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CRISE | Queda de 3,6% do PIB em 2016 representa a maior recessão em 80 anos

Com o segundo ano consecutivo de retração na economia, o país passa por uma recessão de proporções históricas, expressando recuo em todos os setores. O quarto semestre teve queda de 0,9% no PIB. Dentre as áreas afetadas, a que mais sofreu com a queda foi a agropecuária. O governo, com ataques e privatizações na manga, promete aos empresários crescimento ainda em 2017.

terça-feira 7 de março de 2017 | Edição do dia

Na comparação com o quarto trimestre de 2015, o PIB apresentou queda de 2,5% no quarto trimestre de 2016, vindo dentro das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, que eram de um recuo de 1,80% a 3,10%, com mediana negativa de 2,40%.

Ainda segundo o instituto, o PIB do quarto trimestre de 2016 totalizou R$ 1,631 trilhão. Com esse resultado, o PIB de todo o ano passado somou R$ 6,266 trilhões.

Segundo o IBGE, o PIB da indústria caiu 3,8% em 2016 ante 2015. No quarto trimestre de 2016, o PIB da indústria caiu 0,7% ante o terceiro trimestre do ano. Na comparação com o quarto trimestre de 2015, o PIB da indústria mostrou queda de 2,4%.

O PIB de serviços, por sua vez, caiu 2,7% em 2016 ante 2015. No quarto trimestre de 2016, recuou 0,8% contra o terceiro trimestre do ano. Na comparação com o quarto trimestre de 2015, o PIB de serviços mostrou queda de 2,4%.

Já o PIB da agropecuária teve declínio de 6,6% em 2016 ante 2015 No quarto trimestre de 2016, o PIB da agropecuária subiu 1% contra o terceiro trimestre. Na comparação com o quarto trimestre de 2015, o PIB da agropecuária mostrou queda de 5%.

Apesar de diversos analistas afirmarem que há sinais de melhora, suas afirmações soam mais como uma declaração de apoio aos ataques de Temer contra os trabalhadores do que como um diagnóstico da economia. Índices como o "nível de confiança dos empresários", nos quais se pautam tais analistas, expressam a confiança dos capitalistas de que o governo está e continuará sendo duro o suficiente para atacar a juventude, os trabalhadores e os serviços públicos, fazendo com que nós paguemos pela crise para preservar os lucros dos patrões. A agenda de reforma da previdência, por exemplo, é uma demanda dos empresários e que vem sendo prioridade do governo golpista de Temer.

Outros aspectos que atingem fundamentalmente a vida dos trabalhadores, como o desemprego, continuam em alta e sem sinais de reversão a curto prazo. O que ocorre é que nos períodos de crise os patrões cortam os postos de trabalho, colocando na rua milhares de trabalhadores para preservar os lucros que tiveram com sua exploração nos períodos anteriores.

Os dados do PIB indicam que o consumo das famílias caiu 4,2% em relação a 2015, enquanto a despesa do governo caiu 0,6%. Tudo isso à base de desemprego, privatizações, corte de gastos em áreas fundamentais como educação e saúde.

O governo quer fazer de tudo para tornar o país, às custas de nossos sacrifícios, um "ambiente seguro" para o acúmulo de lucro dos patrões. Mas isso está ainda longe de acontecer, e os dados mostram que a movimentação dos capitalistas é de retirada de capitais no país: o índice de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), caíram 10,2%, o terceiro recuo seguido. Esse índice é utilizado para medir os investimentos do setor privado no país.

Temer é otimista (pelo menos em seu discurso público) em relação à sua possibilidade de, com novas privatizações e ataques, fazer o PIB crescer novamente: o governo afirma que ainda em 2017 haverá alta, e especialistas ouvidos pelo Banco Central dizem que a economia deve ter alta de 0,49% em 2017 e de 2,39% em 2018.

Para eles, trata-se de voltar à normalidade da exploração capitalista no país, com os empresários enriquecendo muito às custas de nosso trabalho. Para nós, contudo, trata-se de nos organizarmos para lutar contra os ataques que querem impor como base de retomada do crescimento, de impor pela nossa força que os custos da crise sejam pagos pelo lucro dos patrões, e que a economia possa ser constituída sobre novas bases, com pleno emprego, salários dignos e serviços públicos adequados.




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