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GREVE DOS PETROLEIROS | Petrobras promete adiar desconto de dias para tentar acabar com a greve

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

terça-feira 17 de novembro de 2015 | 19:31

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Manifestação no aeroporto de Vitória

No décimo oitavo dia de greve duas das três bases sindicais da Federação Única dos Petroleiros que ainda seguem em greve após rejeitar o acordo desta federação governista com a Petrobras enfrentarão duras assembleias para decidir sobre a manutenção ou não da greve.

As assembleias do Espírito Santo e de Betim-MG se forem favoráveis ao encerramento da greve colocarão maior pressão sobre os petroleiros do Norte Fluminense que seguem em greve e sem data de assembleia marcada. Além destes três locais onde a FUP ainda não conseguiu impor o fim do movimento, a greve permanece nas bases dos 5 sindicatos da Federação Nacional dos Petroleiros.
Para terminar com a greve amanhã a FUP contará não só com o medo que a divisão da categoria criou em muitos petroleiros, divisão esta que foi produto da ação da própria FUP, bem como poderá contar com a ajuda de gerências da Petrobras para colocar fura-greves nas assembléias e de uma nova proposta da empresa que promete novas conversas mas nada novo efetivamente no que tange as principais reivindicações do momento: abono dos dias parados e garantia de não punição dos grevistas.

Na tarde desta terça-feira a Petrobras emitiu novo comunicado à FUP propondo estabelecer conversas sobre os dias parados e efetuar os descontos somente a partir de janeiro de 2016. Na mesma carta que pode ser vista abaixo a empresa reitera que “negociará” eventuais sanções.

Estas promessas da empresa não garantem as reivindicações e, todos petroleiros sabem duas coisas a muitos anos ou ao menos desde os últimos meses e desta greve. Primeiro, a Petrobras pune quem ela quiser quando ela quiser e sem negociar. Foi assim com mais de vinte trabalhadores do TECAB na paralisação de 24 de Julho e com todos os grevistas do país que tiveram seu dia descontado e registrado em currículo como “falta não justificada”. Segundo, nenhuma destas punições foi alvo de qualquer medida pela FUP. Não há porque confiar agora que a FUP vá defender trabalhadores de punições justamente quando ela tanto se esforçou para sair de uma greve sem deixar esta garantia.

A resposta da empresa veio após carta protocolar da FUP exortando a direção da empresa a reconsiderar a questão das punições e do desconto dos dias. A carta era tão protocolar e feita exclusivamente para a direção da federação mostrar “serviço” nas bases onde ela havia sido derrotada e a greve seguia que a carta da federação da empresa sequer exigia uma negociação. Veja abaixo a carta.

As unidades que seguem em luta, especialmente o Espírito Santo e Norte Fluminense concentram uma grande quantidade de “jovens petroleiros”, aqueles com menos de dez anos de empresa e menos de quarenta anos de idade. Não à toa a greve seguiu nestes locais e mesmo nesta terça-feira, passados 18 dias e isolados pela direção da FUP ocorreram importante trancaços em aeroportos e unidades destes sindciatos.

As unidades operacionais de norte a sul do país, em particular as de “exploração e produção” (plataformas) concentram esta “juventude petroleira” pois nelas se concentrou todo investimento e expansão da empresa nos anos “lulistas”. O protagonismo desta geração de trabalhadores na greve foi marcante e esta geração começa a questionar o plano de privatização de Dilma para a Petrobras e sobretudo o papel da direção sindical atrelada ao governo, a FUP marcam o elemento mais novo desta greve histórica.

Outro elemento marcante desta greve foi o espírito de unidade nacional e não deixar nenhum setor para trás, entusiasmando várias assembleias a desafiar a FUP e se manter em greve, como aconteceu por alguns dias no Ceará e em Duque de Caxias. Seguramente esta vontade e defesa da unidade com o Norte Fluminense e sindicatos da FNP pesará nas assembleias de amanhã de Minas Gerais e Espírito Santo. Também pesará infelizmente o medo criado pela divisão da categoria graças à política deliberada da FUP.

Nestas dificeis assembleias pode-se começar a traçar os momentos finais da batalha atual mas a experiência desta nova geração de petroleiros, junto a companheiros “veteranos” de 1995 que não se tornaram pelegos vinte anos depois marcará os novos passos desta importante categoria. Os novos passos já partirão da rica experiência de luta contra a intransigência da Petrobras e o abandono de petroleiros em greve por parte da FUP.




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