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POVOS INDÍGENAS SOB ATAQUE | Poema-Denúncia

sexta-feira 28 de agosto de 2015 | 02:35

Yanomami morto

Poema-Denúncia

Lá no Mato Grosso do Sul
Tem muito índio pra pouca terra
Guarani, Kaiowá e Ñandeva
Tanto índio que o Brasil nunca viu

Tem índio rezando em opy
Com cachimbo e fumo de corda
Cantando pra Nhanderu
Colhendo inhame, milho e mandioca

Mas em todo lugar sem índio
O que se ouve é sempre o contrário
É papo pra boi dormir
De quem caiu no conto do vigário

Muita terra pra pouco índio!
Índio não gosta de trabalhar!
Éramos muitos até nos matarem
E trabalhávamos, até o branco escravizar

E agora, com as retomadas de terra
O sangue no peito escorre novamente
Ninguém vê que estamos em guerra
Muito menos que também somos gente.

Mas já são dez mil de pé e em luta
Com arco e flecha a guerrear
Mas sabemos que morte de índio
Nunca é assunto na mesa do jantar.

VÍDEO DE ANAÍS NO SARAU ORGANIZADO PELO PÃO E ROSAS RECITANDO ESTE POEMA

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São mais de 500 lideranças indígenas assassinadas desde 2006.
A média de suicídio entre os povos indígenas é seis vezes maior que a média nacional. Entre os Guarani-Kaiowá, doze vezes maior.
Próximo ao final de 2012, durante o conflito de Belo Monte, um grupo de Guarani-Kaiowá lançou uma carta anunciando morte coletiva. No ano seguinte, houveram 73 suicídios indígenas no Mato Grosso do Sul, 72 deles eram Guarani-Kaiowá, em sua maioria adolescentes que se enforcaram. Hoje Belo Monte só aguarda licença para operar.

Guarani-Kaiowá da Aldeia Kurusu

Nos últimos meses, mais de 10 mil Guarani-Kaiowá tem se mobilizado para retomar e auto-demarcar suas terras. Em consequência disso, mais lideranças indígenas são perseguidas e assassinadas, os barracos são incendiados e as crianças passam fome. Não há terra para plantar, nem trabalho onde todo mundo odeia índio, onde eles ironicamente estão na cadeia por “roubo” e “invasão” de terras.

Centenas de órgãos do Estado, antropólogos e outras pessoas importantes reconhecem a maioria dessas terras como legitimamente indígenas, e só é necessária a homologação a nível federal. Reconhecer as terras é fácil, mas quando é preciso assinar o papel, todo mundo sabe que burocracia não foi feita pra ajudar índio, preto, pobre e nenhuma outra minoria.




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