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EDITORIAL | PepsiCo, a resistência e os desafios da esquerda

Editorial da edição 657 do ’La Izquierda Diario’ impresso, quinzenal, do Partido de Trabajadores Socialistas.

quinta-feira 20 de julho de 2017 | Edição do dia

O número de pessoas que vivem nas ruas em Buenos Aires cresceu 20%. A cara mais brutal da crise na cidade mais rica do país. A metade das crianças de Buenos Aires são pobres. A desocupação no entorno chega a 12%, sem contar os desabrigados. O desemprego se converteu no principal problema para os jovens segundo mostram diversas pesquisas

Os empresários pretendem descarregar a crise capitalista ainda mais sobre os trabalhadores. Por isso, armam uma reforma trabalhista que significa diminuir os gastos a troca de rifar direitos e conquistas dos trabalhadores. É o que acaba de acontecer no Brasil onde o golpista Temer conseguiu aprovar uma nefasta lei anti-operária que quer retroceder a legislação trabalhista até o século 19. Eles são o atraso!

Em nosso país, o governo de Macri pretende fazer o mesmo. A imprensa diz que o projeto deve ser arquivado diante do repúdio generalizado ao fechamento e às demissões na PepsiCo. Mas esse é o plano. Flexibilizar ainda mais o trabalho. Diego Vignatti, presidente da Nissan, "admitiu que sem o acordo de flexibilidade com Smata (aliança automotiva) a inversão poderia ficar em risco. O Brasil aprovou recentemente uma reforma trabalhista que vai dar mais competitividade à indústria". E algo semelhante disse Miguel Acevedo, presidente da UIA (União Industrial Argentina): "Os custos do trabalho são muito elevados, também os conflitos, devemos avançar nisso". (La Nación 18/7)

O caso PepsiCo

Esta edição de La Izquierda Diário está dedicada a esses operários e operárias de PepsiCo que se colocaram contra o fechamento da fábrica e em defesa dos seus postos de trabalho. Aos que enfrentaram a repressão da Polícia Civil de Vidal e da Polícia de Macri. A PepsiCo é a segunda maior empresa alimentícia do mundo, ganhou milhares de milhões de dólares no ano passado. E decidiu fechar sua planta da Flórida. Isso é ilegal. Em nosso país a legislação diz que não se pode fechar uma planta e demitir massivamente salvo que haja falência, o que não é o caso.

Depois do brutal despejo aos olhos de todos, a justiça deu razão aos trabalhadores. A câmara trabalhista na medida cautelar que ordena a reinstalação diz: não se pode fechar a planta nem suspender os trabalhadores até que não esteja finalizado o Procedimento Preventivo de Crises (PPC). A empresa reconhece nos meios que fechou a planta o 20 de Junho e que PPC finalizou em 6 de Julho. Isso se chama Lock Out, ou seja, paralisação patronal, algo que está proibido pela legislação argentina. Os trabalhadores têm solicitado que se condene a PepsiCo por este delito.

A burocracia Sindical

Dear e sua lista Verde, no plenário de STIA, decidiram dar as costas para os trabalhadores e avançar no fechamento e demissão de todos, já que nem um só operário manteve seu trabalho. Não houveram "demissões voluntárias”, houve extorsão para que aceitem o dobro de indenização. Durante um ano e meio tinham somente contratado 6 trabalhadores. A PepsiCo fecha para terminar com uma organização de seus trabalhadores que lhe havia posto limites à exploração. Assim, contam suas protagonistas nessas páginas.

Rodolfo Daer mostrou sua traição de forma aberta, sem dúvidas. E como bom adulador, saiu dizendo que os responsáveis eram os delegados da Comissão Interna, da opositora Agrupação Bordó, repetindo os mesmo argumentos da ministra de Segurança que disse “onde está a esquerda quando fecharam fábricas como Lear ou Kraft?”. Isto é falso, já que ambas as fábricas seguem funcionando. Porém é interessante nos atentar a isto. Na Lear dirigia a Comissão Interna uma agrupação opositora e combativa, a Celeste, que se negou a firmar um acordo com a multinacional Yanque e o SMATA de Pignanalli que consistia que os novos funcionários contratados teriam um salário 30% inferior ao resto. Isto é o mesmo que o corrupto parlamento brasileiro acaba de aprovar. E despediram a todo um turno completo para quebrar a luta.

Na Kraft, em 2009, houve mais de 150 despedidos pela represália patronal à reivindicação de medidas contra a gripe A que se estendia no país. Uma dura greve permitiu reincorporar uma parte dessas demissões ilegais, porém a assinatura da maioria da Comissão Interna em uma ata infame deixou os melhores da vanguarda na rua. Somente um delegado se negou a assinar, e foi Javier “Poke” Hermosilla, da Bordó. Semanas depois uma nova Comissão Interna encabeçada por Poke ganhou as eleições da fábrica. E dali em diante se acabaram as demissões discriminatórias. A esquerda combativa está representada pelos companheiros da Bordó da categoria de Gráficos (Donnelley, Wordlcolor) ou de Alimentação, como Stani, PepsiCo e Kraft, que resistem aos ataques e se enfrentam ao fechamento e demissões, como antes mostro Zanon e as outras três cerâmicas de Neuquén. O fechamento de AGR Clarín é parte desse plano de ir para cima dos lutadores para que se avance a flexibilização trabalhista.

Onde está a burocracia existem demitidos e nada permanece inteiro. Desde que Macri assumiu foram 200.000 demissões e foram fechadas mais de 200 empresas, e somente se fez visível ou se transforma em conflito onde está a esquerda. Porém a crise chegou para ficar. Por isso fechou Hutchinson, Banghó, Sancor e agora Atucha II, que tem tomado transcedência porque seus trabalhadores saíram a lutar, mesmo não tendo a esquerda na frente.

A resistência

As leoas de PepsiCo, como já são chamadas as mulheres trabalhadoras, junto aos homens, têm mostrado que se pode enfrentam as patronais e seu governo. Que se o sindicato tivesse parado em seu apoio a planta não teria fechado. O mesmo vale para a CGT e as CTA que seguem a trégua. A corrente federal pretendia fazer uma marcha para 7 de agosto, San Cayetano, e Cristina Kirchner lhes pediu que a suspendam e que, se quiserem, que rezem. Não é rezando nem com orações que se parará o ataque liberal que as grandes patronais e o governo está implementando. E nem será votando na unidade cidadã, Massa ou Randazzo, ao que o traidor Daer chama a apoiar.

Todos eles aprovaram as 83 leis de Macri, incluindo pagar aos abutres e o orçamento. Não. O caminho nos mostram os operários e operárias da PepsiCo, com um luta exemplar que tem recebido uma grande solidariedade. Assim entendemos no PTS desde o princípio, e por isso temos sido a corrente que se jogou com tudo e colocou o corpo junto aos trabalhadores demitidos. Inclusive no dia da repressão, a presença de Myriam Bregman, Nicolás Del Caño e Christian Castillo, do PTS - Frente de Esquerda foi ressaltada por toda a imprensa.

A tarefa do momento é construir uma grande força de esquerda que esteja inserida e organizada em centenas de fábricas, bairros, empresas, escolas e faculdades, que possa impor uma frente única aos dirigentes dos grandes sindicatos. Para resistir aos ataques e para preparar a ofensiva sobre os empresários e os que governam para eles.

O PTS na Frente de Esquerda e dos Trabalhadores luta por essa perspectiva, e a campanha eleitoral em curso deve servir para fazer conhecidas as ideias socialistas e as mulheres e homens que as defendem nessa cova de ladrões que são os parlamentos burgueses.

A luta é nas ruas, porém se conquistarmos mais deputados operários será a expressão que existe um setor de trabalhadores e jovens em nosso país que deixam de confiar nos candidatos do regime e, por sua vez, isso dará reforço às lutas que estão por vir. Para eles nos dirigimos.

Organize-se para apoiar os trabalhadores da PepsiCo, para enfrentar as demissões e fechamentos e ajudar-nos a difundir as ideias da Frente de Esquerda, que emplacam Nicolás Del Caño e Myriam Bregman e centenas de candidatos em todo o país.




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