecelões, em Sabará. Repudiou a intervenção da ditadura nos sindicatos e apontou uma lição a partir da luta de classes: “É preciso haver independência na atuação no movimento sindical. A luta de classes no pré-golpe também mostrou a todas as direções sindicais a necessidade que é falar para baixo, para os trabalhadores, no chão de fábrica, sobre os debates políticos que atravessam o país”.

Francisco Marques, estudante e diretor do Centro Acadêmico de Filosofia da UFMG (CAFCA), denunciou a intervenção nas entidades estudantis que está sendo feita pela direção da FAFICH com aval da Reitoria da UFMG: “Nem na ditadura militar o D.A. foi fechado. Hoje é uma gestão universitária que se diz democrática a que implementa esse ataque ao uso social e político de um espaço estudantil. Isso mostra como numa situação nacional com ampla politização, uma universidade que é a “menina dos olhos” do PT e do governo Dilma não pode responder a uma política de setores da direita, como os responsáveis pelo corpo editorial do jornal Estado de Minas, a não ser com mais ataques aos estudantes e à juventude”.

Flavia Vale, professora e do grupo de mulheres Pão e Rosas, mostrou como o caráter de classe do golpe que atuou contra os trabalhadores e as massas oprimidas segue presente na democracia degradada dos ricos, onde a juventude negra e pobre é vítima cotidiana da violência policial, do encarceramento em massa e da tortura, e ainda hoje parlamentares que são filhotes da ditadura militar como Bolsonaro e Eduardo Cunha atuam contra os direitos das mulheres e LGBT.

Houve a presença e intervenções de outros estudantes e trabalhadores precários da educação e da construção civil, perseguidos políticos das manifestações de 2013 no Brasil e de figuras da esquerda da região, como Túlio Lopes, professor e candidato do PCB ao governo nas últimas eleições. Simão, metalúrgico aposentado, da Associação de Aposentados do Sindicato de Metalúrgicos de BH/Contagem, resgatou a memória do importante papel de Helena Greco no apoio aos trabalhadores contra a intervenção da ditadura nos sindicatos: “A Dona Helena Greco é minha madrinha política”.

A roda de conversa terminou com uma homenagem a todas as mulheres que foram assassinadas pela ditadura militar e reafirmou o chamado para a grande atividade que acontecerá no dia 25 de abril em repúdio aos 51 anos do golpe militar, no Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, na Rua Hermilo Alves, 290 (Santa Tereza/BH), a partir das 14 horas.




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