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Rumo ao 7S | Plano de luta junto dos indígenas para derrubar o Marco Temporal de Bolsonaro, STF e agronegócio

As tensões entre as alas do regime se mantém rumo ao 7 de setembro, dia em que estão marcados atos bolsonaristas junto de sua base reacionária por todo o país. A sede de lucro de Bolsonaro, Mourão, militares, STF e do agronegócio está sendo saciada com sangue indígena e com os ataques como o Marco Temporal e a PL 490. A luta dos indígenas em Brasília mostra o caminho. Rumo ao dia 7 é urgente um plano de luta dos trabalhadores, da juventude e todos os oprimidos ao lado dos indígenas para enterrar o Marco Temporal e o conjunto dos ataques de vez.

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

quinta-feira 2 de setembro de 2021 | Edição do dia

Foto: Dalton Yatabe (Chun)

No dia 7 de setembro estão sendo marcados atos bolsonaristas por todo o país. O ato acontecerá no contexto de uma forte crise política do governo Bolsonaro, - aberta mais profundamente com o escândalo de corrupção envolvendo as vacinas meses atrás, porém que só segue se aprofundando. O ato, nesse sentido, faz parte de uma demonstração de forças do bolsonarismo, que busca reafirmar suas bases de sustentação, articulando os militares, polícias, agronegócio e parte das Igrejas Evangélicas - seu núcleo duro - para estarem nas ruas no dia 7 de setembro.

Vale pontuar que a crise política de Bolsonaro, demonstra as fortes divisões entre as frações da burguesia, os embates entre extrema-direita e direita, como, por exemplo, vimos essa semana o irônico e patético manifesto do agronegócio “Em defesa da democracia”, porém que que não significa uma ruptura com o governo, mas que se posicionam contrários a escalada na retórica golpista de Bolsonaro e maior desestabilização, inclusive sendo mais enfáticos que o manifesto do empresários, encabeçado pela Fiesp.

Veja nossa análise nacional aqui: O que expressa realmente o manifesto de empresários pela “harmonia entre Poderes”?

A crise política se combina com um cenário de vários e fortes ataques à classe trabalhadora, à juventude, aos indígenas e ao conjunto dos oprimidos, com as privatizações, a MP1045, o Marco Temporal, PL 490, para citar alguns. Os duros ataques são aplicados por Bolsonaro em unidade com as instituições articuladoras do golpe institucional de 2016 do regime (Congresso Nacional e STF), e demonstram com clareza que os ataques são um ponto de convergência entre Bolsonaro e as alas do regime, que apesar de seus embates, estão juntos para garantir os lucros exorbitantes de setores reacionários como o agronegócio, e dos capitalistas, jogando a população ainda mais na miséria.

E para além de tudo isso, esses ataques que descarregam a crise capitalista sobre as costas dos trabalhadores e mais oprimidos, se localizam em um contexto de aumento da fome, desemprego, inflação dos alimentos, crise hídrica e climática, sem contar com o risco de uma terceira onda da pandemia com a variante delta. Esse é o retrato da crise capitalista e reafirma seu caráter decadente que não tem nada a nos oferecer, senão mais miséria.

Portanto, todo esse aprofundamento da crise, ataques e inflexão à direita na conjuntura política brasileira, não ocorre sem resistência, pelo contrário, os focos de resistência pelo país mostram que há disposição de luta. Exemplo disso é a luta histórica que os indígenas estão travando em Brasília contra o Marco Temporal e a PL 490 no Acampamento Indígena histórico “Luta pela Vida”, e greves como dos trabalhadores da MRV contra as condições de trabalho análogas à escravidão; a greve dos metalúrgicos da SaeTowers em Betim (MG); entre outras.

Entenda o Marco Temporal em 5 pontos aqui

A luta dos indígenas mostra o caminho (que a esquerda insiste em não ver) para poder barrar os ataques, imaginemos o que poderia ser se o Acampamento estivesse ligado com uma paralisação nacional dos trabalhadores... Essa poderia ser a força para derrubar e enfrentar os ataques, Bolsonaro, Mourão, Congresso, STF e os capitalistas nas ruas. A mobilização histórica que reuniu cerca de 10 mil indígenas e mais de 170 povos de todo o Brasil, com solidariedade dos que não puderam estar aqui presentes, fechando rodovias Brasil afora, deu um chá de realidade na esquerda (PSOL, PSTU, PCB, UP) que insiste em seguir os passos do PT e de Lula, se adaptando a uma política meramente eleitoralista e de conciliação de classes, que não organiza a luta, pelo contrário a desmobiliza. Passos desse mesmo Lula que em seu governo fortaleceu a bancada do boi, bala e bíblia, e que garantiu o crescimento do agronegócio no país.

Leia mais: Caravana eleitoral de Lula no NE é para costurar alianças com Centrão e base de Bolsonaro

É bastante vergonhosa a adaptação da esquerda à política petista, inclusive essa mesma esquerda está na direção de inúmeras entidades estudantis e operários pelo país, e em nenhum momento organizou e se manteve ativamente presente nessa luta. As máquinas burocráticas das grandes centrais sindicais do país, a CUT (PT) e CTB(PCdoB) também não organizaram a luta dos trabalhadores em unidade com indígenas. A mobilização dos indígenas, ainda não vitoriosa, colocou bastante medo no STF e em Bolsonaro, fazendo a votação do Marco ser adiada dia após dia.

A esquerda deve romper com essa adaptação e construir assembleias por cada local de trabalho e estudo para organizar a nossa luta rumo ao 7 de setembro e exigir das grandes centrais que nossa luta não pare por aí, isso só será possível com um plano de luta unificado com os indígenas articulados com greves gerais.

A classe trabalhadora entrando cena nas ruas ao lado mais oprimidos combinada a paralisação de setores estratégicos da produção é a única força capaz de mudar o cenário atual, derrubando todos os ataques, Bolsonaro, Mourão e os militares. Para além de ser a única força capaz de conquistar justiça a cada vida indígena arrancada pelo latifúndio racista, pelo agronegócio, ruralistas e grileiros. E mais, é capaz também de conquistar a demarcação definitiva de cada terra indígena, inclusive, defendendo o direito desses povos que sofrem historicamente à sua autodeterminação e a revogação de todos os ataques.

Nesse sentido, nós do Esquerda Diário e MRT, defendemos uma assembleia constituinte livre e soberana imposta através da nossa mobilização, que permitiria revogar todos os ataques, reformas e privatizações, a partir da dissolução das instituições apodrecidas desse regime como o STF, dos juízes eleitos por ninguém e que ditam os rumos do país, e o Congresso Nacional, assegurador de todos os ataques de Bolsonaro e Mourão, assim o povo decidiria os rumos do país. Uma assembleia desse tipo também aceleraria a experiência da classe trabalhadora com a democracia burguesa, logo aceleraria o choque de interesses de cada classe. Nós, revolucionários, defenderemos que a organização dos trabalhadores sejam as bases para que avancemos para um governo de trabalhadores em ruptura com o capitalismo.

Neste 7 de setembro, vem com o Esquerda Diário lutar contra Bolsonaro e os ataques




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