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29 DE AGOSTO | Porque as estudantes devem construir o Encontro de Mulheres e LGBTs do Pão e Rosas

Isabel Inês São Paulo

quinta-feira 27 de agosto de 2015 | 02:28

Faltando alguns dias para o encontro de mulheres do Pão e Rosas, que acontecerá este sábado em São Paulo, ocorreu, na USP, um ato contra os estupros com centenas de mulheres. Jovens estudantes que resolveram responder de forma organizada e combativa a opressão que sofrem dia a dia na universidade, rompendo o suposto “problema individual”, para mostrar que os estupros são resultado de uma política da reitoria da Universidade de mantela fechada e vazia por um lado, e por outro por tentar aprovar um novo convenio com a polícia, acentuando ainda mais as contradições sociais dentro da USP.

Essa expressão mais recente do movimento de mulheres na universidade, mostra que depois de Junho não só as pautas dos setores oprimidos começou a ganhar mais corpo e aparecer como um elemento da política nacional, como dentro do movimento estudantil os problemas de falta de moradia, creche, a violência sexual, a transfobia da burocracia acadêmica e impede o nome social, a opressão institucionalizada na terceirização e inúmeros exemplos, estão sendo respondidos pelas mulheres e LGBTs de forma organizada.

Na USP, as estudantes tomaram um paço importante de mostrar que a opressão é um problema social, e que para responder a ele, é necessário que as estudantes questionem a fundo a estrutura universitária, o grupo de altos cargos da reitoria que enriquecem com o dinheiro publico, enquanto nem dão condições minimas no campus, como luz, podá de arvore, ou mesmo acesso a permanência a todas que precisam, linhas de ônibus para as estudantes voltarem, sem contar a precarização do Hospital Universitário, onde as mulheres pegam fila enormes para fazer um exame simples, como o papanicolau.

Questionar cada um desses problemas, é um enfrentamento com uma universidade excludente e elitista, a luta que travamos na USP é que só uma universidade aberta a população e a serviço dos interesses dos trabalhadores, onde todos possam estudar, rica em vida, arte e cultura pode dar uma saída aos problemas de opressão dentro da universidade.

Vemos despertar um novo sentimento do movimento de mulheres dentro do movimento estudantil, onde o combate a opressão esta no centro, mas mais, está se aprofundando em um viés político, denunciando a reitoria, a polícia e o próprio governo. Muitas das estudantes que hoje estão na faculdade, viveram os últimos anos ouvindo que as pautas das mulheres no Brasil estavam avançando porque se elegeu uma presidente mulher, a Dilma, se elegeu em base a esse discurso, contudo a história não peca em testar na pratica cada frase dita.

As estudantes que hoje vem se enfrentando com os cortes na educação, com a falta de auxilio permanência, onde muitas mães são impedida de estudar por não ter acesso a creche, estão vendo como todo o discurso do PT não passava de demagogia, e é agora essa mulher no governo que esta fazendo os cortes neoliberais. As militantes do Pão e Rosas da UERJ vem lutando há anos pelo direito a creche e permanência, por entendermos que é uma necessidade e uma obrigação que o estado garanta a todas o direito ao estudo e a um futuro, essa é uma das diversas lutas que estão expressas no encontro desde final de semana.

Se as universidades são espaços onde a opressão se reproduz para as estudantes, no meio das trabalhadores é ainda mais expressivo, pelo assédio moral, além do espaço hostil e escuro da maioria dos campus universitários, mas também pela terceirização, regime de trabalho majoritariamente feminino e precário. É também o principal setor das universidades onde os cortes na educação vem caindo, o corte de salários e demissões de trabalhadoras é realidade constante nas universidades federais, principalmente, mas também nas estaduais. Na Unicamp, hoje acontece uma greve de trabalhadores contra os “super salários” dos reitores, na qual se questiona como é possível estudar em uma universidade onde o reitor e os altos cargos ganham mais que o teto estipulado pelo estado – referente ao salário do governador – e as trabalhadoras terceirizadas ganham menos que um salário minimo.

Nesse momento as estudantes do IFCH, estão lutando junto aos funcionários da Unicamp para que suas demandas sejam atendidas, e questionando a “universidade de privilégio para poucos”. É necessário construir um novo modelo de universidade, que atenda aos interesses dos trabalhadores, e não sejam “maquinas de dinheiro” para reitores e empresas. A universidade deve ser um espaço de desenvolvimento de conhecimento onde a população se aproprie da própria história, e principalmente os setores oprimidos que muitas vezes só vem a história ser contada pelos “de cima”.

Essa luta, onde as mulheres devem estar na linha de frente, é uma grande disputa política, de para que deve servir o conhecimento que desenvolvemos todos os dias nas universidade, para que deve servir os médicos formados? A contradição entre nas melhores faculdades de medicina, como na USP e UNICAMP, as mulheres não terem acesso a exames básicos, é mais que dados estatísticos, mas sim um dado político que escancara o caráter de classe da universidade.

Debates como esses, que o encontro de Mulheres e LGBTs do Pão e Rosas deve desenvolver nesse final de semana, onde as estudantes são chamadas a colocar suas pautas e reflexões, para que estejam na linha de frente da luta contra todas as opressões.




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