EDUCAÇÂO EM SÃO PAULO | Professor não paga as contas com esperança!

Em entrevista concedida na última sexta-feira e publicada ontem (14) pelo jornal Folha de S. Paulo, o recém nomeado secretário de educação do Estado de SP, José Renato Nalini, deu suas primeiras demonstrações sobre como atuará à frente do cargo. Cortes nos recursos das escolas e muito cinismo para falar sobre a valorização dos professores.

O ano de 2015 foi marcado pelos fortes ataques à setores de serviços públicos básicos. A educação do brasileiro foi um dos principais alvos dos ajustes dos governos e sofreu ataques em municípios, estados e também do governo Federal, Em São Paulo dois movimentos se destacaram: por um lado a enorme vitória dos secundaristas evitando o fechamento de quase 100 escolas através de mais de 200 ocupações, e do outro a mais longa greve de professores da história, que não obteve vitórias graças à dureza do governo estadual e à direção do sindicato que não organizou a luta dos professores de fato, deixando Alckmin à vontade para ludibriar os professores e dar 0% de aumento.

Devido à inflação do último período, os professores terminaram o ano com seus salários valendo 10% menos do que valiam. Frente à precariedade da situação nacional, Nalini, como já dito, esbanja cinismo ao dizer que quer dar "esperança ao professor" e condiciona o aumento de salário neste ano à melhora da arrecadação do estado, uma verdadeira piada de mal gosto, quando sabemos que em meio a crise a arrecadação não tem a menor possibilidade de aumentar, ainda mais porquê todos os indicadores dão conta de que 2016 será um ano tão duro ou pior do que 2015 para a economia brasileira. E não para por aí! Para o novo secretário, a valorização dos professores, tendo em vista a crise, será possível se apenas se as escolas economizarem seus gastos! Como se as escolas Estaduais de SP já não sofressem o bastante com recursos precários.

O que já começa a ocorrer nas escolas estaduais é o aumento da precarização das condições, estrutura sucateada que não é reformada, falta de materiais que não são repostos, recursos didáticos ainda mais inacessíveis e merenda que diminui em quantidade e qualidade (isso quando não é desviada). O que Nalini faz, na verdade, é fingir que a melhora depende apenas dos esforços de professores e escolas em busca de gratificações.

Sobre as ocupações de escolas, porém, Nalini foi mais cauteloso mas não menos cara de pau. Disse não haver uma "reorganização branca" se referindo ao fechamento de mais de 900 salas de aula pelo estado. Se considerarmos que as escolas tem, em média 15 salas de aula, então o estado fechou o equivalente à 60 escolas! Disse também que a mídia "glamorizou" as ocupações e que se tratavam de movimentos "políticos", (mesmo tendo que assumir depois que tudo na vida o é) e tentando assim diminuir a força que os secundaristas demonstraram e se esquecendo que a mídia que "glamoriza" é a mesma que blinda as sujeiras tucanas e que cuja a distribuição de seus periódicos é mantida sob o custo de milhões de reais que não são cogitados nos cortes de despesas do Governo.

O famoso bônus por desempenho também deverá sofrer alterações, Fruto da crise econômica, a diminuição este ano será bastante considerável nesse que foi um dos grandes argumentos de Alckmin em 2015 para sugerir que este valoriza os professores. Ainda que os índices do SARESP tenham mostrado uma teórica melhora na educação, todos os professores e envolvidos no processo sabem o quão inexatos e manipulados aos interesses do governo eles são.

Enquanto Nalini promete "esperança", o que todo professor sabe é que nossas contas não são pagas com esperanças vazias e cínicas. Sem ilusões no governo, nossas esperanças devem estar depositadas na própria organização da categoria.