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Precarização do trabalho aumenta o número de mortes de motoboys durante a pandemia

Conforme os dados disponibilizados pelo Infosiga, serviço que mapeia o número de acidentes de trânsito no estado de São Paulo, houve um aumento no número de motociclista mortos que trabalham como entregadores nos últimos dois meses, período que a quarentena foi implementada, na cidade de São Paulo. O mesmo cenário se apresenta no restante do estado.

sábado 23 de maio de 2020 | Edição do dia

As informações disponibilizadas pelo Infosiga mostram um aumento no número de mortes de motociclitas nos últimos dois meses em que a quarentena foi adotada em São Paulo, se comparado com os dados referentes aos mesmos meses do ano passado. Pelo menos 56 motociclistas morreram em março e abril desse ano, enquanto, no ano passado, foram contabilizadas 38 mortes nos mesmos meses, resultando numa alta de 47,3%.

Se comparado somente o mês de março desse ano com o do ano passado, o aumento chega a 87,5%. Tal mudança está diretamente relacionada com o aumento da demanda por entrega de produtos, com a redução das taxas de entrega e das péssimas condições de trabalho, as quais esses trabalhadores são submetidos.

“Cada aplicativo tem um modelo de remuneração, isso já prejudica a segurança [financeira] do entregador. E como tem muito trabalhador rodando com moto, o valor do frete despenca também. Com isso, os motoboys se arriscam fazendo várias corridas [sem cuidados] para compensar”, diz Gilberto Almeida dos Santos, presidente do SindimotoSP (sindicato dos motoboys)

O aumento no número de mortes de motociclistas, que afeta aqueles que precisam atuar por aplicativos como Rappi, IFood e Uber eats, exibe novamente as mazelas de um sistema que vai degradando cada vez mais a vida dos trabalhadores, à medida que a crise econômica social, já existente, vai se aprofundando em função do covid-19.

Os trabalhadores dos aplicativos mencionados, já viviam na pele a exploração desse sistema, sem ter direito a qualquer garantia, seja de segurança, seja de uma salário condizente com a realidade deles. Agora, com o aumento da concorrência, e a oscilação dos valores da taxa de entrega, muitos se vêem obrigados correrem com entregas, correndo o risco de perder suas vidas.

Com o crescimento do número de mortes de motociclistas, novamente, fica claro que a classe trabalhadora continuará sendo a mais afetada pelos devastadores efeitos sociais da crise sanitária que vivemos atualmente. É ela que será afetada pela sobrecarga do sistema público de saúde, pelo desemprego descomunal, previsto por analistas burgueses, e pelo agravamento da precariedade das condições de trabalho.

Outro aspecto, que exibe a face mais cruel do capitalismo no Brasil, está relacionado diretamente a falta de medidas por parte dos governos Federal, estaduais e municipais em oferecer testes e mais leitos para população. Conforme a reunião ministerial, divulgada ontem pelo ministro Celso de Mello, fica nítido que os planos do governo Bolsonaro é justamente aplicar a reabertura econômica, mesmo com o número crescente de contagiados, mortos e de subnotificação, reforçando sua linha negacionista.
Frente a isso, diferente do que levantam setores da esquerda, como PSOL e PSTU, seria fundamental buscar uma saída independente para essa crise que vivemos. Sem crença em setores burgueses, que querem precarizar ainda mais os ataques aos trabalhadores.

É preciso atuar contra a demissão dos funcionários das empresas e lutar por uma renda mínima de 2.000 reais para a população, concomitante à exigência por testes massivos e à estatização dos todos os leitos hospitalares, sob controle operário. Tudo isso, tendo em mente um questionamento mais profundo desse regime como um todo. Partindo disso, nós, do Esquerda Diário, acreditamos que o povo deve decidir os rumos do país, por isso levantamos a necessidade uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana.




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