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PRIVATIZAÇÃO | "Privatização já está gerando demissões em massa no Metrô de SP", diz diretora do Sindicato

Reproduzimos abaixo entrevista com Marília, demitida política da greve de 2014 pelo governador Geraldo Alckmin, e atual diretora do Sindicato dos Metroviários de SP

sábado 10 de fevereiro de 2018 | Edição do dia

Esquerda Diário - Alckmin diz que a privatização não acarretará em demissões, que o Metrô está contratando e vai beneficiar a população. Isso é verdade?

Marilia - Não. O governador está mentindo duas vezes para a população. Primeiro que a privatização já está gerando demissões em massa no Metrô de SP. Desde o ano passado, com a implementação do programa "Conte Comigo" chefiado por Cristina Bastos, a empresa já demitiu mais de 50 trabalhadores de diversas áreas, isso sem contar o PDV que está em curso com uma meta de 1200 demissões. As atuais contratações que vêm sendo feitas pela empresa na prática servem para ir gradativamente substituindo a mão-de-obra atual por uma mais precarizada (com salários mais baixos e menos direitos), ou diretamente terceirizada. Como é visto hoje com a terceirização das bilheterias das linhas 02, 05 e 15, ou com os funcionários que estão entrando agora sem treinamento de bilheteria, perdendo direitos. A segunda mentira de Alckmin é que o Metrô está se expandindo. Quantas Copas do Mundo passaram e as obras continuam paradas? Não existe uma real expansão, o que existe é entrega do patrimônio público para iniciativa privada, as custas do suor dos trabalhadores.

ED - Podemos dizer que as demissões são retaliações da última greve do dia 18/01?

M - As demissões já vinham desde o ano passado. Inclusive, alguns trabalhadores que por medo "furaram a greve", no dia seguinte, foram demitidos pela tal "baixa produtividade ". Então não é esse o critério. Pelo contrário, a mobilização, a luta, e a conscientização nas áreas de que devemos adotar uma estratégia de "Demitiu, parou" é a resistência que podemos fazer contra esse processo de demissões decorrentes da privatização.

ED - Qual a justificativa que a empresa utiliza para demitir? Como é considerada a "baixa produtividade"?

M - A empresa tem usado a justificativa de baixa produtividade para disfarçar as demissões em massa e aprofundar o processo de privatização. Para isso, ela se apoia na avaliação de desempenho, totalmente subjetiva e sem nenhum critério, realizada anualmente pela supervisão. O que vem acontecendo é que existe uma ação proposital da chefia de departamento em abaixar as notas, principalmente nas estações. Com a nota baixa, o funcionário se torna "baixo produtivo" e é demitido. Há também os que são diretamente perseguidos, como no caso de ativistas que assumiriam a CIPA como o André Bof, e do diretor do Sindicato Maruzan. O exemplo mais gritante é no trecho de São Bento e Luz, onde já ocorreram diversas demissões, todas fruto da baixa avaliação feita pela chefia. Vale lembrar que essas avaliações já foram consideradas ilegais pela SRTE, já que o Metrô está inserindo as faltas justificadas por licença médica como critério para baixar a nota. O que nos leva a perguntar: como estações tão movimentadas funcionam tão bem se os funcionários são "baixo produtivos"? A verdade é que se existe baixa produtividade no Metrô, ela é da gerência atual, envolvida em diversos escândalos de corrupção e indicados do governador. Esses são os verdadeiros cabides de emprego que estão entregando o Metrô para as empresas privadas.

ED - Essa semana foram quantos demitidos?

M - Semana passada foram 06, nessa mais 03, e cada semana ocorrem novas demissões. Na sexta feira pré carnaval foram 2 funcionários da manutenção e um operador de trem da Linha 1 - Azul. Demissões que geraram, com razão, muita indignação na base. Não a toa no pátio Jabaquara, os trabalhadores paralisaram durante 1 hora as atividades exigindo resposta da gerência. Uma nova reunião foi agendada para semana que vem para tentar reverter a demissão. Esse é o exemplo que devemos seguir. Se não dermos uma resposta em cada área, o Metrô seguirá com as demissões. E por isso venho insistido para a diretoria do Sindicato dar maior atenção a esse tema, que não vem sendo tratado com a centralidade devida. Nem assembleia está sendo convocada. A diretoria, principalmente a CTB e a CUT que são maioria, devem imediatamente convocar assembleia, isso seria o mínimo a se fazer, sem contar as setoriais nas áreas que também devem ser feitas o quanto antes.




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