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PROGRAMA USP MULHERES | Reitor tenta limpar a imagem da USP sem dar resposta efetiva à violência contra as mulheres

Há algumas semanas o reitor da Universidade de São Paulo marco Antônio Zago chamou alguns setores da universidade, entre eles o presidente e o ex-presidente do Centro Acadêmico da FMUSP, um representante do grêmio da Poli, entre outros, para debater o “combate a violência contra a mulher na USP”. Nenhuma trabalhadora foi convocada, nem mesmo os grupos feministas que atuam dentro da universidade receberam o convite, somente algumas pessoas escolhidas pelo reitor.

Odete AssisMestranda em Literatura Brasileira na UFMG

sexta-feira 29 de maio de 2015 | 23:59

A ideia da reunião era apresentar o mais novo trunfo do reitor para responder as graves denúncias de violência dentro da USP. A ideia de criar um “escritório de equilíbrio de gênero”, denominado USP Mulheres, ligado a Onu Mulheres e o projeto He for She. Dentro desse projeto existe um programa denominado “Impacto 10x10x10”, 10 países, 10 empresas, 10universidades. Uma parceria que visa dentro de um prazo estabelecido cumprir as metas e objetivos propostos com o financiamento de grandes empresas privadas como a Unilever e Accor. O reitor Zago assinaria um documento no qual a USP assumiria, no prazo de 2 ou 3 anos, compromissos “viáveis e verificáveis” no combate a violência as mulheres na USP.

Um agente direto do imperialismo atuando dentro da universidade

Ao implantar esse projeto o reitor visa abrir espaço para que a ONU e diversas empresas privadas, ligadas aos interesses do grande capital, entrem na universidade e em troca tenta recuperar a imagem da USP, que ficou abalada após os escândalos de estupros na conceituada Faculdade de Medicina e em diversos outras faculdades. Acontece que a ONU é um órgão direto da política imperialista que por via do assistencialismo visa mascarar toda a opressão e exploração que os países que a coordenam e as grandes empresas que a financiam impõem aos outros países do globo.

O USP Mulheres vem para que a universidade “limpe sua barra” diante dos casos de violência, sem que faça algo verdadeiramente efetivo no combate a violência. Enquanto recusa a tomar medidas simples como, por exemplo, ampliar a iluminação dentro do campus, aumentar o número de circulares e abrir a universidade para população nos fins de semana. É claramente uma política da reitoria que visa cooptar setores do movimento dentro da USP, com a ajuda de um agente direto do imperialismo como é a ONU.

Os limites da campanha He for She

Ano passado o discurso de Emma Watson causou muita polêmica entre os movimentos feministas. O que a princípio parecia algo extremamente progressista, uma atriz tão famosa quanto ela se pronunciando a favor da igualdade de gênero, logo mostrou seus limites. A campanha He for She visa acabar com as desigualdades de gênero e para isso quer que homens jovens e adultos se engajem nessa luta. O que não é nenhum problema, afinal sabemos a luta contra a opressão as mulheres não é uma luta só das mulheres, mas sim de todos, homens e mulheres.

O problema é que a campanha é exclusivamente voltada para os homens, tentando fazer com que eles enxerguem que a opressão as mulheres também os afeta e que quase como um gesto de bondade e também preocupação com eles mesmos tomem pra si a luta pela igualdade de gênero.

Lutar por iguais direitos e iguais salários é uma demanda histórica do movimento de mulheres. Entretanto essa luta não está desvinculada de uma luta contra esse sistema, que mantém as desigualdades e se apropria da exploração e da opressão para garantir seus lucros. A ONU pode fazer uma campanha falando sobre a igualdade de gênero e se colocando na defesa dos direitos das mulheres. Entretanto esse órgão é financiado por grandes empresas que lucram bilhões de reais por ano em cima da opressão a milhares de mulheres pelo mundo, em cima dos salários menores e da exploração de milhões. E através da repressão, como ocorre no Haiti através da MINUSTAH liderada pelas tropas brasileiras, em que denúncias de estupros de mulheres haitianas por parte das tropas é uma constante. Como agente direto do imperialismo a ONU jamais pode levar de forma consequente a luta pela igualdade de gênero até o final, pois isso vai contra os interesses do sistema vigente, contra os interesses dos grandes capitalistas e imperialistas.

Erguer um forte movimento de combate a violência contra a mulher dentro da USP

Nesse sentido o programa USP mulheres é mais uma tentativa da reitoria da USP de manter a boa imagem da universidade pra fora, virando as costas para tudo o que acontece aqui dentro. Não podemos nos enganar com essa tentativa do reitor de cooptar o movimento dentro da universidade. É preciso que o movimento de mulheres, aliado ao movimento estudantil e de trabalhadores, aos sindicados, DCE e centros acadêmicos e a todos os setores que compõem a comunidade universitária, levantem com muita força uma forte campanha contra a violência as mulheres. Para que a reitoria seja sim responsabilizada pelos casos de violência dentro do campus, mas sem nenhuma ilusão nessa reitoria e na burocracia universitária que já provou diversas vezes ser incapaz de dar uma resposta efetiva aos casos de violência na USP.




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