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REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS | Região de Campinas é a segunda no ranking estadual de acidentes de trabalho

Esta semana, três operários se feriram em grave acidente na construção civil em Indaiatuba, na Região Metropolitana de Campinas (RMC). A região é a segunda no ranking de acidentes de trabalho no Estado de São Paulo, o campeão do país. É preciso organizar os trabalhadores para acabar com essa carnificina.

quinta-feira 14 de maio de 2015 | 00:56

Esta semana, três operários se feriram em grave acidente na construção civil em Indaiatuba, na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Um dos trabalhadores está internado em estado grave no Hospital da Unicamp. Outro trabalhador da mesma obra, que não se feriu, declarou em entrevista veiculada pela Rede Record que faltavam equipamentos de segurança. Mesmo sendo uma laje muito grande e alta, uma vez que se trata da construção de um edifício de 12 andares, não havia nenhum suporte para cintos.

Esta notícia, infelizmente, é apenas mais um dado nas estatísticas regionais do ponto de vista da patronal e dos meios de comunicação. No último dia 28, Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho, o Ministério Público do Trabalho declarou que os prazos curtos e o uso de máquinas obsoletas e sem proteção são as principais causas de acidentes em obras e na indústria na região de Campinas e que há uma defasagem de cerca de mil funcionários do Ministério do Trabalho e do Emprego para manter as fiscalizações na região. No ranking estadual, a RMC fica atrás apenas da capital.

Segundo dados divulgados no Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho relativo ao ano de 2013, da Previdência Social, o Estado de São Paulo é o primeiro do ranking. Entre 2011 e 2013 foram registrados 2,15 milhões de acidentes em todo o país, levando a óbito 8.503 pessoas. Todos os anos, 717.500 trabalhadores sofrem lesões graves, incapacitantes e até mesmo fatais durante a jornada laboral. Em média, 2.800 trabalhadores morrem todos os anos. Na região Sudeste foram mais de 1,17 milhão de casos registrados, ou 54% do total, seguida pela região Sul, com 22%, e pelo Nordeste, com 13%. O Centro-Oeste teve alta de 6,3% no mesmo período. As demais regiões sofreram variações mínimas, com queda de 1,5% no Norte. No Brasil, como um todo, o número de acidentes caiu 0,3% e o número de óbitos teve queda de 5%.

Outro dado importante, este divulgado pelo DIEESE, é a relação dos acidentes com a terceirização. São 80% mais acidentes entre terceirizados. O número de acidentes e inclusive de acidentes graves, com mortes, é sempre maior entre os terceirizados. Nas obras para levantar edifícios, por exemplo, como é o caso do acidente em Indaiatuba, de um total de 135 trabalhadores mortos em 2013, ano em que foi feito o último levantamento, 75 eram terceirizados.

No mês de abril, em apenas uma semana, dois trabalhadores da Honda de Sumaré perderam a vida, um deles no percurso para o local de trabalho e uma trabalhadora terceirizada dentro da fábrica. Esta semana, na Unicamp, uma trabalhadora terceirizada da limpeza teve o pé perfurado no horário de almoço e a empresa Centro chegou a demitir a funcionária quando esta foi levar o laudo médico de afastamento, alegando que estava ainda em período de experiência. Por força da mobilização de trabalhadores e estudantes, felizmente a trabalhadora já foi readmitida.

A constatação do próprio MPT não deixa dúvida de que a causa real dos acidentes de trabalho é a sede de lucro das empresas. Por um lado, a produção acelerada para atender aos prazos, por outro, máquinas sem condições seguras de uso levam os trabalhadores à carnificina na construção civil e na indústria. É preciso que os próprios trabalhadores controlem seus locais de trabalho, façam eles próprios a fiscalização das máquinas e equipamentos e determinem os ritmos da produção, para que os interesses do patrão não sigam mutilando e tirando a vida dos trabalhadores.

Para isso é necessário que os trabalhadores retomem as Cipas das mãos dos patrões, criem comissões de fábrica internas que estejam a favor dos interesses e da defesa da vida dos trabalhadores e retomem os sindicatos das mãos das burocracias aliadas aos patrões. Só com a organização independente dos trabalhadores, é que os acidentes deixarão de ser meras estatísticas e se tornarão uma preocupação real em defesa da vida.




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