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UERJ | Reitor e alta cúpula da UERJ dobram de salário enquanto terceirizadas ganham mínimo

Cúpula da UERJ, que inclui Reitor e vice, mais cinco pró-reitores, passará a ganhar o dobro de seus rendimentos enquanto professor. O restante dos professores da Universidade tem seus salários congelados desde 2001 e sofre com a corrosão de seus rendimentos pela inflação.

domingo 30 de janeiro de 2022 | Edição do dia

Um grupo de representantes da UERJ, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, teve seu salário dobrado na virada de 2021 para 2022. Membros da alta cúpula da Universidade, que inclui o Reitor, Ricardo Lodi, seu vice Mário Sérgio Alves Carneiro e mais cinco pró-reitores, tiveram como gratificação adicional a partir de janeiro o dobro de seus rendimentos enquanto professores da Universidade.

Este fato chamou a atenção da imprensa e da comunidade Uerjiana, como observou em nota a Asduerj, Associação de Docentes da UERJ: “a comunidade uerjiana foi surpreendida com matéria de O Globo a respeito de novas gratificações de encargos especiais[...].O governo Cláudio Castro tem feito abusivamente uso deste tipo de política de gratificação para servidores públicos de alto escalão. Em 2020, foram concedidos R$ 1 bilhão; até setembro de 2021, as cifras já haviam alcançado o valor de R$ 500 milhões. Tais concessões, algumas em sigilo, motivaram petição de abertura de CPI na ALERJ para investigar possíveis irregularidades”.

A justificativa da reitoria é equiparar a “Uerj a dirigentes de todos os órgãos da administração estadual”, um argumento que equaliza privilégios ao alto comando do funcionalismo. Esta medida aumenta ainda mais a disparidade entre esses e o conjunto da população.

Enquanto distribui benesses para a alta cúpula de diversos órgãos estaduais, Castro segue a toda o plano de inclusão do Estado do Rio no ardiloso Regime de Recuperação Fiscal, que vem sendo utilizado como argumento para implementação de uma série de ataques, como o da privatização da CEDAE, ocorrido no fim do ano passado.

Na UERJ, os professores têm seus salários congelados desde 2001, com mais de 21 anos de salários corroídos pela inflação tendo as tratativas para aumentos e benefícios salariais sendo negados sucessivamente desde então. Esse aumento exorbitante também ocorre a despeito de uma parte significativa dos estudantes pobres que seguirão não tendo acesso a auxílios-permanência no retorno às aulas e dos terceirizados da Universidade, limpeza e manutenção, que permaneceram toda a pandemia trabalhando e tendo de ir a UERJ, sem ter os mesmos direitos e garantias trabalhistas que os demais segmentos.

Chama atenção que este acordo com o Estado ocorra meses depois de Lodi condecorar Cláudio Castro como Chanceler da Universidade e também premiar André Ceciliano, presidente da Alerj(Assembleia Legislativa do Estado do Rio) com a Medalha da Ordem do Mérito José Bonifácio, com o título de Grão-Oficial, maior premiação oferecida pela Universidade.

As tratativas para o aumento exorbitante dos salários destes membros da alta cúpula Uerjiana não estão disponíveis para consulta pública no SEI, o sistema eletrônico de informações da Secretaria Estadual de Fazenda. A Asduerj questiona também que estes atos foram feitos passando por fora da comunidade acadêmica, com todos os membros do Conselho Universitário que não são da alta cúpula sabendo deste acontecimento pela mídia.

Se torna necessário mais do que nunca a abertura do livro de contas da Universidade, pauta histórica do Movimento Estudantil e também de trabalhadores da UERJ, para que saibamos pra onde de fato está sendo encaminhado os valores e que bolsos estão sendo agraciados nestas negociatas políticas. Medidas como essa não ocorreriam se a estrutura de poder da universidade fosse de fato democrática.




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