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IMPEACHMENT | Quem é Michel Temer? O provável futuro presidente ilegítimo

segunda-feira 18 de abril de 2016 | Edição do dia

O primeiro beneficiário do impeachment é o vice-presidente Michel Temer. Uma raposa política, dizem até aqueles que o elogiam. Um político que foi galgando lugares nas sombras, nas negociatas de bastidores. Agora vem aos holofotes com sua ruptura com Dilma e em defesa do Impeachment.

Caso o impeachment seja efetivado, todos nós sabemos que com a saída da Dilma da presidência, quem assume é o vice da chapa, Michel Temer. Neste sentido é necessário saber quem é esta pessoa que pode ser tornar o presidente da Republica sem sequer receber um voto popular e contrariando a vontade de milhares de pessoas que querem vê-lo fora do governo.

Temer é um notório político das sombras do regime. Foi galgando posições no regime sem nunca ter grandes “quinze minutos de fama”. É presidente do mais corrupto partido do regime político há muitos anos, mostrando uma capacidade ímpar de acomodar interesses diversos em base a negociatas, cargos, trocas de favores. Este é sua maior habilidade. Daí o “elogio” a ele como uma raposa.

Eis que, em uma crise do governo, que tem entre suas raízes a crítica pela compra de parlamentares e a adoção dos mais espúrios e corruptos métodos capitalistas de governar o país, o regime vai recorrer a sua mais completa “imagem e semelhança” para levar ao extremo esta democracia do suborno. Contra a corrupção e contra a compra de parlamentares se colocará no lugar - caso termine de triunfar o impeachment - o mais pleno exemplar de político das sombras desta democracia dos subornos: Michel Temer.

Trajetória de um político dos bastidores e das sombras
Com 75 anos de idade, o vice-presidente tem uma vasta carreira política. O seu padrinho político foi o ex-Governador de São Paulo Ademar de Barros, um influente político de direita com retórica populista (o “vassourinha” que varreria a corrupção) que foi interventor do Estado de São Paulo no Estado Novo de Getulio Vargas, e governador durante a ditadura. Ademar também foi um dos articuladores do golpe militar de 1964 e responsável pela frase ‘’rouba, mas faz’’. Outro principal apadrinhado de Ademar, não por acaso, é o declaradamente corrupto Paulo Maluf, que ficou famoso, entre outras coisas, com essa mesma frase, “roubada” do próprio padrinho. Temer trabalhava com o secretário de Educação de Ademar e rapidamente acendeu a procuradoria do Estado de São Paulo, em plena ditadura, AI-5 em vigor.

É importante dizer que após sua família sair do Líbano em 1925, o seu pai Miguel comprou uma Chácara em Tietê (SP), cidade de 40 mil habitantes que fica entre Sorocaba e Piracicaba, e instalou uma plantação de arroz e café. Na faculdade, apesar da influencia da Revolução Cubana, o ex-segundo tesoureiro do Centro Acadêmico 11 de agosto Michel Temer seguiu a tradição liberal de sua Faculdade de Direito do Largo São Francisco da USP.

O vice-presidente ocupou o cargo de funcionário de alto escalão no Estado de São Paulo, quando o governador era o próprio Ademar Pereira Barros entre 1963-1966, durante a implantação do golpe civil-militar. Depois disso, Michel Temer foi nomeado para o cargo de Secretário de Segurança Pública por Andre Franco Montoro em 1984, durante a transição pactuada entre a ditadura e a atual democracia do suborno, ficando no cargo até 1986. Em 1986, elegeu-se deputado suplente pelo PMDB, assumindo a cadeira em 1987 e ficando até o fim do mandato em 1991. Depois foi reeleito deputado federal, deixando o cargo no final de 1992 para reassumir a Secretária de Segurança Publica do Estado de São Paulo, seis dias após o massacre no Carandiru, no governo de Fleury Filho. O “hábil negociador” Temer foi o homem chamado a conter o questionamento à assassina polícia após o escândalo do Carandiru.

Na época o governo paulista informou que 111 pessoas morreram no ataque comandado pelo coronel da PM Ubiratan Guimarães, mas na verdade o número de vítimas foi muito maior.

Michel Temer apoiou o presidente Fernando Henrique Cardoso. Mesmo com o escândalo de compra de votos daquela época, o atual vice-presidente da republica apoiou a reeleição do ex- presidente Fernando Henrique Cardoso e com isso foi recompensado com o cargo de Presidência da Câmera em 1997 e depois em 2001. Em 1999, quando os deputados do PT entraram com um pedido de impeachment contra Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer foi uns dos que fizeram a defesa do então presidente.

Para além de ser citado na Lava Jato, o atual vice–presidente da República foi citado em dois escândalos de corrupção. O primeiro escândalo de corrupção foi em 2009, quando o seu nome apareceu 21 vezes na operação Castelo de Areia e depois na Caixa de Pandora. O primeiro caso de corrupção em que ele esteve envolvido foi uma operação que investigou lavagem de dinheiro envolvendo o grupo de Camargo Corrêa e o segundo caso foi uma investigação sobre o mensalão do DEM.

Para além destes dois escândalos de corrupção, Michel Temer foi alvo de investigação pelo Supremo Tribunal Federal sobre corrupção e pagamento de propina no porto de Santos em 2011. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, o STF na época investigou uma rede de corrupção ativa e passiva em torno de contratos administrativos pela Codesp. Na época, Michel Temer foi investigado por ter recebido 614 mil reais pra facilitar o contrato de exploração da empresa Libra do Porto.

Dos bastidores a agente do agressivo plano de ataques
Conforme denunciamos no texto ‘’A fantástica fábrica de sacrifícios de Michel Temer’’, o vice – presidente prepara o projeto chamado ‘’Ponte para o futuro’’ que tem como proposta a desindexação de salário e benefícios que faz os trabalhadores perderem renda frente à inflação, mudança nas leis trabalhistas como o ACE – acordo coletivo especial onde que o negociado prevalece sobre o legislado - , a liberação do comércio exterior, corte nos gastos primários e a reforma trabalhista que facilitaria as demissões e degradaria os direitos trabalhistas pela terceirização.

A saída que Michel Temer pode oferecer para a atual crise econômica capitalista é de ajustes contra os trabalhadores e demais setores populares da sociedade, mas também acordos espúrios com diversos representantes dos setores da burguesia que estão descontentes com o atual governo para oferecer cargos de importância e melhor localização para que todos saiam lucrando com os ataques que virão.

Temer ao contrário da mudança que alguns inebriados pela mídia e pela oposição anseiam como o impeachment, é, na verdade, a velharia de um expert nas entranhas de um regime movido não só de ataques aos trabalhadores, mas também por barganhas e subornos operadas por habilidosos políticos dos bastidores entre os quais ele se destaca.




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