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GOVERNO BOLSONARO | Presidente da Funai é exonerado e a fundação voltará à submissão do Ministério da Justiça

Exonerado do cargo, o General Franklimberg, defensor de mineradoras do imperialismo, acusa o Secretário Nabhan, inimigo da reforma agrária, de estar assessorando mal o presidente da República, Jair Bolsonaro, que por sua vez é amigo de longa data do secretário.

quinta-feira 13 de junho de 2019 | Edição do dia

O General Franklimberg Ribeiro de Freitas foi exonerado do seu cargo da presidência da Funai – Fundação Nacional do Índio. Escolhido pela reacionária Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, para assumir o comando dessa instituição no começo do governo de Jair Bolsonaro (PSL), a nomeação do general já dava sinais dos grandes ataques que estavam por vir contra os movimentos indígenas.

Franklimberg já havia ocupado o mesmo cargo no ano passado pedindo demissão no segundo semestre de 2018. Envolvido com a Belo Sun Mining, mineradora canadense que está à frente de grandes projetos de mineração no território brasileiro, como a extração de 60 toneladas de ouro na região do Xingu, no Estado do Pará, já atuou como conselheiro consultivo da empresa. No ano passado, por uma decisão da Justiça Federal, a Belo Sun Mining teve suas atividades suspensas e, a regularização do licenciamento ambiental para o projeto, passou para “as mãos” do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis). Entretanto, depois do retorno do General Franklimberg ao cargo, escancarou-se a intenção do atual governo e dos grandes empresários e imperialistas, da implementação de uma administração para a Funai que pudesse levar à frente brutais ataques aos indígenas, com a exploração sem limites de terras e minério.

Jair Bolsonaro, que já é visto como um inimigo declarado dos povos indígenas , sem-terras e quilombolas, sempre demonstrou para quem iria trabalhar. Tendo uma coleção de declarações contra a atuação do Ibama, em tudo aquilo que barrava os interesses da burguesia nacional e imperialista, esse ano também determinou que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) passasse à submissão do Ministério da Agricultura, decisão que atenderia os interesses de ruralistas, enfraquecendo o processo de demarcação de terras.

Segundo Franklimberg, ele estava sendo alvo de pressões de ruralistas ligados ao Secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura (Mapa), Luiz Antônio Nabhan Garcia, responsável pelas demarcações de terras e a reforma agrária. Nabhan, grande amigo de longa data de Jair Bolsonaro, que já foi investigado por ligação com milícias rurais, segundo artigo do The Intercept , sempre atuou contra a reforma agrária e é um dos mais importantes inimigos do MST.

“A realidade é que, infelizmente, assessores do presidente da República que pensam que conhecem a vida e a realidade dos povos indígenas, têm assessorado muito mal o presidente da República”, disse Franklimberg em entrevista ao Estado de São Paulo. O general, ex-conselheiro consultor de uma mineradora do imperialismo, defendeu uma suposta inocência de Bolsonaro, o inimigo dos povos indígenas e do meio ambiente, atacando o secretário Nabhan, dizendo que ele que não conhece a realidade dos povos indígenas.

Nabhan já teria forte insatisfação com a administração de Franklimberg, que restringiu o secretário de nomear 58 cargos comissionados nas operações da Funai, e ainda, se negou a realizar as publicações de processos de terras indígenas apenas quando fossem homologados por Jair Bolsonaro, e não antes disso. O secretário ainda não se pronunciou sobre as acusações de Franklimberg.

Agora, a Funai voltará à submissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, do ex-juiz Sérgio Moro, ministro que articula com o golpismo e trabalha em nome do imperialismo.

Veja também: As consequências do "MoroGate" e uma política de independência de classes contra o projeto do golpe




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