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EDUCAÇÃO | Pedro Fernandes deixa rede estadual sem máscaras, mas quer comprar uniformes para escolas militares

quinta-feira 30 de julho de 2020 | Edição do dia

Em sua cruzada contra os professores para voltar às aulas em condições precárias, Pedro Fernandes diz ser incapaz de garantir máscaras para todos funcionários e alunos. Em compensação, para agradar a base bolsonarista que elegeu Witzel, o Secretário da Educação do Estado do Rio de Janeiro pede a garantia de tudo o que é necessário para a implantação do modelo das escolas "cívico-militares", pedindo a compra de caros uniformes para todos alunos do modelo, em plena pandemia.

No documento da Secretaria de Planejamento e Ações Estratégicas, da SEEDUC, em que pede a compra do material, justifica o gasto com uniformes da seguinte maneira:

"Para que o projeto ganhe efetiva forma, e os objetivos sejam alcançados em sua plenitude pedagógica, o modelo proposto evidencia como imprescindível o uso do uniforme, pois, este representa a unicidade, e fomenta o modelo em si, agregando, ainda, valor a disciplina, sendo esta diretriz fundamental da proposta."

E o que são os uniformes? Segundo outro documento, da Coordenadoria de Implantação e Acompanhamento da Escola Vocacional Militar, trataria-se de:

Calça Social (2 pares), Cinto Social, Gorro com pala, Bermuda, Tênis de Educação Física, Sapato Social Feminino (Tipo Boneca [?]) Sapato Social Masculino,
Camiseta Escolar Polo e Camiseta Escolar T-shirt, Saia social e meias para educação física, social etc.

O documento traz até as fotos do material à ser comprado:

Veja a lista de compras no documento abaixo:

Quer dizer, mais importante do que a segurança dos estudantes durante a pandemia, ou mesmo, mais importante do que a própria proposta pedagógica, para a SEEDUC, o que importa é a "disciplina" e a "unicidade". Estes dois valores tão presentes na ideologia militarista que só aceita um pensamento - o pensamento do superior - a SEEDUC entende que se materializa no uniforme. O documento não somente mostra que a prioridade de Pedro Fernandes na pandemia não é a saúde os alunos, como ainda revela bastante sobre o "Projeto Pedagógico" das escolas militares. Veja o documento na íntegra abaixo:

Pedro Fernandes quer volta às aulas sem condições básicas nas escolas, e ainda reverte a verba da educação para atender aos interesses da base que elegeu Witzel acreditando ser ele um forte aliado de Bolsonaro. Na corda bamba do impeachment, e sem apoio dos parlamentares bolsonaristas na Alerj, a estratégia de Pedro Fernandes na Secretaria de Educação é claramente uma tentativa de agradar os eleitores de Bolsonaro, com o projeto que Witzel prometeu nas eleições, de implantar escolas militares.

Com isso, enquanto não dá sequer garantias de que haverá máscaras para todo mundo, ordena o pedido de compra de materiais para 12 escolas "Cívico-Militares", como afirma o documento da Secretaria, objetivando garantir uniformes das crianças e adolescentes que vão à estas escolas. Pedro Fernandes, no entanto, não perguntou nem aos alunos nem aos funcionários destas escolas, e nem aos pais destas crianças, se prefeririam as botas e os gorros de militar, ou as máscaras para os alunos da rede pública.

Quem deve decidir quais são as prioridades para os recursos da educação nesta pandemia são as comunidades escolares organizadas em conselhos escolares democraticamente eleitos em assembleias. É preciso não apenas lutar contra o retorno precipitado as aulas que colocará em risco milhões de pessoas, jovens e adultos, mas também por quarentena para todos os serviços não essenciais, auxílio emergencial no R$2.000,00 (média salarial antes da pandemia), EPIs adequados para os trabalhadores de serviços essenciais e testagem em massa da população. Por isso é preciso batalhar por uma organização que permita uma saída independente dos trabalhadores, para além de apenas repudiar ou endossar as politicas de oportunistas que apenas querem mostrar que podem gerir a crise capitalista para a burguesia.




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