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Política | Pronunciamento de Ano Novo de Bolsonaro: mentiras para agradar capitalistas, militares e pastores

Exibido em rede nacional no dia 31/12, Bolsonaro repetiu a velha fórmula de contar mentiras para tentar livrar a cara de seu governo sobre a política desastrosa e assassina ao longo de 3 anos de gestão. Os principais temas abordados foram sobre a pandemia da Covid-19 e também sobre a economia, questões latentes em meio a crise social pela qual passa o Brasil. Aqui trataremos de explicitar as mentiras de seu discurso a fim de alertar a população trabalhadora da necessidade de se organizar para enfrentar o governo Bolsonaro-Mourão e o conjunto dos ataques capitalistas, sem confiar na conciliação com aqueles que ganharam tanto com o seu governo como quer Lula e o PT.

segunda-feira 3 de janeiro de 2022 | Edição do dia

Imagem: Reprodução/vídeo

O crápula Bolsonaro (PL) iniciou seu discurso com um contrasenso a sua política entreguista descarada, fez questão de remarcar que se trata do ano de bicentenário da independência do Brasil (proclamada em 1822), isso enquanto segue privatizando uma série de empresas e favorecendo os interesses dos rentistas do capital financeiro imperialista. A subordinação do país aos interesses estrangeiros, sobretudo do imperialismo dos EUA, é parte integral do aumento da carestia de vida, da inflação, da precarização do trabalho e da retirada de direitos com o neoliberalismo agressivo, marcas de um governo e um regime cada vez mais autoritários para sustentar a agenda dos capitalistas em uma economia que enfrenta sérias dificuldades de uma retomada vigorosa.

O tom foi de um certo defensismo do início ao fim, com tentativas de justificar as debandadas e reconfigurações ministeriais, e com uma linha de permanentemente contrapor os “feitos” de sua gestão com as características dos anos de governo da conciliação de classes do petismo. Isso é resultado de uma queda sustentada nos índices de aprovação e intenção de voto em comparação a candidatura de Lula, que ganha cada vez mais espaço não somente entre a população, a quem é prometida uma melhoria de vida “magicamente” pela troca presidencial, mas entre expoentes graúdos dos capitalistas que buscam uma maior estabilidade relativa para evitar maiores riscos de revolta social - justamente para consolidarem a obra econômica do golpe institucional de 2016.

Bolsonaro disse que seu governo levou a tranquilidade para o campo, mas se direcionou aí a sua base social dos ruralistas latifundiários que são base da reação no país. A flexibilização da posse e do porte de arma de fogo, coisa que o atual presidente se vangloria, trouxe tranquilidade para seus apoiadores fazendeiros que hoje perseguem indígenas e camponeses, assassinam no campo impunemente e aumentam a concentração de terras em suas mãos. As queimadas, o avanço do garimpo e a destruição ambiental foram marcas registradas de 2021 e de sua gestão em conjunto. O escárnio subsequente foi a declaração da “marca” de 3 anos sem corrupção em seu governo, coisa que nem mesmo seus apoiadores acreditam verdadeiramente, com escândalos em torno da aquisição da vacina Covaxin, superfaturamento de obras, repasses bilionários em emendas via orçamento secreto entre outros absurdos.

Ao falar da pandemia da Covid-19, retomou a velha dicotomia “combater o vírus x cuidar da economia”, dizendo que o governo salvou o país da “quebradeira econômica" causada por aqueles que defenderam “fechar tudo”. Em primeiro lugar é preciso dizer que, apesar de se diferenciar da postura abertamente negacionista de Bolsonaro e um setor dos militares do governo, os prefeitos e governadores por todo o Brasil mantiveram a ampla maioria da população sem direito ao isolamento social, sem a garantia de testes massivos para todos, com trabalhadores se amontoando no transporte público, sem direito a EPIs e com o Brasil se tornando o epicentro mundial da pandemia durante muito tempo, chegando a marca macabra de mais de 600 mil mortes, fora toda a subnotificação. Bolsonaro agora diz que sempre defendeu proteger setores da população e combater o vírus, uma mentira descarada, já que todos se lembram muito bem de sua recusa na aquisição de vacinas e com declarações sobre ser somente uma “gripezinha”.

Disse que 11 milhões de empregos foram preservados, um dado que não apresenta uma fonte confiável que não seja a vontade do próprio presidente, já que demissões em massa foram comuns e recorrentes em todo país, e as taxas de desemprego e informalidade estão em níveis recordes. Enquanto isso, garantia recursos bilionários para salvar a economia dos grandes bancos e empresas, em nome da garantia do emprego, mas que apenas serviu para criar novos bilionários no país. Colocou a inflação na conta das medidas de restrição, e disse que agora os investimentos do capital privado estão crescendo e que baixarão a inflação, mas as tendências do próprio Banco Central é de que permaneçam, ainda que com uma leve queda, bastante altas em comparação ao aumento real do salário mínimo.

O cenário pintado é de que até agora tudo foi muito bem, o Brasil não tem problemas e certamente as “dificuldades menores” estão sempre na conta dos outros que atrapalham o trabalho do governo. É expressivo que o comentário de Bolsonaro sobre a tragédia capitalistas das enchentes na Bahia e em parte de Minas Gerais tenha sido de que estão “ajudando as vítimas” tão e somente, sem qualquer medida concreta seja na prevenção de situações deste tipo, seja para lidar com os efeitos preocupantes que se fazem já presentes.

Veja também: Os governos são culpados pelas tragédias anuais com as chuvas. As centrais sindicais precisam organizar a luta por um plano emergencial

E a finalização foi um claro aceno a sua base social: Um governo que acredita em Deus (a cúpula reacionária dos empresários evangélicos), que respeita seus militares (um dos principais pilares de sustentação), e que defende a família (que neste caso é o reforço das estruturas de opressão machista e patriarcal que já conhecemos muito bem).

Bolsonaro começou mais um ano mentindo descaradamente, depois de outros 3 anos de uma gestão que arruinou a vida dos trabalhadores para favorecer os interesses dos banqueiros e empresários. 2022 neste sentido não será diferente, nem da parte de Bolsonaro e nem mesmo dos setores burgueses que se colocam demagogicamente no campo da oposição, mas que estão juntos em cada reforma e privatização para atacar os trabalhadores. Em um ano marcado pelas eleições presidenciais no final do ano é comum já vermos nas redes sociais discursos de que “2023 será um ano melhor”, e uma resignação com as mazelas sociais de 2022, fruto da política petista de conciliação de classes que busca pacificar o país e canalizar o descontentamento social para as eleições. É preciso batalhar desde já por uma resposta política independente dos trabalhadores para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.




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