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PL4330 | Responder o PL4330 também é tarefa da juventude

Isabel Inês São Paulo

terça-feira 14 de abril de 2015 | 00:01

Estamos a 100 dias do começo do ano e do segundo mandato do governo Dilma e o país vive um dos momentos mais dinâmicos da situação nacional. A insatisfação com o governo atinge níveis recordes e um dos principais debates que surgem dentro da esquerda é como apresentar uma terceira via, nem com a direita e nem com o governo. Isso é uma necessidade imperativa, já que os ataques do governo se aprofundam, com a aprovação essa semana do PL4330. Esse projeto estende a terceirização, atingindo o conjunto da classe trabalhadora e em especial a juventude, que na grande maioria das vezes tem que se submeter a trabalhos precários para entrar no mercado, como primeiro emprego, empregos rotativos e instáveis.

Um quarto da população brasileira é composto por jovens de 15 a 29 anos, dos quais 74% estão inseridos no mundo do trabalho. Essa enorme massa de jovens trabalhadores que cresceram na década lulista - onde o PT se embandeirava do discurso da democratização do ensino e da queda do desemprego, gerando um sentimento de ascensão social - hoje se depara com uma realidade que não condiz com seus anseios.

Na realidade essa juventude vê no próprio futuro uma situação muito incerta e precária. O governo opera uma verdadeira política que cerceia a juventude e seus direitos: o corte na educação é uma realidade desde o começo do ano, gerando crise no FIES e nas universidades publicas. Agora, a aprovação do PL da terceirização e das MPs que atacam o direito a auxílio desemprego (entre outros), além da proposta reacionária de diminuição da maioridade penal que pretende colocar na cadeia principalmente os jovens negros, num país com a quarta maior população carcerária, onde 23 mil jovens pretos e pardos foram assassinados só em 2012, o que está por trás dessas medidas é uma política clara de ataque à juventude e aos trabalhadores.

Dia 15 de abril pode marcar uma terceira via para a juventude?

O ato do dia 15 esta sendo chamando por diversas centrais sindicais, partidos e entidades. Enquanto os setores governistas como a CUT, MST e CTB querem fazer desse dia uma defesa do governo Dilma nas entrelinhas, com a política de defesa dos direitos contra a direita e os cortes, os trabalhadores podem entrar em cena como uma terceira via claramente independente e de combate ao governo Dilma.

Nesse cenário, o debate de terceira via para a juventude se coloca como fundamental e aponta algumas questões. Primeiramente da juventude universitária e secundarista ver nos trabalhadores um aliado que pode ter uma política independente e que tem a força social para parar o país e colocar em questão os exorbitantes lucros dos capitalistas e os privilégios dos políticos, enquanto a condição de vida da população se precariza.

Muitas correntes de esquerda, como PSOL e PSTU, levantam a unidade com os trabalhadores. Apesar de certos nesse elemento, muitas vezes essa unidade fica restrita ou só ao discurso ou a dias de lutas onde o programa levantado não ajuda para emergir uma força independente. O movimento estudantil tem a possibilidade de levantar as principais demandas sociais, e frente aos ataques defender o direto ao emprego, ao fim do PL4330 e das MPs, ligando isso à defesa de questões sociais como bolsas estudos para que os jovens não precisem se desdobrar do trabalho à faculdade, fim dos lucros com a educação transformando as vagas do FIES e PROUNI em vagas públicas até a estatização de todo o ensino. Dessa forma, será possível uma ligação orgânica entre a juventude das universidades públicas com a juventude trabalhadora e das universidade privadas.

A politização nacional, expressa em último grau na juventude, e a dinâmica dos acontecimentos colocam a necessidade das direções estudantis e suas entidades avançarem no programa. Emergir como terceira via só é possível a partir de uma política clara que responda à realidade e de uma saída que não se concilie e seja inofensiva ao governo. Nada mais perigoso do que ser inofensivo. A convocatória do Juntos, coletivo de juventude do MES de Luciana Genro, ao chamar “contra a direita, por mais direitos”, entra no jogo do discurso da direita e acaba se diluindo aos governistas que buscam com isso tirar Dilma e o PT do centro da crítica, além de não apontar para uma via independente. Assim, não abala em nada o regime e acaba guiando a juventude para uma política de manutenção da ordem política atual e de confiança nesse regime podre.

Às portas do terceiro congresso da ANEL, a possibilidade de construir uma entidade anti governista que coordene as lutas está na mesa. Avançar nas demandas por educação, lutar junto aos trabalhadores levando suas demandas, colocar todas as forças da entidade para que em cada centro acadêmico e DCE se expresse esse avanço da situação política nacional, são tarefas concretas para a unificação e mobilização da juventude. Contudo, o que vemos ainda na ala majoritária da direção, o PSTU, é uma prática política que, ao visar a construção do próprio grupo político, vem construindo a ANEL com atividades midiáticas e principalmente levantando o mesmo programa ano a ano, sem conseguir responder o novo momento. No último editorial que soltaram sobre o dia 15, ainda que façam uma análise correta da precarização do trabalho, não conseguem indicar uma saída. Levantam também “nenhum direito a menos” sem delimitar claro que são os governos Dilma, o PT e os partidos da ordem os responsáveis pelos ataques.

A garantia dos direitos só é possível com a unidade na luta contra o governo com profunda independência política, junto à denúncia categórica do governo Dilma e os partidos da ordem como PMDB e PSDB, que são todos envolvidos nos escândalos de corrupção e servem para defender os lucros dos capitalistas sobre os trabalhadores. Levantando um programa que unifique a juventude e a população e que avance em mostrar que, independentemente do governo, esse regime se estrutura na opressão e exclusão, nos privilégios dos políticos. Por isso, que caiam todos.




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