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terça-feira 24 de março de 2015 | 23:39

O Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos correios - maior fundo de pensão em número de participantes do Brasil (196 mil) – está na capa dos jornais dessa semana. Após apresentar publicamente um déficit exorbitante de R$5,6 bilhões, o conselho deliberativo do fundo anunciou que, para pagar dívida, será imposta uma contribuição extra de 25,9% do benefício saldado, a ser descontado do salário dos servidores.

O fundo de pensão é um dinheiro arrecadado mensalmente dos trabalhadores para complementar sua aposentadoria. Esse dinheiro é aplicado em ações para que possa render mais. O rombo do Postalis não surgiu agora, já são anos acumulando perdas em investimentos suspeitos e com casos de fraudes milionárias já comprovadas.
Seu controle é disputado desde o início do governo Lula, em 2003, pelo PT e pelo PMDB, cada um indicando dois dos quatro nomes da diretoria executiva da entidade. Hoje, o PT hegemoniza sua direção com a entrada de Antônio Carlos Conquista (ex-diretor executivo da Fundação de Seguridade Social, que chegou a um déficit de R$250 milhões) na presidência do Postalis, substituindo Alexej Predtechesky (indicação do PMDB). Também reforça o controle do PT a nomeação de Wagner Pinheiro, ex- sindicalista da CUT e ex-presidente do fundo de pensão da Petrobras (Petros - também com grande déficit) para a presidência da ECT. Portanto, a má gestão do plano é responsabilidade direta destes dois partidos.

O enorme déficit contraído pelo Postalis é produto da interrupção do pagamento de uma dívida de R$1,150 bilhão por parte dos Correios ao fundo, das fraudes realizada pela Atlântica Asset Managment (gestora contratada) juntamente ao ex-presidente do fundo Alexej Predtechensky e pelo desastroso investimento em ações de alto risco. Entre estes, está a aplicação em títulos de bancos liquidados (Cruzeiro do Sul e BVA), em ações de empresas de Eike Batistas e nos fundos abutres Argentinos. O fundo também é investigado por participar nos últimos escândalos de corrupção como CPI do Mensalão e Lava Jato

É claro que a saída encontrada pelo conselho do Postalis para saldar sua dívida causou revolta nos trabalhadores. Querem que os trabalhadores, que custearam o fundo com o seu trabalho, percam parte do seu benefício sendo que não são responsáveis pelo rombo.

As duas federações que atualmente respondem pelos sindicatos dos ecetistas – FENTECT e FINDECT – declararam-se contra a contribuição extra. Entretanto, ainda que esta reivindicação tenha aparecido como parte da pauta das paralisações dos dias 18 e 19 de alguns sindicatos ligados a FENTECT, ambas as federações recorreram à justiça como a principal solução.

Não podemos abrir mão da batalha no campo judicial, mas isso não basta, porque deixa os trabalhadores a mercê da justiça burguesa e ainda não arranca o mal pela raiz. Assim como a sociedade tem demonstrado que é preciso lutar contra a corrupção nos governos, temos que lutar por nossos direitos e contra a corrupção dentro dos Correios também! Não é possível que um fundo que pertence aos trabalhadores não seja gerido pelos trabalhadores e sim por políticos ligados ao regime, e à corrupção, e investigados por eles mesmos através de CPI.

Precisamos reivindicar a abertura das contas do Postalis e uma investigação independente, controlada pelos trabalhadores através dos Sindicatos. Os responsáveis pelos desvios, fraudes, investimentos duvidosos é que devem pagar, para isso seus bens devem ser confiscados. E a direção do Postalis tem que ser toda eleita pelos trabalhadores, com mandatos revogáveis. Mas para este programa ser conquistado, o único caminho é a mobilização unificada dos trabalhadores.




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