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VIOLÊNCIA POLICIAL | Polícia e capangas assassinam membros do MST em emboscada no Paraná

Na tarde desta quinta-feira, 7/4, a polícia militar do Paraná, junto a seguranças privados da empresa Araupel, protagonizaram um ataque contra o acampamentodo MST, Dom Tomás Balduíno, onde vivem 1.500 famílias, em Quedas do Iguaçu, resultando em dois mortos e sete feridos.

sexta-feira 8 de abril de 2016 | Edição do dia

Os agricultores Vilmar Bordin, de 44 anos, e Leomar Bhrbak, 25, foram as duas vítimas fatais do massacre efetuado contra o acampamento dos sem-terra sob responsabilidade do governo do estado do Paraná e da empresa madeireira Araupel. Dos demais feridos, quatro tiveram alta esta manhã, dois seguem internados; um tem uma fratura no fêmur e o outro foi baleado na altura da cintura e ainda está sob observação.

O que a imprensa dos patrões chama cinicamente de “confronto” foi na verdade um ataque covarde contra 25 militantes do movimento quando estes andavam dentro do perímetro de seu acampamento em uma caminhote e motocicletas, sendo subitamente alvejados por balas e tentando correr por suas vidas. Todas as evidências comprovam a versão do MST: os sem-terra foram alvejados pelas costas, e seus corpos foram recolhidos de dentro da mata, para onde tentaram fugir ao serem atacados; não há políciais nem seguranças feridos; após o ataque, a polícia isolou o local, impedindo o acesso a este e o socorro imediato das demais vítimas; os cadáveres das vítimas, bem como os objetos na cena do crime foram removidos pela própria polícia antes da chegada do IML. Além disso, a polícia instaurou um verdadeiro estado de sítio sobre as vítimas que sobreviveram ao ataque: isolou a delegacia e os hospitais para onde foram levados, impedindo seu acesso a advogados, familiares e imprensa.

A versão oficial da polícia foi dada pelo Comandante do Quinto Comando Regional de Cascável, o tenente-coronel Washington Lee Abe, que declarou: “Os policiais se deslocaram até a área onde foi registrado o incêndio, pois houve um crime ambiental, e chegando lá [na área] a Polícia Ambiental e a Rotam foram recebidas em um bloqueio feito pelo MST, onde vieram elementos do movimento e começaram a efetuar disparos contra a equipe. De imediato, a equipe se protegeu". Curiosamente, apesar dos supostos disparos que teriam sido realizados pelos sem-terra, não há nenhum ferido entre os policiais ou sequer indícios, como marcas de balas veículos. A própria polícia alegou que, entre os 25 militantes do MST, foram apreendidos uma espingarda e uma pistola.

Além da brutalidade e covardia explicitadas pela emboscada, o que esse massacre demonstra é o quanto o estado e a polícia estão a serviço de defender os interesses dos ricos e dos capitalistas. O acampamento do MST está ocupando a propriedade de Rio das Cobras desde maio de 2015, após decisão da Justiça Federal declarando que a região havia sido objeto de grilagem por parte da empresa, e que, portanto, as terras seriam de propriedade da União e deveriam ser destinadas à reforma agrária. Decidindo não contar com a morosidade da justiça, cujas ações seriam evidentemente atrasadas ou mesmo nulas graças aos conluios com os donos da Araupel, os sem-terra ocuparam a região cuja finalidade já havia sido destinada, mesmo pelos parcos critérios da justiça brasileira, para a reforma agrária.

A resposta não podia ser diferente, como em todo o canto do país: a violência impune perpetrada por jagunços, latifundiários, proprietários, empresas e polícia, que massacram aqueles que lutam por um pedaço de terra para sua subsistência. Segundo o MST, o ataque foi desferido logo após o deputado federal Valdir Rossoni (PSDB) assumir a chefia da Casa Civil do governo do estado e ter realizado uma visita, no dia 1 de abril, ao município onde ocorreu o massacre, acompanhado pelo Secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquista, bem como de representantes da alta cúpula da polícia do estado. Após a visita, foi determinado o envio de mais de 60 policiais militares para o local.

Prestamos toda a solidariedade ao MST e nos somamos à exigência de que todos os envolvidos sejam punidos, bem como os responsáveis políticos pelo massacre, o governo e seus secretários e a empresa Araupel. Que sejam entregues aos sem-terra todas as terras que ocupam, e que a polícia se retire do acampamento e do município.




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