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ESCOLA | Quem vai punir os ladrões de merenda?

O Secretário da Educação de São Paulo mostrou sem vergonha alguma que o plano de Alckmin e o do PSDB é de vender a escola pública. Esse projeto já é antigo, mas no ano passado se escancarou frente ao anúncio de que centenas de escolas iriam fechar.

Maíra MachadoProfessora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT

terça-feira 12 de abril de 2016 | Edição do dia

"Muito ajuda o Estado quem não atrapalha, que permite o desenvolvimento pleno da iniciativa privada (...), só respondendo por missões elementares e básicas. Segurança e Justiça como emblemáticas. Tudo o mais deveria ser providenciado pelos particulares"

Com essa frase o Secretário da Educação de São Paulo, afirma sem vergonha alguma, que o plano de Alckimin e o do PSDB é de vender a escola pública. Esse projeto já é antigo, mas no ano passado se escancarou frente ao anúncio de que centenas de escolas iriam fechar.

As escolas não fecharam, graças a luta sem medo dos secundaristas, o governo foi obrigado a suspender a reorganização, mas nas escolas públicas paulistas a situação é de calamidade. Falta papel higiênico, falta água mineral, falta café, falta giz, falta salário e em centenas de escolas falta merenda.

Em muitas escolas de São Paulo, milhares de estudantes se alimentam com pão e bolacha, em alguns casos servem comida estragada para os alunos. Tudo isso porque o governo criou um mega esquema de superfaturamento e pagamento de propina para o fornecimento de merendas escolares, nesse esquema estão envolvidos assessores e políticos apoiadores do governo tucano.

Nalini não fala sobre isso e reivindica os altos salários dos políticos e juízes, auxílio
aluguel e manutenção do “colarinho branco”, mas garante que o estado está endividado e não pode arcar com os altos custos da educação.

Como já denunciamos aqui, frente a crise da merenda, Nalini também já se pronunciou dizendo que as mães dos alunos deveriam se dar a tarefa de cozinhar para eles, doando uma parte de seu tempo para garantir aquilo que é obrigação do Estado. Além do tempo doado, para o secretário de educação o melhor seria que as mães doassem também os alimentos, fizessem hortas em casa e criassem galinhas.
No esquema do “merendão do Alckmin”, sabemos que todos os itens da merenda estão superfaturados e um cartel foi formado para garantir que muitas empresas pudessem lucrar. Nossas crianças ficam sem comida para meia dúzia de políticos e empresários lucrarem fortunas.

Enquanto isso, as salas de aula seguem lotadas, os professores cada vez mais desgastados e a escola pública fica a mercê de ser vendida para o capital privado. Nalini e Alckmin são inimigos da educação pública e estão afobados para colocar nas mãos das grandes empresas o futuro de nossa juventude.

Com a crise política instalada no Brasil, jogam para cima da população um dilema, ou defender o impeachment ou o governo petista ajustador. Essa questão colocada acima de qualquer outra coisa parece querer frear a revolta que todos sentem pela miséria cada vez mais visível vivida em nosso país.

A indignação de pais e alunos com a situação da merenda escolar é justa e não poderá ser controlada. Todos sabem que a educação agoniza a passos largos e tudo vai piorar se não resistimos aos ajustes na economia que os poderosos querem impor, enquanto escondem sua intenção por trás dos discursos hipócrita destes que querem o impeachment, como o execrável Eduardo Cunha. É notório em todos os estados brasileiros, como o plano dos poderosos é, como um tipo de "resposta", para a crise econômica, a educação ser cada vez mais sucateada.

Frente a isso é preciso buscar as saídas, se apoiando na força da juventude que se expressou em junho de 2013 e teve continuidade agora nas ocupações de escolas que aconteceram em São Paulo no fim do ano passado, em Goiás onde resistem bravamente e nas dezenas de escolas ocupadas nesse momento no Rio de Janeiro. Essa geração está mudando o país, e nós professores, assim como todos os trabalhadores, temos que estar junto a eles, o que nos dará uma enorme força.

O secretário de educação diz que já está provado que o Estado não pode cuidar da educação, mesmo sendo esse um direito previsto na constituição brasileira de 1988, quando afirma que todos devem ter direito à educação pública. Sabemos porém,que a constituição não está a serviço de responder os problemas da maioria da população, apesar de ter sido instituída com o fim da ditadura, foi tutelada por empresários e militares e não garantirá o direito à educação.

Frente a crise política aberta em nosso país e a crise econômica que leva a cortes no orçamento e cada vez uma maior precarização nos serviços básicos para a população, é preciso uma forte mobilização para lutar contra os ataques que, devemos alertar, ainda estão começando. A mobilização nos permitirá abrir uma discussão constituinte que puna também os ladrões de merenda e se enfrente com os interesses do grande capital para garantir educação pública e gratuita para todos.

Nessa mesma discussão precisamos exigir que todo político ganhe o mesmo salário que uma professora, basta de privilégios pra um monte de político que não trabalha, ganha milhares de reais por mês e ainda rouba de nossos filhos.




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