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FRANÇA | Podem os trabalhadores franceses colocar em risco o projeto da União Europeia capitalista?

Neste último 15 de junho ocorreu em Paris a maior manifestação de estudantes e trabalhadores em três meses. Mais de um milhão de pessoas abarrotaram as ruas da capital da França contra a reforma trabalhista do presidente Hollande.

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

quinta-feira 23 de junho de 2016 | Edição do dia

Na imensa onda vermelha das centrais sindicais da CGT e da FO, se distinguiram as marchas de trabalhadores ferroviários, os condutores, trabalhadores da limpeza, dos hospitais, da metalurgia, das indústrias de automóvel, como Renault, sendo os portuários que vieram de todas as partes da França o setor mais destacado desta impressionante manifestação em Paris.

Com a entrada em cena dos contingentes operários, vimos as greves nas refinarias, nos portos, nas centrais elétricas e nucleares, bloqueios de saída dos jornais da burguesia que faz campanha contra o movimento, e a paralisação das ferrovias pelas quais chegava a taça da Eurocopa.

Este grande exemplo francês deve ser refletido pelos trabalhadores e jovens brasileiros por três elementos que se ligam entre si. Em primeiro lugar, pelo ódio crescente a todas as instituições do estado francês, principalmente a polícia, repudiada e combatida nos atos. Em segundo lugar, o sentimento anticapitalista que se desenvolve em milhares de pessoas de que este sistema de exploração e opressão só nos reserva mais crise. Por último, o fato de que a classe operária e seus métodos de luta estão no centro do conflito, diferentemente da maioria dos movimentos sociais dos últimos anos, e sua aliança com a juventude segue o rastro da grande tradição do Maio de 1968 francês.

Esta expressão na luta de classes revela a crise dos partidos do “extremo centro”, conservadores e socialdemocratas europeus, que segue desde a Grande Recessão de 2008, fortemente questionados por sua gestão da crise econômica, medidas antipopulares e assimilação completa dos interesses do capital financeiro.

Trata-se de um fenômeno combativo de esquerda, oposto aos fenômenos de direita que ocorrem, por exemplo, no Reino Unido com o plebiscito de saída da União Europeia, convocado pelo primeiro ministro David Cameron para controlar as disputas internas do partido conservador, mas que serve de plataforma para a campanha antiimigratória e racista da extrema direita.

Medidas como essa não representam saída progressista aos trabalhadores, nem podem combater a reacionária União Europeia dirigida pelo imperialismo alemão. Contra a “Europa das Nações” pregada pela extrema direita, mas também contra a União Europeia imperialista, a necessidade de uma perspectiva independente que derrote estes dois projetos com um programa anticapitalista e socialista se faz urgente.

A vitória do movimento francês contra a reforma de Hollande, como em 1995 quando a derrota do plano antioperário de Alain Juppé gerou uma onda de antineoliberalismo a nível internacional, fortalecerá a classe operária mundial.




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