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RJ: Secretário da Educação quer abrir escolas mesmo sem vacinas

Em entrevista, Comte Bittencourt o atual secretário de educação do Rio de Janeiro, e também empresário do ensino privado, anunciou que a reabertura das escolas será feita com base em um “novo sistema de avaliação de bandeiras de risco para o Covid”, que será divulgado semanalmente. Na prática a medida prepara o terreno para a imposição monocrática do retorno as aulas, sem sequer levar em conta que não há vacinas disponíveis para a população, o que inclui professores, alunos e trabalhadores da comunidade escolar. É preciso lutar para que a decisão sobre como e quando retornar venha das comunidades escolares organizadas em conjunto com trabalhadores da saúde em cada local.

Luiz HenriqueProfessor da rede estadual em Resende, RJ

terça-feira 26 de janeiro de 2021 | Edição do dia

Comte Bittencourt apresentou o seu plano, “decidido em conjunto com o comitê científico”, para a educação no Rio de Janeiro, que nada mais é do que uma continuação do fracassado projeto de ensino a distância de 2020, iniciado por Pedro Fernandes. Longe de abordar qualquer problema relativo ao impacto da crise sanitária nas escolas, declarou algumas medidas inócuas, como horário de turno alternativo, que não leva em conta a necessidade que muitos alunos tem de trabalhar no contraturno, uso de um aplicativo e “link gratuito” da Seeduc, no marco de que muitos não tem acesso sequer aos dispositivos digitais necessários para acessar a internet. Mais do que isso, ignorando completamente a necessidade de imunização da população, ele declarou que a reabertura das escolas estará diretamente atrelado a um novo “sistema de bandeiras de risco” que será divulgado semanalmente toda sexta-feira.

É escandaloso que um dos piores momentos da pandemia, no momento que o SUS no Rio de Janeiro já enfrenta uma situação de colapso, atrelar o retorno as aulas a disponibilidade de leitos e taxa de transmissão, é como enviar os alunos para serem contaminados semana sim, semana não. Como diz Carolina Cacau, professora de Nova Iguaçu e militante do MRT: "Essa entrevista aconteceu apenas três dias após o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes dar um show hipocrisia em pleno cristo redentor para “iniciar” a vacinação enquanto na verdade sequer há vacinas para quem está na linha de frente, como o conjunto dos trabalhadores da Saúde. Este é o cenário que vem se desenhando no Rio de Janeiro, em todos os municípios: na falta de um plano de enfrentamento do covid, as poucas vacinas disponíveis estão sendo usadas para fazer um populismo barato. Mesmo Bolsonaro, que passou meses atacando a vacina e rindo das mais 210 mil vidas perdidas, foi obrigado a voltar atrás e fingir que está lutando pela vacina. No entanto sabemos que este regime decadente, e seus representantes, Bolsonaro, Dória, Paes, Castro e Comte, não podem dar uma saída racional a esta crise sanitária, apenas aprofunda-la. Apenas nós nos organizando como trabalhadores podemos dar uma saída, e impor um plano que garanta o acesso universal aos imunizantes".

As comunidades escolares é que devem decidir, junto com trabalhadores da saúde, como e quando as aulas devem voltar, e isto não pode acontecer por fora de um calendário de vacinas. Por isso é urgente que todos os trabalhadores da educação se organizem para que toda a população tenha acesso garantido e gratuito a imunização. E que isso se combine a um plano emergencial de combate ao Covid, a partir de uma contratação massiva de profissionais da saúde e quebra de patentes das grandes farmacêuticas, para que os trabalhadores possam organizar, de forma racional, um combate realmente efetivo a pandemia. É a organização desta luta, para além dos limites da categoria , que é preciso que os profissionais da saúde exijam que as direções sindicais do SEPE organizem, na assembleia do 29 de Janeiro.




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