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PANDEMIA | Prefeito de salvador (DEM) confirma descaso e diz ter “risco de ter que entubar, não ter respiradores e irem a óbito’

Prefeito Bruno Reis, do DEM, partido que tem apoiado o conjunto das reformas que retiram direitos dos trabalhadores, incluindo os cortes do piso de saúde e educação com a PEC emergencial, declarou em entrevista estar agora preocupado com a situação de descalabro que pode levar em Salvador à população vivenciar a falta de respiradores, como em Manaus. O governador Rui Costa, do PT, também não tem se apresentado como alternativa diante desse quadro, com a população da Bahia sofrendo as consequências da negligência dos governos.

quarta-feira 3 de março de 2021 | Edição do dia

O número de mais de 106 pessoas a espera de leitos se confirmou nesta terça-feira em Salvador, Bahia. A capital baiana tem 85% de ocupação dos leitos gerais, sendo de 85% Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 82% de leitos clínicos. Desde o início da pandemia, é a primeira vez que o número atinge essa marca, demonstrando um quadro de calamidade da saúde e receio de toda a população de vivenciar na capital Bahia cenas estarrecedoras como foram vistas em Manaus. A falta de um plano de defesa da saúde pública por parte do prefeito Bruno Reis, que em seu partido estiveram mais preocupados em disputar os cargos da Câmara e do Senado do que com a saúde pública da população, agora se faz sentir por todos. Em entrevista nessa terça-feira a um jornal da grande imprensa, Reis falou sem pudores que corre o risco das pessoas começarem a morrer sem ter acesso a leitos.

Segundo o prefeito, o lockdown está sendo feito na cidade há dias, e a aposta seria de melhora. Nada mais cínico, já que sabemos que esse recurso está sendo utilizado para reprimir jovens e trabalhadores durante a noite e não como uma política sanitária, uma vez que a massa da população trabalhadora continua lotando ônibus, trens, metros, sendo obrigada pelos empresários.

O governo do PT de Rui Costa não tem feito nada diferente, está estimulando as medidas de repressão e tem feito discursos de “conscientização” que na verdade colocam a culpa na massa dos trabalhadores que são obrigados a sair na pandemia para manter suas famílias, sem denunciar os empresários, banqueiros e seus agentes políticos que tem implementado uma série de ataques contra a população, com demissões, cortes de salário, retirada de direitos, e uma intensa campanha de cortes na saúde e na educação, uma política que tem marcas de sangue da população que agoniza diante da Covid. Ou seja, Rui Costa propõe as mesmas medidas e não denuncia o descalabro que está acontecendo em Salvador, ao contrário, tem sido um voz similar a de Bruno Reis. O lockdown, nesse sentido, não passa de um discurso falso de preocupação na boca do prefeito e governador.

Não é com policiamento e repressão que se pode combater o vírus. Mesmo algumas organizações de esquerda, correntes do PSOL e até o PSTU, tem reproduzido acriticamente o discurso de que é necessário exigir dos governos a implementação de lockdown, que na prática é exigir o endurecimento de medidas repressivas contra a população, que certamente atinge mais diretamente bairros e setores operários do RN, que inclusive vão seguir se expondo para ir ao trabalho.

É mais que necessário defender a vida da população trabalhadora, mas sem cair nas armadilhas dos discursos da grande mídia e partidos, que falam em lockdown de maneira demagógica para continuar enviando as pessoas para o trabalho sem segurança sanitária e aumentando a repressão nos bairros.

O único jeito de evitar que o pior aconteça em Salvador é um plano que se enfrente com os lucros capitalistas. Em primeiro lugar é necessário um plano de emergência para o SUS, garantindo leitos, oxigênio e respiradores. Frente a completa insuficiência de vacinas, graças ao desserviço de Bolsonaro, mas especialmente por conta da repugnante guerra de vacinas, que protege as patentes das grandes indústrias farmacêuticas em detrimento de que tenha vacina para todos. A irracionalidade capitalista precisa ser combatida com uma forte luta por vacina a todos, com a quebra das patentes e produção massiva sob controle dos trabalhadores junto a profissionais da saúde, técnicos e cientistas das universidades. Um plano que deve incluir uma política de vigilância genômica organizada por cientistas que mapeie as variantes que estão circulando e se formando, permitindo respostas rápidas quanto ao isolamento e atualização de vacinas necessárias.
A imediata intervenção estatal de todas as empresas farmacêuticas e laboratórios, para colocá-los sob o controle dos profissionais de saúde e servir a planos racionais de produção e distribuição de vacinas e testes, com vistas à nacionalização dessas empresas sob controle operário, junto com todos os recursos da saúde privada. A reconversão da produção nas indústrias para garantia de todos os insumos necessários para o combate ao COVID-19. Ou seja, um plano de ação controlado pelos trabalhadores, que vimos que são a única classe essencial e que pode nos conduzir para fora dessa catástrofe sanitária, econômica e social.

Essa saída é possível através da luta, com a juventude, mulheres, negros e LGBTs a frente dessa batalha, em especial nas universidades, como a UFRN, que foi responsável pela detecção do vírus, são um pouco do grande papel que os vários estudantes, pesquisadores, técnicos da universidade poderiam cumprir para esse plano. A batalha por esse plano colocaria em questão a necessidade de derrotar o projeto do golpe institucional, que com Bolsonaro aliado a Arthur Lira, Pacheco, agora querem aprofundar com a PEC Emergencial e o novo orçamento.

Nesse momento em que há uma disputa entre autoritarismos do STF e dos militares, é urgente que as centrais como CUT e CTB saiam da sua eterna quarentena a serviço do projeto do PT de vencer as eleições de 2022, e organize em cada local de trabalho a força que pode barrar Bolsonaro e os golpistas e impor uma saída operária para pandemia. A UNE, que fez um chamado a mobilização no dia 25 que não construiu, deve buscar romper com a fragmentação imposta pela pandemia e o ensino remoto, organizando reuniões e assembleias de base para que os estudantes pudessem votar um plano de lutas contra esses ataques de forma unificada com os trabalhadores e avançar para que as universidades coloquem todas as suas forças para responder à pandemia.




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