terça-feira 24 de janeiro de 2017 | Edição do dia
O presidente da Avon no Brasil, David Legher, fica contente que a crise ajuda sua empresa a conseguir mais vendedoras a seus produtos. Ou seja, para ele o aumento do desemprego oferece mais trabalhadores precários, sem direitos trabalhistas, a explorar. Ele no entanto reclama que os clientes estariam comprando menos. A solução para os problemas: maquiagem, óbvio. Esconda a crise, não fale dela que ela não existe.
Na mesma entrevista defende como agenda para 2017 "fazer reformas estruturais para a economia seguir em frente". Quer a reforma da previdência, trabalhista e outros ataques estruturais. Perca direitos, trabalhe ao menos dez anos mais para ter direito a uma aposentadoria de miséria, mas segundo o empresário a receita está no otimismo, não falar em crise. Deve ser fã de Temer e sua célebre "não pense em crise, trabalhe".
É fácil falar que basta não falar da crise sendo um empresário hiper bem-remunerado, o oposto das milhares de mulheres que procuram vender os produtos da multinacional por estarem desempregadas ou para aumentar a renda de suas famílias.
Veja a seguir trechos da entrevista do otimismo patronal para esconder os problemas sentidos por milhões. David Legher foi entrevistado pelo Estado de São Paulo
A crise pode ajudar a captar revendedoras, por causa do aumento do desemprego?
A crise ajuda e atrapalha na captação. Ajuda porque há mais pessoas buscando oportunidades. E atrapalha porque o consumo está mais contido. Então, você pode ter mais consultoras, mas com produtividade mais baixa.
Qual é o cenário para 2017, em sua opinião?
Dizemos "crise aqui não", mas temos clareza de que estamos em um complexo cenário macroeconômico e político. O mais importante, neste momento, é retomar a confiança do consumidor. No curto prazo, não vai mudar muito; 2017 vai ser difícil, com uma melhora a partir do fim do ano.
O que pode ser feito, na sua opinião, para que o ambiente de negócios melhore no País?
Acho que os governos devem intervir menos no ambiente de negócios e se preocupar mais em criar condições para o sucesso das empresas. Não é preciso dar benefício para um setor ou outro, mas fazer reformas estruturais para a economia seguir em frente.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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