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RESPOSTA AO ILISP | Resposta ao texto do ILISP "Menos glamourização as favelas, mais apoio ao mérito pessoal"

O ILISP fala da favela dentro de seus condôminos fechados. Uma resposta ao texto: "Menos glamourização as favelas, mais apoio ao mérito pessoal".

quarta-feira 10 de agosto de 2016 | Edição do dia

A medalha de ouro conquistada pela judoca Rafaela Silva nessas Olimpíadas gerou todo um debate que vai além do torneio olímpico. O fato de uma mulher negra, pobre e nascida na Cidade de Deus no Rio Janeiro, que sofreu ofensas racistas de setores reacionários da sociedade por não ter conseguido ganhar a medalha de ouro nas Olimpíadas passada em Londres e que agora alcança o lugar mais alto do pódio, impactou setores de massas da sociedade. Numa tentativa mesquinha de dar resposta a este caso, setores da direita que idolatram os militares e o Instituto Liberal de São Paulo do Rodrigo Constantino não perderam a oportunidade de soltar suas posições absurdas sobre o caso.

Ontem o site do ILISP publicou um artigo escrito por Laírcia Vieira com o título "Menos glamourização das favelas, mais apoio ao mérito pessoal’’. Logo nos primeiros parágrafos é possível se deparar com as posições que negam o racismo que existe hoje na sociedade. De acordo com a autora: "Rafaela Silva ganhou o primeiro ouro brasileiro nessas Olimpíadas. Sendo ela mulher, negra e nascida na Cidade de Deus, a esquerda já tomou para si a luta que pertence a ninguém mais do que Rafaela".

Logo de cara encontramos passagens no artigo publicado que mostram que esta direita é racista. A meritocracia defendida por este setor faz questão de esconder as contradições que existem dentro da sociedade, colocando todos num patamar de igualdade para poder alcançar um determinado objetivo. Esta posição do ILISP simplesmente ignora a história do Brasil e o fato de que o capitalismo não eliminou os resquícios da escravidão na sociedade brasileira, justamente por temos uma burguesia que surgiu da Casa Grande.

Ao defender a meritocracia, o Instituto Liberal de São Paulo cria uma dicotomia entre aqueles que se esforçam para conseguir um determinado objetivo e aqueles que não possuem interesse de ser "alguém na vida". Ao fazerem desta diferenciação, estão afirmando que existem pessoas que são superiores a outras. Num país que não eliminou os resquícios da escravidão, o individuo para defender a meritocracia necessariamente tem que se apoiar em teorias que inferiorize os negros. Num Instituto controlado por ninguém menos do que Rodrigo Constantino, não era de se esperar outra coisa do que uma publicação racista.

Por mais que a direita brasileira tente surfar na onda da esportista negra, ela não consegue disfarçar o racismo que está no seu DNA. A grande prova disto é que o Instituto Liberal de São Paulo é conhecido por ser contra as cotas para negros na universidade, negando o direito de ter o acesso ao ensino superior para milhares de jovens negos e colaborando para que a universidade fique cada vez mais elitizada.

Dá pra perceber que o Instituto Liberal de São Paulo faz mil manobras para esconder que o Brasil é um país extremamente racista, que possui uma das polícias mais assassinas do mundo, a qual seu alvo preferido são os negros e que este setor ocupa os postos de trabalho mais precário. O ILISP esconde esta informação porque apoia num setor que em águas passadas, escravizaram os negros no Brasil.

Porém o festival de absurdos do Instituto Liberal de São Paulo não termina por ai

Para o ILISP, o grande responsável que auxiliou Rafaela a conseguir uma medalha olímpica foi o auxílio de grandes empresas privadas que a tiraram da Cidade de Deus e fizeram a esportista participar de eventos importantes. E termina dizendo que o principal problema da favela é a existência da mão pesada do Estado.

Hoje são poucas Rafaelas que tem chances de representar o seu país num torneio importante. O esporte, apesar de ter sua beleza, continua sendo extremamente elitista, pois tira a chance da grande parte da população de competir num evento de grande magnitude. O principal motivo é porque o esporte tal como ele é hoje é voltado para ser fonte de lucro de grandes empresários.

Sabemos também que existem milhares de pessoas nas periferias que tem algum talento para o esporte e que poderiam estar muito bem representando o Brasil nas Olimpíadas. Isso só não acontece pois para conseguir disputar o torneio você precisa necessariamente ter dinheiro para ter alguém que o patrocine. Para a juventude negra e pobre, os banqueiros e grandes empresários que estão por trás da "mão invisível o mercado" e que patrocinam estes eventos apenas podem oferecer os postos de trabalho mais precário.

A existência das grandes periferias, como sabemos, não é por conta da "mão pesada" do Estado, mas sim porque os trabalhadores não possuem acesso a riqueza que estes produzem. O único peso que o Estado tem na periferia é através da polícia, pois no que se trata sobre a questão da saúde, educação e transporte, estamos vendo cada vez mais estes serviços sendo sucateados.




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